13. Halloween

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Eu mudei meu nome.

Nunca mais serei Min Yoongi. Não ficaria nada de Min Yoongi. Min Yoongi estava morto. Não queria esse nome nunca mais.

Procurei o significado de Min Yoongi na internet e isso me derrubou. Min Yoongi significava bonito. Eu não era. Procurei um nome que significasse feio, Feio (quem chamaria seu filho assim?), mas finalmente me fixei em Yeongi, que significava "o escuro". Esse era eu, o escuro. Todo mundo, entenda-se Jin e Taehyung, me chamavam de Yeongi agora. Eu era a escuridão.

Eu vivia na escuridão também. Comecei a dormir de dia, recorrendo as ruas e usando o metrô durante as noites quando ninguém pudesse me ver. Terminei o livro do corcunda — todo mundo morria — e agora estava lendo O Fantasma da Ópera. No livro, ao contrário da estúpida versão musical de Andrew Lloyd Webber, o Fantasma não era um romântico perdedor incompreendido. Era um assassino que aterrorizava durantes anos a casa de ópera antes de sequestrar a jovem cantora e forçá-la a ser a amante que tinham lhe negado. Sabia o que era me esconder na escuridão, procurando um pouco de esperança e não encontrar nada. Eu sabia o que significava estar tão só que chegasse a matar por isso.

Queria ter uma casa de ópera. Queria ter uma catedral. Queria poder subir no alto do Empire State Building como King Kong. Entretanto, eu só tinha livros, livros e o anonimato nas ruas de Nova York com seus milhões de pessoas estúpidas e ignorantes. Me escondia nas ruelas, atrás de bares onde os casais iam ali para ficar. Ouvia seus grunhidos e seus suspiros. Quando via um casal nessa situação, eu imaginava que eu era um homem, que as mãos da garota estavam sobre mim, sua respiração cálida na minha orelha, e mais de uma vez, pensei em pôr minhas garras no pescoço do homem, matá-lo, e levar a garota ao meu lar privado e transformá-la em minha amante quer ela quisesse ou não. Nunca tinha feito, mas isso me assustava só de pensar. Tinha medo de mim mesmo.

— Yeongi, temos que conversar.

Eu ainda estava na cama quando Taehyung entrou. Estava olhando pela janela o jardim que ele tinha plantado, com os olhos entrecerrados.

— A maioria das rosas estão mortas, Taehyung.

— Isso é o que acontece com as flores. É outubro. Logo desaparecerão até a primavera.

— Eu as ajudo, você sabe. Quando vejo um que fica marrom, mas não cai, então eu as ajudo. As espinhas não me machucam muito. Eu me curo rapidamente.

— Então tem algumas vantagens, no final das contas.

— Sim. Eu acho que tudo bem em ajudá-las a morrer. Quando vejo algo lutando assim, não deveria sofrer. Você não acha?

— Yeongi...

— Às vezes eu queria que alguém me ajudasse assim — pude ver Taehyung me olhando fixamente. — Mas há algumas como a rosa vermelha, que ainda se agarram no galho. Elas não caem. Essas me enchem.

— Yeongi, por favor.

— Você não queria falar das flores? Eu achava que você gostasse das flores, Taehyung. Foi você que as plantou.

— Eu gosto das flores, Yeongi. Mas agora quero que conversemos sobre nossas aulas.

— O que há com elas?

— Não a temos. Me contrataram como professor e ultimamente a única coisa que isso tem significado é o recebimento de uma enorme quantidade de dinheiro para ficar aqui e manter em dia as minhas leituras.

— E isso não é bom? — Do lado de fora, a última rosa vermelha balançou com o vento que a soprou repentinamente.

— Não, não é bom. Aceitar dinheiro sem fazer nada em troca é roubar.

 beastly  ➻  jm + ygOnde histórias criam vida. Descubra agora