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          A sua cara era indecifrável. 

          Em seus vinte anos de vida, nunca imaginou que tirariam o seu direito de mileide para torná-la uma escrava do mais baixo nível. 

- O-o quê? - mal conseguia manter a firmeza em sua voz. Tudo aquilo se tratava de um ultraje.

- Quero que seja a minha escrava discípula. - repetiu sem muito custo, mantendo sua cara entediada.

- Por acaso és uma criança para necessitar deste tipo de empregados? Como eu, irei segui-lo por aí, sabendo que todos lá fora me odeiam e me querem mal por causa do que o meu pai fez!? - sua risada sarcástica ecoou pelo quarto, mas Hvitserk não parecia nada interessado em seu pequeno drama.

O jovem, ao lembrar que não se alimentou direito ontem, resolveu que iria procurar por algo comestível entre a enorme bagunça que estava seu lugar. Lembrou de como tudo estava quando voltou de viagem, mas sua briga com Björn não havia destruído apenas o seu corpo, como também algumas coisas em seu lar.

- Sei que parece estranho.. - mexeu em algum lugar, não encontrando nada alem de poeira e temperos jogados pelos lugares. Seu estômago estava roncando. - Mas não sei se encontrará lugar mais seguro do que ao meu lado, - completou - Além do mais.. gosto da tua companhia. 

          Alícia não sabia dizer se aquilo era mais uma de suas brincadeiras ou não, muito embora o garoto usasse de seu tom sério, provando que estava sendo sincero. Era tudo uma grande piada, e o pior de tudo era que não teria como ela recusar. 

          Depois de minutos em auto-relutância, a princesa finalmente tomou sua decisão, e após isso, não teria volta. Hvitserk teria de cumprir o que prometeu.

- Obrigada por me permitir servi-li, senhor... - a menina puxou a barra de seu vestido e dobrou os seus joelhos levemente, fazendo reverência ao seu mais novo dono. Estava de fato rebaixando-se, muito embora tivesse a certeza de que nenhuma humilhação seria suficiente para fazê-la desistir do que queria, e isso era, mais do que tudo, voltar para o seu lar. 

        E como de costume, Hvitserk se encontrava mais uma vez surpreendido com a destreza da garota, que era capaz de fazer o que fosse para conseguir o que desejasse. Ele a via como uma deusa, forte e sagaz , sem medo dele e nem vergonha, mesmo que também visse que ela não era muito diferente da de todos os outros cristãos medrosos, que entregavam qualquer coisa em troca de suas malditas vidas.

          Alícia voltou a sua posição normal, sem saber muito o que fazer a partir deste ponto. Sempre fora uma princesa, e por isso nunca teve muito interesse em saber sobre as funções de seus funcionários. Era óbvia a sua inexperiência, mas Hvitserk ainda não sabia disso, já que vira a moça cuidar tão bem de si quando machucado, e sua cavalgada quando tentara fugir fora excepcional. 

- O que faço agora? - balbuciou Alícia sem muita voz, tornando a olhar para o chão, baixando sua cabeça em sinal de submissão.  Hvitserk, sem dizer nada, apenas apontou para um baú em um canto de seu quarto, era onde o rapaz guardava suas roupas e seus pertences mais valiosos. 

          A menina seguiu seu dedo com os olhos, notando algo que lhe despertou atenção, um vestido, de cor azul claro e barra branca estava em cima do baú. Só assim Alícia pôde perceber que as roupas que estavam em seu corpo, agora já não passavam de trapos, seu vestido estava sujo e rasgado, pois já se havia passado vários dias desde a casa de Floki, até a noite passada quando dormiu ao relento, presa no celeiro dos cavalos.

           Haviam acontecido tantas coisas, no entanto, nada parecia normal para a garota. Ela, agora admirando o tecido de seu mais novo vestido, pensava em como a sua vida havia mudado e em como deveria encarar este desafio. Sabia que Hvitserk não a queria mal, embora não entendesse muito bem porque o rapaz a trouxe para seu reino, e ela não o via como um homem ruim, não importando o quão insolente fosse. 

