Capítulo 5
Theo carregou as malas de Gabriela escada acima até a sala de estar do primeiro andar, um espaço de planta aberta, com piso de carvalho descascado para combinar com as escadas e a cozinha, que era separada da área principal por um balcão de café da manhã revestido pelo mesmo carvalho e com tampo de granito negro. Diante da cozinha estava uma mesa de jantar de vidro e cromo com cadeiras de couro branco, e do lado oposto, perto da escada, estavam três grandes sofás pretos de couro ao redor de uma mesa de café baixa e de vidro, encarando uma TV de 50 polegadas de plasma na parede.
No lado da sala que dava para os Mews estavam janelas que iam do chão até o teto, com portas que Gabriela sabia que levavam para um deque que recebia o sol da tarde.
A impressão geral era de um minimalismo rígido e sem adornos, era chique e na moda, mas, por fim, frio e sem alma.
Theo jogou as malas que estava carregando ao lado da escada, sem a menor cerimônia, e atravessou a sala de forma determinada, indo até a cozinha. Abrindo a grande geladeira, ele tirou uma garrafa de vodca Grey Goose, se virou para um dos armários na altura dos seus olhos para pegar um copo e então carregou os dois para o balcão de granito. Colocando o copo sobre ele, destampou a garrafa e se serviu de uma dose generosa da vodca gelada. Levando o copo aos lábios, ele tomou um grande gole da bebida, fazendo uma careta rápida por causa do gosto forte enquanto via Gabriela subir as escadas lentamente.
Theo tomou mais um gole do seu drink e então colocou o copo no balcão, mantendo os olhos em Gabriela enquanto ela ia na sua direção, parando do outro lado do balcão.
— Posso tomar um desses, por favor? — Ela perguntou maliciosamente, olhando para o seu copo e então de volta para ele, apenas para ser recebida por um olhar que só poderia ser descrito como a mais pura incredulidade.
— Você está de brincadeira, caralho? — Theo disparou.
— O quê?
— O que você quer dizer com "o quê"? Jesus, Gabriela. — Theo encarou a garota diante dele, que estava agindo como se seu pedido fosse perfeitamente razoável e parecendo não entender qual era o seu problema. Ele olhou para o teto, se forçando a contar lentamente até dez.
Finalmente se controlando, Theo olhou de volta para Gabriela, soltando lentamente a respiração que tinha prendido. O mais calmamente que conseguia, ele falou.
— Não, Gabriela, você não pode tomar um desses nem nenhuma outra bebida alcóolica.
— Nem vinho com o jantar? — Gabriela interrompeu, erguendo a voz.
— Não.
— Mas isso é tão injusto, tenho quase dezoito anos. Você está sendo completamente irracional. — Ela bufou, cruzando os braços defensivamente.
Theo a encarou.
— Terminou?
Gabriela deu de ombros, com uma expressão tensa no rosto.
Theo suspirou, colocando as mãos no rosto e massageando sua pele.
— Nós realmente precisamos conversar sobre o que está acontecendo com você, Gabriela, mas francamente, estou exausto. Tive um dia longo, culminando em uma viagem de ida e volta de mais de 100 milhas no horário de rush, e já deu. Não tenho energia ou vontade de discutir com você hoje à noite, então vai ter que ter paciência até de manhã.
— Agora, já comeu? Está com fome? Posso pedir alguma coisa, ou talvez tenha algo na geladeira para fazer um sanduíche. — Enquanto falava, ele se virou de volta para a geladeira, puxando a outra porta e encarando seu conteúdo. — Tem um pouco de frango.
— Não estou com fome, vou dormir — Gabriela anunciou, com um fio truculento na voz.
Olhando sobre o ombro para ela, ele ergueu uma sobrancelha.
— Deveria comer alguma coisa — ele falou calmamente.
— Já falei, não quero nada. Estou no mesmo quarto de antes?
