21. Fall

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O quarto de Jimin era dois andares acima do meu. Isso me fez descansar sabendo que ele estava lá, na mesma casa, dormindo, sozinho. À noite, eu podia quase sentir o corpo dele, dormindo entre os lençóis brancos legais. Eu queria conhecer cada pedaço dourado da pele dele. Mas agora eu estava agitado. Meus próprios lençóis estavam quentes, algumas vezes molhado de suor, e estava coçando. Eu ansiava por ele, deitado na minha cama, imaginando ele na dele. Eu fui dormir pensando nele, e acordei encharcado, lençóis enrolados em volta das minhas pernas. Eu imaginei que isso devia ser como estar enrolado em volta dele. Eu queria tocar ele. Eu tinha visto a suavidade no dia que ele tentou o vestido. De algum jeito, eu sabia que ele ia ser suave o suficiente para fazer por mim.

— Eu desejo que a gente pudesse ir para a escola juntos — Jimin disse um dia quando a gente tinha terminado de estudar. — Eu quero dizer, que você pudesse ir para a minha escola, minha antiga escola.

Ele estava dizendo, eu percebi, que ele ainda queria ir, mas ele queria estar comigo também.

Ele pensou sobre isso.

— Provavelmente não. As crianças de lá, eles eram todos ricos e mal-humorados. Eu não encaixava.

Eu sim. Isso me impressionou agora.

— O que seus amigos diriam se eles vissem alguém como eu?

— Eu não tinha nenhum amigo. — Ele sorriu. — Mas eu tenho certeza que alguns pais do corpo docente teriam problemas com você.

Eu ri, imaginando isso. Claro, eu conhecia exatamente os pais que ele estava falando — certamente nenhum relacionado a mim, mas haviam pais que iam para todos os encontros do corpo docente e se voluntariavam na escola e geralmente apenas reclamavam sobre as coisas. Eles se importariam.

Eu ajudei ele e recolhi os livros dele.

— 'Eu não quero nenhuma besta na escola com meu filho!' Isso é o que eles diriam nas reuniões. 'Eu pago muito dinheiro para essa escola. Vocês não podem deixar entrar ralé.'

Ele riu.

— Exatamente. — Ele deixou os livros dela na mesa e começou a ir para a estufa. Isso se tornou nossa rotina diária. Depois que a nossa aula acabava, a gente almoçava, então lia e discutia o que a gente tinha lido — dever de casa para pessoas que nunca saiam de casa. Então a gente andaria pela estufa, e ele iria me ajudar a molhar as flores e outros trabalhos.

— A gente podia começar a estudar aqui fora agora que está legal — eu disse.

— Eu gostaria disso.

— Você precisa de algumas flores? — Eu perguntava para ele isso todos os dias. Se as flores no quarto dele murchavam, a gente pegava novas. Era o único presente que eu podia dar para ele, a única coisa que ele queria de mim. Ele sempre dizia não.

— Sim, por favor. Se você não for sentir falta delas.

— Eu vou sentir falta delas. Mas me faz feliz dar elas para você, Jimin, ter alguém para dar elas.

Ele sorriu.

— Eu entendo, Yeongi. — Nós pausamos em frente a uma rosa de chá branca. — Eu sei o que é estar solitário. Eu tenho estado sozinho toda minha vida, até... — Ele parou.

— Até o que? — Eu perguntei.

— Nada. Eu esqueci o que eu ia dizer.

Eu sorri.

— Tudo certo. Qual cor você quer essa vez? Eu acho que você teve vermelhas da última vez, mas as vermelhas não duram, duram?

Ele se inclinou para frente, passando o dedo pela rosa branca.

 beastly  ➻  jm + ygOnde histórias criam vida. Descubra agora