- O vestido é para vestires, não para para admirar.. deixe-me faze-lo quando estiver em teu corpo. 

          Insolente outra vez, pensou Alícia.

- Onde posso me limpar? - a menina resolveu ignorar as palavras indecorosas do capaz, passando por ele com sua roupa limpa em mãos. 

- Há uma pequena lagoa não muito longe, onde geralmente pego a água que preciso. Vamos, também preciso me limpar. - o jovem, mesmo ainda sem ter se alimentado, apenas seguiu a garota até a saída de sua casa, e então os dois passaram a caminhar lado à lado. - Aprendes o caminho, para vires quando eu não estiver ao teu encalço. 

- Como é que sabes que não vou fugir como da ultima vez? - Alícia relembrou da vez que fugiu de Hvitserk em um cavalo, mas acabou perdida e capturada no meio da floresta. 

- Por que agora sabes como todos te veem, sei que não te vais tornar a fugir. - completou simples. Era bem verdade que metade da população da ilha queriam matá-la, ela não arriscaria fugir de Hvitserk, logo agora que tem um desejo que ele terá de cumprir a ela. 

          Após algum tempo em caminhada, a garota pôde contemplar a visão de uma lagoa secreta. Estava tão calma e o seu reflexo era de uma floresta fechada atrás de si, parecendo um espelho. O garoto por sua vez, admirava o pequeno sorriso que preencheu o rosto da menina, dendo certeza de que já estava apaixonado pela sua nova expressão. Ela era maravilhosamente linda. 

          Alícia aproximou-se o máximo que pôde, abaixando-se bem na margem da lagoa para conseguir usar a água para se lavar. Fazia muito tempo desde a ultima vez que banhou-se livremente, muito embora não o pudesse fazer agora, já que havia um rapaz estritamente obsceno a olhá-la, mas aproveitaria ali muito em breve.

          Hvitserk lavou apenas o rosto e pescoço, o mais rápido e bagunceiro possível, fazendo com que alguns respingos molhassem sua garota, no entanto, a menina decidiu revidar, jogando um forte jato feito com suas mãos, molhando assim a camiseta do rapaz, fazendo ambos rirem. 

          Naquele momento, Alícia não sentiu tristeza, muito menos medo. Ela era como um potinho vazio, que estava começando a encher-se de esperança outra vez. 

        Dois jovens, sentados à margem da lagoa, sorrindo timidamente em um silêncio amistoso. 

- Acho que deveríamos voltar - Alícia observava o céu em tons de laranja e azul, e o sol  dando adeus, para que uma lua cheia tomasse o seu lugar, neste momento ela só conseguia pensar em como a natureza havia presenteado aos dois  com aquele espetáculo. O garoto levantou-se primeiro, estendendo sua mão em seguida, logo, ambos estavam de pé, e, obviamente de mãos dadas. 

          Alícia pensou em puxar sua mão, mas o rapaz começou a andar no mesmo instante, levando consigo o seu corpo menor. Ambos em silêncio, já que não tinham nada para falar um para o outro. A menina se viu confusa sobre os motivos de Hvitserk a querer tão perto, mas logo chegou a conclusão de que ela pouco sabia sobre as culturas vikings, e preferiu acreditar que eram apenas os seus costumes. Já o rapaz, rezara a Freya, deusa do amor, que fizesse Alícia ver como o rapaz se sentia. 



  ( Qualquer erro ortográfico será reparado)    

Heey!! Voltei o mais rápido que pude para presentear vocês com a "nova" fase desta história!! Eu não sei explicar muito bem como acontece (talvez porque eu ache que só faça sentido na minha cabeça rsrs), mas com os próximos capítulos, todos vocês iram entender. Eu achei essa parte um amorzinho ksks. Não tive tempo para revisar este capítulo, então peço que perdoem meus erros, em breve eu os corrigirei rsrs

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