1 mês depoisJason estava se adaptando rápido a sua nova deficiência. Seu pai enfim tinha feito o que tinha planejado. Ele fez um escritório adaptado a Jason que ainda continuava em casa, mas estava começando a se conformar com ficar cego. Já tinham feito de tudo para ele sair, mas ele tem negado. Não estava com ânimo para isso. Do que iria adiantar sair para algum lugar senão pudesse ver, o que ele faria além de ver a escuridão?
Depois daquele beijo, a relação entre ele e Celine ia amigável, mas ambos não davam o passo para algo mais. Quer dizer, Jason a instigava com um papo ali ou aqui sobre qualquer coisa para ver se ela falava algo sobre o assunto, mas até agora nada.
Jason pensou que com aquele beijo ela finalmente ia dar uma chance para recomeçarem, mas ela nem tocava no assunto do beijo, ela se esquivava.
Ele tentava, mas não era ele quem tinha que dar o passo, era Celine quem tinha.
Já tinha dado a ela todos os sinais de que queria ter algo a mais com ela do que ser apenas pai de sua filha, de que queria tê-la por completo em sua vida, mas não iria ficar no pé dela. Não era de desistir, mas ele também era orgulhoso.
Jason passou a ter aulas de Braille. E o que o surpreendeu foi que a filha também queria fazer. Leyse queria estar mais próxima com o pai. Claro que ele a deixou fazer. Já que não podia mais ensinar do jeito que ensinava a ela quando enxergava, quem sabe em um futuro próximo não poderiam fazê-lo.
Jason já andava pela casa com maestria, conseguia fazer as coisas com mais facilidade. Claro que não era umas mil maravilhas estar cego, mas estava aprendendo a conviver muito bem com isso. E as pessoas ao seu redor estavam o ajudando muito bem na sua adaptação.
Nesse momento ele estava descendo as escadas e escultou uma conversa vindo lá de baixo. Uma voz ele conhecia, era a de Celine. A outra não, era um homem.
- Não sabe no quanto estou feliz por estar bem. Quando seu irmão me comunicou que estava bem, peguei o primeiro avião para vir te ver. Da última vez que te vi você estava em coma. Você está bem mesmo, não sofreu nenhum tipo de sequela?
- Não, Jeff. Obrigada pela preocupação. Fico feliz que tenha vindo me ver, mas tenho certeza que não veio do Brasil até aqui para apenas me ver.
- Bom, em parte é. Mas eu voltaria para cá de um jeito ou de outro. Estava tirando um descanso de tudo. Eu apenas adiantei minha vinda, precisava ver com meus próprios olhos esse milagre.
- Eu queria ir a minha terra natal, desde criança que nunca fui mais lá, meu português não é muito bom... - Jason nunca tinha a visto conversar tão intimamente assim. - Mas então, vai morar por aqui novamente?
- É, depois que você me deu um fora há anos atrás eu tive repensado em minhas atitudes. Você estava certa, eu não estava bem. Essa minha obsessão por você estava acabando comigo. Tenho que dizer muito obrigado por ter me deixado. Foi a pior e melhor coisa que fez a mim.
- Fico feliz que tenha caído na real. Aquilo que tínhamos não era bom para nenhum de nós. Já estava passando dos limites com aquilo.
- Hoje eu percebo que aquilo era doença. Não tenho mais aquelas crises de antes. Mas podemos ainda ser amigos, não é?
- Claro, só não seremos nada mais que amigos, compreende isso, não é?
- Ah, é claro. - Jason sentiu decepção vindo da voz do homem. Ele continuou parado na escada, queria ver até onde aquela conversa iria. - Já tem alguém em sua vida? Quero dizer, está namorando ou algo do tipo.
- Não, mas porque quer saber? - Jason queria que ela dissese o contrário. Com certeza ele não perguntou só por perguntar. Jason tratou logo de se repreender, não tinha nada com Celine. Mas mesmo assim aquele maldito sentimento que estava a muito adormecido em Jason voltou átona. Não queria admitir, mas estava com ciúmes, e ele odiava esse sentimento.
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Inquebrável
RomanceCom a mãe de sua filha em coma, Jason tem que encarar o desafio recente de ser pai. Sendo que há mais de um ano atrás não sabia da existência da filha. Ele espera há mais de um ano respostas que somente Celine, a mãe de sua filha, pode explicar. Não...