19. Storm

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Do lado de fora das janelas fechadas, folhas começaram a cair, mas do lado de dentro, tudo continuou o mesmo. Tudo exceto Jimin e eu. Nós mudamos. A gente estudava juntos, e eu via que enquanto ele era inteligente, eu não era tão evidentemente não inteligente. Eu não achava que ele me odiava mais. Talvez. Talvez ele mesmo gostava de mim.

Uma noite, houve uma tempestade, uma grande com relâmpagos que parecia folhas de metal atravessando o céu e trovão que mostrava que era muito perto. Isso tremeu minha cama, sacudiu o mundo, e me acordou. Eu tropecei para cima para a sala de estar, apenas para me encontrar sozinho.

- Yeongi! - Jimin estava sentada no sofá preto, assistindo o céu acender do lugar mais longe da janela. - Eu estava terrorizado. Parecia tiros.

- Tiros. - Eu imaginei se ele escutava tiros a noite de onde ele era. - É apenas trovão, e essa casa velha é forte. Você está seguro.

Eu percebi o quão doido isso era, dizendo que ele estava seguro quando eu estava segurando ele como prisioneiro.

Mas ele disse:

- Nem todo lugar que eu vivi foi seguro.

- Eu percebi que você escolheu o lugar mais longe da janela.

- Você acha que eu estou sendo bobo.

- Nah. Eu estou aqui, não estou? O barulho me acordou. Eu ia estourar alguma pipoca e ver se há alguma coisa na TV. Quer um pouco? - Eu me movi para a cozinha. Eu estava sendo cuidadoso. Eu decidi que era melhor ir para longe, para não assustar ele estando perto. Era a primeira vez que nós estávamos sozinhos desde aquele dia no jardim de rosa. Sempre, nós tínhamos Taehyung quando estudava e Jin nas refeições. Agora, sozinhos com todos dormindo, eu queria que ele soubesse que podia confiar em mim. Eu não queria ferrar com isso.

- Sim, por favor. Você pode fazer dois sacos, porém? Eu realmente gosto de pipoca.

- Sim. - Eu entrei na cozinha e achei a pipoca de micro-ondas. Jimin navegou pelos canais da televisão e parou em um filme velho, The Princess Bride.

- Esse é bom - eu disse enquanto a pipoca começava a estourar.

- Eu nunca tinha visto.

- Você vai gostar dele, eu acho. Tem coisas para todo mundo, batalhas com espadas para mim, princesa para você. - O primeiro saco terminou de estourar e eu o tirei. - Desculpa. Isso foi provavelmente idiota.

- Está tudo bem. Eu sou um garoto. Todas as pessoas fingem que são uma princesa ou príncipe em algum ponto, não importa quão pouco a vida dela tem a ver com isso. E eu gosto da ideia de 'Felizes para sempre.' - Ele deixou a televisão naquele canal. Eu fiquei lá assistindo o segundo saco inchar e considerei o que fazer com eles, colocar a pipoca em uma tigela para dividir, como Jin teria feito com as pessoas que eu costumava conhecer, ou deixar no saco.

Finalmente eu disse:

- Eu deveria colocar eles em uma tigela? - Eu nem mesmo sabia onde Jin deixava as tigelas. Quão triste era isso?

- Oh, não, não vá com tantos esses aborrecimentos.

- Não é um aborrecimento. - Mas eu tirei o saco, abri, então carreguei os dois sacos para a sala de estar. Provavelmente, ele pediu para o próprio saco dele então nossas mãos não se tocariam. Eu não o culpava.

Eu sentei mais ou menos 30 centímetros longe dele assistindo o filme. Era a cena onde Westley, um pirata, tinha desafiado o assassino, Vizzini, para uma batalha de inteligência.

"Você foi vítima de um dos erros clássicos!" Vizzini disse na tela.

".... Nunca vá de encontro em um Siciliano, quando a morte está na linha!"

Na hora que o Vizzini caiu, morto, eu tinha terminado minha pipoca e colocado o saco no chão. Eu queria um pouco mais. Parecia que a besta estava sempre com fome. Eu imaginei, se eu for transformado de volta, eu seria gordo?

