Stalker

Laura

FOTO DE LAURA ACIMA

     Meu despertador tocava freneticamente, marcando 6:10 da manhã, hora que eu deveria acordar para chegar a tempo no cursinnho, o qual comecei esse ano, pois estou tentando passar em medicina. Meu plano é estudar  na USP  e, consequentemente, me mudar para a capital, mas, enquanto isso ainda não acontece, tenho que continuar a morar com meus pais em Sorocaba.

__ Merda!__ Murmurei ainda sonolenta, tentando desligar meu despertador. Com muito pesar, me levantei e tomei    um banho, afinal não é dormindo que eu vou para São Paulo.

__ Bom dia!__ Ouvi minha mãe dizer assim que desci para cozinha.

__ Bom dia mãe!__ Respondi a ela e me sentei a mesa.

__ Beba um café pra você ganhar energia e aguentar o resto da sua primeira semana de cursinho! __ Minha mãe falou empolgada. Era incrível como ela se empolgava com tudo. Eu sorri para ela e peguei a xícara de café.

__ Cada dia que passa eu estou mais perto da USP, pode acreditar!__ Falei mais animada depois que tomei café.

__ Minha filhinha médica. Que orgulho!__ Eu e minha mãe rimos. __ Aah, Laura! Esqueci de te falar O vizinho novo vai se mudar hoje, ouvi dizer que ele é lindo.

__ Mãe!__ Fiz uma voz de repreensão. __ A senhora já é casada.__ Minha mãe riu.

__ Laura Alencar, me respeita!__ Rimos. __ O novo vizinho é jovem. Está bom pra te ajudar a desencalhar.

__ Eu já tenho os meus rolos, mãe.__ Brinquei com minha mãe e me direcionei para fora de casa, o cursinho é perto, posso ir andando.

__ É né! __ Ouvi minha máe gritar. Ri com aquilo.

__ Tchau mãe, bom trabalho! __ Gritei de volta e saí de casa. Minha mãe,Helena, é médica em uma clínica de Sorocaba, enquanto meu pai, Marcos, é engenheiro elétrico de uma empresa numa cidade próxima à nossa. Ele sai de casa muito cedo, por isso não o vejo de manhã.

 Quando fechei o portão da minha casa, eu vi um caminhão de mudanças estacionado na casa ao lado. 

Deve ser do vizinho que minha mãe falou.   Conclui em pensamento.

__ Desçam essa caixa com cuidado, por favor!__ Uma voz rouca me chamou a atenção, segui com os olhos em direção da voz .Meu Santo Antônio! Minha mãe não estava brincando!

A voz pertencia a um garoto, aparentemente com uns 20 anos, alto, corpo um pouco musculoso, cabelos espessos na cor castanho claro e belos olhos, cujos azuis brilhavam sob a luz do sol.

__ Você deve ser a filha do casal que mora ali do lado, certo? Os antigos moradores falaram muito bem de você! __ O garoto exibiu um belo sorriso pra mim, com direito a covinhas. Acho que fiquei tempo demais o encarando.

__ É- é! Eu sou a Laura, moro ao seu lado. __ Disse um pouco envergonhada. Meu novo vizinho se aproximou de mim me encarando, ainda sorrindo. Quando estava bem perto, ele estendeu a mão:

__ Eu sou o Guilherme, muito prazer! __ Eu segurei a mão dele. Guilherme é um ótimo nome!

__ Bem vindo à vizinhança! __ Falei educadamente. Guilherme ficou um tempo sem soltar a minha mão e sem deixar de me encarar e sorrir. Confesso que achei um pouco estranho.

__ Eu já estou atrasada! __ Falei e me soltei da mão dele.

__ Nos vemos depois. __ Ele falou enquanto eu ia embora. Ainda podia sentir aqueles belos olhos azuis vidrados em mim.

***

__ Laura! __ Assim que entrei dentro do cursinho, ouvi a voz da min ha melhor amiga, Flaviana, nós queremos ir para São Paulo juntas e morar no mesmo apartamento. Que a nossa senhora das nerds nos ajude.