Capítulo 8

198 38 6
                                    

Capítulo 8

— Então, estamos bem, Gabr... Gabi? — Theo estava de pé, a expressão no seu rosto deixando claro que sinceramente esperava que estivessem. — Posso supor que todo este comportamento mimado e para chamar atenção vai ficar para trás e que você vai começar a se dedicar de novo?

Gabi continuou a encarar seus sapatos, fechando os olhos com força enquanto ouvia Theo. Era tão claro que ele já tinha se cansado daquela conversa e agora estava pensando apenas em quão depressa podia se livrar da situação e da sua presença que, se suas palavras não doessem tanto, Gabi poderia até ter se sentido inclinada a rir do seu desconforto.

— Gabi? Estamos bem?

Firmando sua determinação, Gabi olhou para cima. Mordendo o lábio, ela respirou fundo e finalmente encontrou seu olhar.

— Tanto faz — ela entoou, dando de ombros. — Acho que sim.

Theo estreitou os olhos por um instante, com esperanças de que ela não estivesse brincando com ele, mas finalmente decidiu que não tinha tempo para questionar sua resposta e que teria que confiar nela... Confiança, afinal, era o que estava por trás disso tudo, não era?

Ele sorriu brevemente e se virou para pegar seu paletó no encosto da cadeira. Enquanto ele o vestia, seu BlackBerry vibrou na mesa e ele o pegou, olhando para a tela. Depois de um momento, ele olhou de volta para Gabi, que o estava encarando da sua cadeira.

— Isto foi Tyler, meu motorista. Ele está me esperando então preciso correr. — Ele pausou, com uma expressão pensativa no rosto. — Olha, eu sei que ainda temos coisas a discutir, a começar pelo que você vai fazer nos próximos meses, então por que não vem ao escritório mais tarde? Vou limpar minha agenda e podemos almoçar. O que acha?

Gabi ergueu uma sobrancelha, claramente surpresa com a sugestão de Theo. Ele realmente vai arrumar tempo para mim... Me levar para almoçar!

Enquanto Theo encarava seu relógio, Gabi compôs sua expressão para encontrar seus olhos.

— Bom, preciso conferir minha agenda, mas acho que posso conseguir tempo — ela respondeu, com a voz escorrendo sarcasmo. — Que horas?

— Hmm, meio dia e meia? — Theodore olhou para o relógio de novo, franzindo as sobrancelhas. — Escute, vou tentar te ligar mais tarde quando chegar ao escritório, mas, sim, considere meio dia e meia, a menos que eu avise.

E com aquilo ele pegou uma briefcase de couro marrom sobre a mesa e se virou novamente para olhar para Gabi, que ainda não havia se movido.

— Okay, tenho que correr. Você vai ficar bem? — Ele olhou ao redor da sala e então de volta para ela.

— Hmm, e se eu precisar sair. Quer dizer, além de ir te encontrar, como eu entro de novo... Hmm, posso ter uma chave?

— Ah, merda! — Theo exclamou, colocando a briefcase na mesa novamente, abrindo os fechos e mexendo lá dentro. Ele tirou um chaveiro com várias chaves e começou a tirar um anel separado, com duas chaves, uma para a fechadura principal e outra para a de segurança.

— Aqui, fique com a minha, tenho outra no escritório. Só confira se trancou as duas fechaduras quando sair. — Ele estendeu as chaves para ela, as deixando cair na palma da sua mão estendida.

— Okay, eu realmente tenho que ir. Falo com você depois.

Gabi encarou enquanto Theo caminhou decididamente através da sala e até a escada que levava ao nível da rua. Quando ele já estava quase descendo, pausou e se virou para olhar para ela sobre o corrimão.

— Ah, e Gabi, você vai vestir algo mais... apropriado, não vai? — ele perguntou, mesmo que Gabi suspeitasse que fosse menos uma pergunta e mais uma exigência.

Revirando os olhos, ela assentiu, suspirando alto.

— Sim, Theo, não se preocupe, vou me trocar. Deus me ajude se te envergonhar. — ela falou com ironia pesada.

— Vergonha eu posso lidar, Gabi. O que não vou tolerar são todos os meus funcionários do sexo masculino com uma ereção coletiva e babando na minha protegida adolescente. — Ele arqueou uma sobrancelha para ela antes de descer as escadas, dois degraus de cada vez. Ela ouviu a porta se abrir e fechar e então o som da porta de um carro batendo. Andando lentamente até a janela que dava para a Mews, Gabi mal teve tempo de ver o Bentley Mulsanne cor de bronze de Theo sair silenciosamente pela Mews e desaparecer de vista.

Ele encarou o último ponto onde havia visto o carro por vários minutos, com as palavras de Theodore pulando pela sua cabeça. Ele não tinha falado que ela daria ereções aos seus funcionários... tinha? Bem, sim. Sim, ele tinha falado aquilo. Se Gabi precisasse falar naquele momento, ela seriamente duvidava que seria capaz de articular uma única sílaba de fala coerente.

Balançando a cabeça, ela finalmente se afastou da janela e andou lentamente de volta para a mesa, ainda um tanto quanto preocupada. Se forçando a colocar aqueles pensamentos de lado, ela pegou seu pote de cereal vazio e as duas xícaras de café, as levando para a cozinha para passar uma água e colocar na lava-louças. Olhando para o relógio ela notou que eram dez e quinze, então tinha cerca de uma hora antes de precisar tomar um banho e se trocar para sair para a Londres central. Bloomsbury, onde o escritório principal de JP ficava, estava a apenas vinte minutos de distância, então Gabi decidiu sair primeiro e comprar comida. Ela iria para a Glaucester Road, a cerca de dez minutos à pé, e faria um estoque de produtos essenciais, além de alguns ingredientes básicos de cozinha, para garantir que não precisaria viver de entregas de comida. Ela não tinha passado tempo o suficiente com Theodore para saber o que ele fazia no dia a dia, então queria ter certeza de que seria capaz de providenciar algumas refeições simples, se fosse necessário.

Sem controleOnde histórias criam vida. Descubra agora