Theodore continuou em silêncio por um instante, se endireitando e virando para encará-la. Depois de alguns segundos, ele apenas assentiu e saiu da área da cozinha, voltando para a escada. Sem mais nenhuma palavra, ele pegou suas malas e atravessou a sala até a outra escadaria, que levava ao segundo andar, onde ficavam os quartos. Depois de alguns instantes, Gabriela o seguiu.
No alto das escadas, Theodore se virou para a esquerda e então abriu a primeira porta. Um minuto depois, ele saía e ia para as escadas de novo. Enquanto passava por Gabriela, ele olhou para ela e pausou.
— Boa noite, Gabriela. Não tenho que sair até as dez da manhã, conseguia adiar a reunião que tinha agendado para o começo do dia. Gostaria de te ver para o café da manhã às oito, por favor. — Com isso, ele se virou e desapareceu escada abaixo, deixando Gabriela de pé na porta do quarto, encarando suas costas.
Nem Theo nem Gabriela tiveram uma boa noite de sono, preocupados como ambos estavam com os eventos do dia.
A mente de Gabriela se recusava a lhe dar paz, enquanto refletia sobre raiva e distância de Theo. Ela queria tanto sua afeição e que ele não a visse como uma criança ou a filha dos seus amigos, de quem se tornara um guardião relutante, mas como uma mulher que se importava muito com ele. Ela não era tola, tinha examinado seus próprios motivos, particularmente enquanto Theo se tornava mais e mais distante, e sabia que havia um pouco de interesse juvenil nisso. Mas ela também sabia que era mais que uma paixonite infantil porque, se fosse o caso, ela não tinha dúvidas de que já teria passado depois de todo a negligência emocional de Theo.
Os pais de Gabriela sempre insistiram com ela que, apesar de ser uma bela criança que certamente se tornaria uma mulher memorável, sua aparência não deveria defini-la. Eles constantemente reforçavam a noção enquanto ela crescia, amigos em potencial e, especificamente, homens, seriam inevitavelmente atraídos por sua riqueza e beleza, e para reconhecer aqueles valores superficiais e interesses gananciosos, ela deveria não apenas ser capaz de olhar sob a superfície para ver a pessoa real, mas deveria, ela mesma, trabalhar em ser o melhor ser humano que pudesse ser. Assim, Gabi cresceu com uma identidade bem definida e consciente da importância de se preocupar com e sobre os outros, independentemente de seus backgrounds, o que, por sua vez, a fez uma pessoa que sabia julgar o caráter dos outros. Jovem como ela, sua criação, juntamente à perda dos seus pais, lhe deu um ar de maturidade além dos seus anos, apesar dos seus melhores esforços nos últimos seis meses de adotar uma personalidade louca e despreocupada.
Estas características inteligência, beleza, riqueza, gentileza e lealdade se juntaram para criar uma jovem muito admirada pelo sexo oposto, algo do qual ela havia se aproveitado nos últimos meses. Ela pensava que precisava que os homens a achassem atraente, porém, no fim, descobrira que só havia um homem cuja admiração e atenção ela desejava. Mas em vez de fazer com que parasse com seu novo e excitante estilo de vida, cada vez mais dissoluto, esta revelação a deixou mais determinada ainda a tentar e encontrar alguém que pudesse afastar todos os pensamentos sobre Theo da sua mente. E se não conseguisse aquilo, talvez ele finalmente a notaria e afastaria todos os outros homens para tê-la para si mesmo.
Esta última opção, claro, parecia ainda mais distante, e Gabriela se arrastou de forma cansada para fora da cama e até o chuveiro na manhã seguinte, depois de dormir mal, ela realmente acreditava que nada que fizesse faria Theo olhar para ela como queria.
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Sem controle
RomanceGabriela Jordan é uma orfã de 17 anos que está prestes a herdar a fortuna que sua família lhe deixou. Uma garota sem controle com um corpo de matar e um cartão platinum na mão, ela está pronta para virar a cabeça de Theo do avesso. Poderá Theodore C...