Em busca dos anjos

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   Lembro do meu último dia de vida. Foi tudo muito rápido. Era cinco da manhã e eu comecei a passar mal, muito mal por sinal. Meus pais me pegaram e saíram as pressas comigo para o hospital. Logo que eu cheguei eu fui levada rapidamente a sala de cirurgia, mas...não tinha mais jeito.

    Não puderam fazer nada, por que meu corpo já estava morrendo. Fiquei na UTI por muitas horas e lá conheci uma criança. Um garotinho na verdade. Seu nome era Enzo e ele tem seis anos. Ele era aquele tipo de criança que você pode conversar o dia inteiro e ainda terá assunto. Tenho pena dele, pois com seis anos ele já sofre de câncer no fígado. Seu estado era estável até então, o que me deixou mais tranquila.
      Não queria falar da minha triste vida com ele, mas infelizmente ele perguntou: "E o que você tem?"
  Eu não queria dizer nada a ele, então a única coisa que disse foi: "não se preocupe com isso, logo sairei daqui." E ele sorriu. Eu já sabia que naquele dia eu deixaria tudo para trás e iria embora. Eu já não sentia nada da cintura para baixo e mal conseguia falar. Mas...o sorriso daquele garotinho fez meu dia valer a pena.
    Depois de algumas horas conversando, ele me disse que também gostaria de sair dali e voltar para casa. Mas mal sabia ele que não era pra casa que eu ia voltar.
   Lá pelas seis da tarde eu voltei pro quarto e de lembrança dei para o garoto a minha pulseira favorita. Logo depois eu morri.
    Espero poder ver esse menino um dia, mas não logo, e sim daqui a muitos anos e então dizer: Você foi um vencedor! Mas não sei se as coisas serão assim.
   
    Espero que minha mãe tenha encontrado o meu diário de hospital que eu tinha. Nele eu anotava tudo que acontecia no hospital. Espero que ela leia e guarde para um dia um de meus futuros sobrinhos ler e ficar feliz por saber que eu sai do sofrimento e vim para um lugar melhor.