Hoje Não

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[... "Então nós desmoronamos e partimos

O coração um do outro

Se quisermos viver um amor jovem

Melhor começarmos hoje..."]

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Nessa altura do campeonato, Diana nem acreditava que aquele dia finalmente estava chegando ao fim, esse dia merecia o título de "o pior dia da sua vida", mas pelo menos se via livre do seu ex-marido, livre e sem nada, pobre de marré de si, isso seria um tanto cômico se não fosse trágico.

À volta para casa foi um completo silêncio, sua mãe, que falava como uma maritaca ficou quieta ao longo do caminho, certamente foi um sacrifício para Ana permanecer calada, mas Diana não se importou, não tinha nada a dizer mesmo, às vezes o silêncio é um belo aliado, e sua mãe tinha que entender isso de vez enquanto.

As duas saíram do táxi, e bateram a porta, cada uma ao seu lado, tristes, pois, provavelmente, elas não andariam mais de táxi tão cedo. O simples fato de terem que andar de ônibus, mexia com o psicológico daquelas duas dondocas, principalmente de Diana, que havia se acostumado com todo o luxo que aquele casamento lhe proporcionou.

Elas entraram pelos portões grandes daquela mansão, que um dia Diana foi dona, e agora era apenas uma intrusa, e ainda estava ali, por falta de um lugar para ficar. Com todos os olhares de pena dos empregados sobre si, ela continuou andando, mas não se deu o trabalho de olhá-los, somente seguiu para dentro da casa, e ver se conseguia sentir um pouco de paz ali dentro, mas sentir paz nesse estágio era meio improvável. Talvez não sentisse a paz que tanto almejava estando entocada, mas pelo menos sentiu um enorme conforto quando tirou aqueles saltos que comiam seus pés, e se jogou no sofá. Ela fechou seus olhos, estava cansada, não só fisicamente, mas sua alma doía, estava visivelmente abatida, sua vontade era de se trancar no seu quarto e chorar, e só sair de lá dez anos depois, quando finalmente a poeira abaixasse. Sua mãe, ao invés de passar direto, sentou-se em um sofá a sua frente, ela queria falar alguma coisa, queria muito.

- E agora Diana - finalmente disse algo, depois de tanto tempo em silêncio - o que vamos fazer? - Diana abriu seus olhos para olhá-la, seu semblante era preocupado.

- Sei lá. - Ela deu de ombros e fechou seus olhos colocando o antebraço no rosto, por causa da claridade.

- Filha - ela foi até ela, e se sentou ao seu lado no espaço minúsculo que havia ali - você não pode se entregar, você é jovem, é bonita e inteligente.

- Ah, não esquece de encaixar chifruda no meu currículo tá. - Continuou na mesma posição.

- Não fala assim Diana, você não pode ser negativa. Daqui a pouco as coisas começam a melhorar e...

- Ah claro - a interrompeu se sentando no sofá - mãe, não tenta melhorar as coisas com palavras bonitas e ensaiadas! - Foi um pouco rude.

- Ah, e você não acredita que há males que vêm para o bem?

- Não - ela saiu do sofá, os olhos de sua mãe a seguiam - sou muito cética pra acreditar nessas bobagens. Acreditei um dia que o amor verdadeiro existia, e olha o que aconteceu comigo. Agora sou conhecida como a traída, a trocada, a nada! - Ela pegou sua bolsa, tinha que sair de perto de sua mãe, ela não era uma boa companhia nesse momento, mas antes de sair, ainda disse umas palavras. - Mas pode ficar tranquila mãe, desse mal eu não morro, amor? - Desdenhou. - Não sei mais o que significa essa palavra.

- Diana filha... - Suas palavras vieram acompanhadas de um suspiro triste.

Antes que Ana pudesse dizer mais alguma coisa, ela saiu de perto. Subiu as escadas as pressas, de dois em dois degraus, e chegou ao topo ofegando, algo bem normal para alguém que não era nem um pouco fã de exercícios físicos. Ao entrar em seu futuro antigo quarto, teve vontade de quebrar tudo, de colocar fogo em tudo que a fizesse se lembrar de Pedro, mas sabia que, mesmo destruindo aquela casa, não esqueceria o quanto ele a fez de idiota, rindo da sua cara acompanhado da próxima senhora Linhares.

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