Cap. 12

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Já tinham se passado uma semana desde do acidente que deixou Jason cego. E apesar de se mostrar forte perante os outros estava sendo um inferno e frustante para ele. Sua casa estava sendo moldada aos poucos para ser mais acessível a ele. Ele nesse tempo da recente deficiência ocular não tinha saído de casa. Não faria sentido algum, o que ele iria fazer? Sem a visão era impossível fazer alguma coisa. Pelo menos para ele até agora, e isso estava o consumindo por inteiro. Estava no começo de uma depressão e todos estavam cientes disso, por isso faziam ele sentir ao máximo útil. Jason estava se fechando cada vez mais, Não falava muito e a única pessoa que ele tinha vontade de conversar era como sua filha que agora iria passar a frequentar uma escola normal, assim como qualquer criança. E isso não estava nos planos de Jason, tudo o que ele tinha feito para protegê-la tinha ido por água abaixo. Tudo estava saindo do seu controle. Não podia mais trabalhar, não podia mais dar aulas a filha, não podia fazer quase nada. Era um inválido. Isso que ele dizia a si mesmo. E estava começando a acreditar nisso. Não tinha mais vontade de nada.

- Jason. - ouviu batidas na porta. Era Celine. Ela realmente foi morar na mansão. Se sentiu no dever de fazer isso. Jason cuidou dela até acordar então ela se sentia no dever de fazer o mesmo. E não por pena, por gratidão. Afinal ele tinha feito muito a ela. Muito mais coisas do que ela sabia. Celine sabia que tinha algo mais que a fazia ir com isso, mas tratou de esconder em seu subconsciente.

- Me deixa sozinho. - Jason fala nervoso. Ele não queria Celine perto dele, não queria ela no seu pé gastando seu tempo com ele. A achava muito idiota por estar se privando da reaver sua vida de volta apenas para cuidar dele. Isso o deixava muito irritado. Ela era a segunda pessoa, além da filha que se atrevia a confrontar Jason. De entrar naquele quarto. Jason a tinha evitado desde que ela se mudou para lá. Ele se trancou em seu quarto e não tinha quem o tirasse de lá. "Pra que sair?" Pensava ele.

Ela tinha dado o espaço a ele, para se acostumar com sua nova condição, mas estava vendo que ele estava indo para um caminho que viu a própria mãe passar. A mãe de Celine tinha entrado em uma depressão profunda antes de morrer. Tinha um câncer e tinha lutado bravamente até ficar depressiva, o que agravou muito mais sua situação.

Não veria Jason entrar em uma. Depois que entra é bem difícil de sair. Precisava dar a ele um choque de realidade.

- vou entrar mesmo assim... - ela entrou e Jason logo sentiu um perfume invadir suas narinas. Já tinha sentido este cheiro antes, só que não nessa intensidade. Agora ele tinha memorizado o cheiro de Celine, que era inconfundível, era de Chocolate. Parece que ficar cego aguçou seus outros sentidos. Ele ia percebendo isso gradativamente.

- Você é idiota ou se finge de surda? - Celine sorriu da hostilidade dele. Nem ligava, sabia que ele estava apenas tentando afastá-la para não sentir pena dele, como o mesmo havia dito antes. Mas não tinha nada haver com pena, nem com gratidão. Era outra coisa que ela teimava em sufocar.

- Você já está aí ha tempo demais, não acha que já está na hora de parar de se fazer de coitadinho? Levanta dessa cama que não está paralítico. - ela o provocava apenas para fazer ele cair na real. E ela acertou em cheio, viu ele se sentar na cama e ficar vermelho de raiva. "Quem ela está pensando que é para falar daquele jeito comigo". Pensou Jason furioso.

- Caso você não saiba, ficar cego não é uma coisa fácil de se conviver. - ele fala com raiva e mirando o chão sem qualquer tipo de foco como se estivesse olhando para Celine, ele sempre imaginava o rosto das pessoas para não se esquecer de como era enxergar. E Ainda bem que ele não via o sorriso no rosto de Celine se divertindo com Jason todo nervosinho. Ele iria se torrar de raiva por ela está se divertindo com a explosão dele. - estou cego, sua idiota. Quer que eu corra pela rua feliz gritando para os quatro cantos o quão é maravilhoso ser?

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