- Você quer um pouco mais? - ele disse.

- Nah. Você disse que realmente gosta de pipoca.

- Eu gosto. Mas você pode ter um pouco. - Ele segurou o saco para mim.

- Ok. - Eu me movi alguns centímetros mais perto. Ele não gritou ou se moveu para longe. Eu peguei uma mão cheia de pipoca, esperando que eu não derrubasse. Houve um terrível trovão, e ele pulou, derramando metade do que tinha sobrado.

- Ai, eu sinto muito - ele disse.

- Não sinta. - Eu peguei as pipocas obvias e joguei elas no meu saco vazio. - Nós podemos pegar o resto de manhã.

- É apenas que eu fico realmente com medo de relâmpago e trovão. Quando eu era pequeno, meu pai costumava sair de noite, depois que eu dormia. E então, se algum barulho me acordasse, eu não achava ele. Eu ficava com tanto medo.

- Deve ter sido difícil para você. Meus pais costumavam a gritar comigo quando eu acordava a noite. Eles me falavam para ter coragem, o que queria dizer deixar eles sozinhos. - Eu passei para ele a pipoca. - Pega o resto.

- Obrigado. - Ele pegou. - Eu gosto...

- O que?

- Nada. É apenas... obrigada pela pipoca.

Ele estava tão perto que eu podia ouvi-lo respirar. Eu queria me mover mais perto, mas iria deixar eu fazer isso. Nós sentamos na luz branco-azul da televisão, assistindo o filme em silencio. Apenas quando terminou que eu vi que ele tinha dormido. A tempestade tinha diminuído, e eu queria apenas sentar lá, assistindo ele dormir, encarando ele como eu encarava minhas rosas. Mas se ele acordasse, acharia que isso era estranho. E ele já pensava que eu era estranho o suficiente.

Então eu desliguei a televisão. O quarto estava muito escuro, e eu o peguei para carregar ele até seu quarto.

Ele acordou a meio caminho na escada escura.

- O que..?

- Você dormiu. Eu estava carregando você para o seu quarto. Não se preocupe. Eu não vou te machucar. Eu prometo. Você pode confiar em mim. E eu não vou te derrubar. - O peso dele era quase nada nos meus braços. A besta era forte também.

- Eu posso andar - ele disse.

- Ok, se você quiser. Mas você não está cansado?

- Sim. Um pouco.

- Confie em mim, então.

- Eu sei. Eu pensei que se você fosse me machucar, você já teria feito isso.

- Eu não vou te machucar - eu disse, estremecendo por saber que aquilo era o que ele tem pensado sobre mim. - Eu não posso explicar por que eu quero você aqui, mas não é para isso.

- Eu entendo. - Ele se acomodou em meus braços, contra meu peito. Eu carreguei ele para o topo das escadas e tentei a maçaneta. Ele a agarrou. A voz dele veio pela escuridão. - Nunca ninguém tinha me carregado, não que eu posso lembrar.

Eu apertei meu aperto nele.

- Eu sou muito forte - eu disse.

Ele não disse mais nada depois disso. Apenas dormiu de novo. Ele confiava em mim. Eu andei na escuridão e dentro do quarto dele, pensando que deve ser sempre assim para o Taehyung, sendo cuidadoso, esperando nenhum obstáculo. Eu alcancei a cama dele, o deitei e puxei o suave cobertor em volta dele. Eu queria beija-lo, lá na escuridão. Fazia tanto tempo desde que eu tinha tocado alguém, realmente tocado. Mas seria errado tirar vantagem dela dormindo, e se ele acordasse, ele nunca me perdoaria.

- Boa noite, Jimin - E comecei a me mover para longe.

- Yeongi? - Na porta, eu escutei a voz dele. - Boa noite.

- Boa noite, Jimin. Obrigada por sentar comigo. Foi legal.

- Legal. - Eu escutei ele se mexendo na cama, rolando, talvez. - Você sabe, na escuridão, sua voz parece tão familiar.




[♡]

nha, por que será que parece familiar?

 beastly  ➻  jm + ygOnde histórias criam vida. Descubra agora