Capítulo 4

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Capítulo 4

Exausta pelo estresse do dia e por seus esforços de conter as lágrimas, Gabriela dormiu não muito depois que o carro entrou na M23, mal registrando o movimento do veículo enquanto ele acelerava na direção da capital. O sol estranhamente quente da primavera era mantido afastado pelo ar condicionado e pelos vidros que refletiam o sol, o ronronar suave do motor do V8 apagado pelos vocal de Caleb Followill.

De tempos em tempos, Theo deixava seus olhos saírem da estrada e irem para a garota adormecida ao seu lado. Ela parecia muito jovem neste estado passivo e ele era lembrado de que ela só tinha dezessete, bem, quase dezoito anos, de fato, uma vez que celebraria sua maioridade em setembro. De qualquer forma, ele disse a se mesmo que sua reação inapropriada e, francamente, ridícula, era apenas por não tê-la visto em meses e as mudanças físicas que aconteceram durante este tempo a deixaram quase irreconhecível, quase uma estranha.

Satisfeito por ter resolvido aquele dilema em particular, ele pensou que os eventos daquele dia apenas marcavam suas falhas com relação à filha dos seus falecidos amigos, cujo cuidado lhe foi confiado, e ele estava determinado a tentar e consertar o que quer que precisasse ser consertado, mesmo que isso significasse dar se afastar um pouco do trabalho para dedicar mais tempo às suas responsabilidades pessoais.

Os pensamentos de Theo o ocuparam pela maior parte da jornada e ele ficou um tanto quanto surpreso quando notou que tinham deixado o interior e os subúrbios para trás. Enquanto ele manobrava pelo trânsito de Londres, indo para sua casa em Knightsbridge, Theo se permitiu uma certa quantidade de triunfo convencido por ter levado em consideração todos os problemas, aplicado lógica a eles e chegado ao que acreditava ser uma solução realista e aceitável para todos os envolvidos.

O trânsito finalmente começou a se dissipar um pouco, e Theodore acelerou ao longo de Knightsbridge, então para Kensington Gore, antes de diminuir a velocidade enquanto passava o Albert Hall e virava à esquerda em Jay Mews. Girando em um arco raso, Theo apertou o controle da garagem no painel, esperando por um instante enquanto via o portão subir, antes de pôr a primeira marcha e estacionar o carro ao lado de um Range Rover Sport preto. Desligando o carro, Theodore se virou para Gabriela ao mesmo tempo em que ela acordava. Ele assistiu, fascinado e completamente mesmerizado enquanto ela erguia os braços sobre a cabeça e esticava as longas pernas, parecendo um felino acordando de um cochilo delicioso. Enquanto ela colocava os braços para trás do encosto, ele encarou, enfeitiçado, quando uma longa área de pele branca, suave e cremosa, se revelou sobre os jeans de cós baixo dela.

O feitiço foi quebrado, porém, quando um brilho verde prendeu seu olhar, levando sua atenção para a barriga de Gabriela.

— Que porra é essa? — Ele exclamou, encarando seu abdome.

— O qu... — Ainda um pouco grogue, Gabriela primeiro olhou para Theo, confusa, e depois olhou para seu próprio corpo para ver o que o enfurecera. Não demorou muito para que ela percebesse o que era. Mesmo que agora tivesse abaixado os braços e puxado as pernas para cima, um fio de pele ainda era visível, junto com seu piercing no umbigo, com uma pequena peça polida de jade verde escuro.

Os olhos de Theo lentamente subiram pelo corpo de Gabriela, até chegarem no seu rosto, assistindo petrificado enquanto suas bochechas coravam num pelo tom de rosa.

— Pode explicar? — Ele perguntou, arqueando uma sobrancelha, sua voz enganadoramente calma.

Gabriela franziu a testa e desviou os olhos dele, encarando o para-brisas na parede de trás da garagem.

— É o que parece ser! — Ela explodiu, soltando o cinto de segurança e pegando a maçaneta da porta, com a intenção de se afastar da desaprovação aparentemente infinita de Theo.

Mas antes que ela pudesse sair do carro, a mão dele segurou seu pulso direito, efetivamente a impedindo de escapar.

— Não tão depressa, mocinha. Eu pedi uma explicação e você não vai sair deste carro até me dar um. — Theo falou mais duramente do que talvez quisesse, enquanto tentava mascarar sua reação inicial a este primeiro toque em sua pele desde que Gabriela era uma criança. Que porra era aquela?

A cabeça de Gabriela girou para encará-lo, sua surpresa com aquela ação clara no seu rosto. Ela olhou para longe do seu rosto e para baixo, onde seus dedos longos estavam apertados ao redor do seu pulso, completamente confusa com a sensação estranha, como a descarga de estática que as pessoas às vezes sentem quando estão tocam no metal.

Balançando a cabeça de leve para se livrar daquela noção estranha, ela levantou os olhos para encontrar o olhar de Theo de novo.

— É um piercing, okay? Que diabos quer que eu fale?

— Como o fez? Você não deveria ser capaz de fazer tatuagens ou piercings com menos de vinte e um anos! — Theo exigiu.

Gabriela riu.

— Ah, por favor, está falando sério? — Ela o encarou, genuinamente surpresa com sua inocência naquele assunto. — Se eu quiser tinta ou metal, vou fazer. E se você não acha que consigo fingir ter pelo menos dezoito anos, você é mais estúpido do que pensei.

Theo enrijeceu com suas palavras, mas então suas sobrancelhas se ergueram como se algo subitamente lhe ocorresse.

— Você tem uma tatuagem! — Ele ofegou, mais uma afirmação que uma pergunta.

Gabriela o encarou por um instante, um pequeno sorriso ameaçando se transformar em risada.

— Talvez.

Os olhos de Theo se estreitaram e seu aperto no braço dela se tornou mais forte.

— Onde? — Ele praticamente rosnou, sua voz o surpreendendo com sua rouquidão.

— Isso sou eu quem sabe e você pode descobrir. — Gabriela sorriu, se divertindo com o desconforto óbvio de Theo.

Se afastando dela, ela finalmente conseguiu soltar sua mão e sair do carro. Dando a volta por trás, ela esperou que Theo abrisse o porta-malas, o que ele fez após alguns momentos. Assim que ele se abriu. Theo saiu do carro e já estava pegando suas malas antes que ela conseguisse pegar qualquer uma das suas coisas.

— Pode deixar. — Ele resmungou, andando depressa e deixando Gabriela para fechar o porta-malas antes de segui-lo para dentro da casa.

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