- Bom dia senhoritas - ele disse, Maxon correu os olhos para todas as garotas, parecia estar procurando alguém. Até que seus olhos pararam em mim, ele colocou dois dedos na testa e acenou para mim, eu fiz o mesmo. Ninguém percebeu, fiquei aliviada, as meninas estavam ocupadas demais se endireitando, tirando o cabelo do rosto, e algumas ajeitaram o vestido.
- Majestade - disse Silvia, com uma breve reverência.
- Olá Silvia. Se não se importa, gostaria de me apresentar a essas jovens.
- Absolutamente - Ela respondeu.
- Senhoritas, se não lhes incomodar, chamarei cada uma de vocês para me conhecer individualmente. Estou certo de que estão com fome, assim como eu, de modo que não tomarei muito do seu tempo. Por favor, perdoem-me se demorar para gravar seus nomes. É que há muitas de vocês.
Houve uma explosão de risadas. Rapidamente, ele se dirigiu à garota na ponta direita da primeira fileira e a acompanhou até os sofás os dois conversaram por alguns minutos e se levantaram. Ele se inclinou diante dela, que devolveu a reverência. Ela voltou para sua mesa e falou com a garota ao lado, então o processo se repetiu. As conversas duravam poucos cinco minutos e as vozes saíam abafadas. Ele queria conhecer as meninas em menos de cinco minutos.
- O que será que ele quer saber? - Marlee perguntou.
- Talvez a lista de atores que você acha mais bonito. Faça uma lista mental agora - susurrei de volta, Marlee riu baixo.
Marlee corou como um pimentão quando foi sua vez de ir até o Príncipe e voltou radiante. Ashley ajustou o vestido diversas vezes, num tique nervoso.
Eu estava começando a suar quando ela voltou, o que significava que era minha vez. Respirei fundo e me preparei. Ia pedir um favor enorme.
Ele se levantou para ler meu broche conforme eu me aproximava:
- Mertiniss, certo? - Ele perguntou com um sorriso brincalhão.
- Sim, sou eu. E você? É Martim? - Eu disse, pensando se era má ideia começar com uma piada, mas Maxon riu e me pediu que sentasse.
Ele se inclinou para frente e perguntou:
- Você dormiu bem, minha querida?
Não sei a expressão que fiz quando ele me tratou assim, mas os olhos dele brilharam de entusiasmo.
- Ainda não sou sua querida - rebati, com um sorriso - Mas dormi. Minhas criadas precisaram fazer muito barulho para eu acordar.
Ele sorriu.
- Mil desculpas por ter sido grossa, e por ter tentando fugir, não posso culpá-lo. Não é sua culpa que eu tenha me metido nisso tudo, você foi muito gentil comigo naquele momento, enquanto eu fui, péssima. Poderia ter me expulsado ontem mesmo, mas não o fez. Obrigada.
O olhar de Maxon parecia terno. O que me incomodou um pouco, mas era óbvio que aquele olhar era comum a ele. O Príncipe abaixou a cabeça por um instante. Quando me olhou de novo, pôs os cotovelos nos joelhos e apoiou o queixo nas mãos, como se quisesse me fazer entender a importância do que estava por vir.
- Mertiniss, você tem sido muito sincera comigo até agora. É uma qualidade que admiro profundamente. Vou pedir-lhe que responda uma pergunta, se não for um incômodo.
Concordei com a cabeça, um pouco receosa do que ele podia querer saber.
- Você diz que está aqui por engano. Isso me faz supor que não quer ficar. Há alguma possibilidade de nutrir qualquer sentimento amoroso por mim?
Não queria magoá-lo, mas também não podia enrolar.
- Vossa majestade é muito gentil, atencioso e atraente.
Ele sorriu ao ouvir essas palavras. Continuei firme.
- Mas tenho motivos muito pertinentes para achar que não.
- Poderia explicá-los? - sua voz parecia de decepção causada por minha rejeição imediata. Imaginei que ele não estava acostumado a isso.
Eu não quero falar dos motivos, mas não consegui pensar em outro modo de fazê-lo entender. Abaixando ainda mais a voz, contei a verdade:
- Meu coração está em outro lugar.
Senti meus olhos marejarem.
- Por favor, não chore! - sua voz baixa estava cheia de preocupação. - Nunca sei o que fazer quando as mulheres choram!
Isso me fez rir, e as lágrimas bateram em retirada.
Era impossível não notar a sensação de alívio no rosto dele.
- Você quer que eu lhe deixe voltar para seu amado hoje? - Ele perguntou.
Era evidente que minha preferência por outro o incomodava, mas em vez de escolher o ódio, ele demonstrou compaixão. Esse gesto era admirável.
- Esse é o problema, não quero ir para casa.
- Mesmo?
O Príncipe pareceu meio perdido, o que me fez rir.
- Preciso ficar aqui, minha família precisa de mim aqui. Mesmo que me deixasse ficar apenas uma semana, já seria uma dádiva para eles.
- Você quer dizer que precisa do dinheiro?
- Sim.
Senti-me mal por admitir. Talvez tivesse dado a impressão de que o estava usando. Na verdade, acho que estava mesmo. Mas prossegui:
- Também há certas pessoas na minha província, que eu não aguentaria ver no momento.
Maxon assentiu, mas não disse nada.
Hesitei. Pensei que o pior que podia acontecer seria mesmo ir embora. Então continuei:
- Se me permitir ficar, mesmo que por pouco tempo, podemos fazer um trato - propus.
Ele arregalou os olhos:
- Um trato?
- Se me deixar ficar posso ajudá-lo, não sei, posso ser sua, um... parceira de seleção? Veja você fica ocupado o dia inteiro ajudando a administrar o país, e agora tem que encontrar tempo para escolher uma entre trinta e cinco garotas, ou melhor, trinta e quatro garotas. É muito, não acha?
Ele concordou.
- Poderia ser sua Parceira de Seleção, tipo uma amiga.
- Uma amiga? - Ele perguntou.
- Sim. Se me deixar ficar, posso ser Parceira de Seleção e amiga.
Ele sorriu.
- Não precisa se incomodar em correr atrás de mim. Já sabe que não sinto nada por você. Mas pode falar comigo a qualquer momento tentarei ajudar. Ontem à noite você disse que estava em busca de uma confidente. Posso ser essa pessoa enquanto não encontrar a definitiva. Se quiser...
Seu rosto demonstrava um afeto contido.
- Conheci quase todas as garotas deste salão e não penso em outra que seria uma amiga e parceira de seleção melhor que a senhorita. Será um prazer deixá-la ficar.
Senti um alívio impossível de descrever.
- Você acha - perguntou Maxon - que eu ainda posso chamá-la de "minha querida"?
- Nem pensar. - cochichei.
- Continuarei tentando. Não costumo desistir - garantiu, e acreditei em suas palavras. Ia ser muito chato se ele continuasse com aquela história.
- Você chamou todas de "minha querida"? - perguntei, voltando o rosto para o resto do salão.
- Sim, e todas parecem ter gostado.
- É exatamente por isso que eu não gostei.
Eu me levantei. Maxon ainda ria quando deixou seu sofá. Normalmente eu faria cara feia, mas era até divertido. Ele fez uma reverência. Eu a devolvi e voltei ao meu lugar.
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A Seleção Voraz
FanficMertiniss, uma garota normal, com uma vida simples, sem muito luxo e privilégios, achava que sua vida só se basearia nisso, casava e teria filhos, mas tudo mudou, quando o rei Snow, decidiu, formar uma Seleção Voraz, para apaziguar as coisas entre a...