Capitulo 1

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É desafiador pensar no poderio da mente humana, ela adora nos pregar peças, quando damos vazão à algumas coisas, elas criam vida própria e quando percebemos, a proporção do assunto ou situação já fugiu do nosso controle, tornando -se maior do que realmente é . 

Jamais subestime a capacidade que você possui de criar e recriar situações, quando algo nos incomoda, a realidade é recriada por nós,  fatos  passam a existir, somos capazes de sentir e ouvir exatamente  aquilo que queremos, mesmo sem que nada tenha de fato acontecido. 

Tudo passa a existir de uma forma tão real que acusamos, nos ferimos, mal dizemos e acreditamos cegamente no que criamos dentro de nós. Situações e palavras,  sem que absolutamente nada, tenha acontecido verdadeiramente. Isso é devastador.....

Criamos essas armadilhas mentais  por defesa, ódio, raiva, amor, desamor ou por ego. Construímos uma narrativa necessária para sustentar nossa psique. E olha, de verdade, a mente humana é um baú de possibilidades, não brinque com ela! 

É madrugada o sono parece ter me abandonado, talvez alimentado pela ansiedade que tomou conta de mim mantendo-me acordada além do necessário. O silêncio da noite reverberam as palavras que passaram a ecoar na minha cabeça, deixando-me inquieta. Passei a madrugada inteira acompanhando segundo a segundo o ponteiro do relógio que parecia mover-se em câmera lenta. O tempo havia parado diante de mim. 

O Rodrigo havia escolhido um tom  formal demais para me passar algumas simples informações, fiquei sem entender direito aquele tom? Porém respeitosamente, ouvi cada palavra dita e acabei assim, transbordando  perguntas e viajando em meus milhares de porquês.

Acredito que o pai da psicanalise tenha uma resposta coerente do porque a figura do irmão(ã) mais velho, possui o dom de nos irritar e irritar em um grau inimaginável? Eles despertar em nós sentimentos guardados nas camadas mais profundas de nós, em nosso inconsciente que jamais pensávamos existir! Perguntava-me se existia em mim tamanha paciência? Será que serei capaz de permitir que meu irmão, de certa forma, participe da minha vida tão ativamente? Uma figura que é tão distante da minha realidade? 

Não me recordo de em nenhum outro momento que isso tenha acontecido na minha relação com ele. Ao aceitar sua proposta, passarei a ser observada por ele, tendo minhas ações e atitudes de certa forma, julgadas, embasadas em sua crença superficial e equivocadamente formulada sobre mim. Mais cá entre nós, um clássico nas maioria das famílias, pois não somos próximos. Será que suportarei isso tudo? Ser analisada pelo meu irmão mais velho, a cada passo, ação ou atitude minha?

Essa ideia angustiava-me a tal ponto de me fazer perder o sono, confesso! Ser vigiada não era a minha intenção, penso que é assim para a maioria das pessoas, embora existam aquelas que curtem uma observação alheia, uma atividade perigosa. Mas não eu,  que conste nos autos ao longo dessa resenha. 

Passei horas rolando na cama de um lado para o outro, pensando em uma série de conjecturas que talvez jamais aconteceriam. Olha os caminhos sem volta que a nossa mente nos oferece. Decidi focar meus pensamentos em algo que me levasse a adormecer, então passei a contar bocas, tenho verdadeiro fetiche por elas. 

Eu ria sozinha, tudo bem vai, poderia  ser algo mais  estimulante, mas a está altura da madrugada, não havia em mim nenhum resquício imaginativo que pudesse ser diferente disso, minha mente estava repleta de vozes, sinto muito cara leitora!

Entreter-me  com algo mais instigantes deveria ser a escolha mais assertiva neste momento, porém nada surgia, em minha última tentativa fechei meus olhos, mas nada mudou, meus pensamentos  não me levavam à lugar algum, só o rosto do Rodrigo surgia diante de mim. A sua fala reaparecia feito balões, povoando  minha cabeça com porquês intermináveis. 

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