["...Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não posso ser feliz, assim
Tem dó de mim
O que é que eu posso fazer...
Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu..."]****
Diana.
Depois de fazerem todos os rituais pós-nascimento – pesagem, medição, vacina, e tal – eles, por fim, me entregaram, e eu segurei o pequeno Gael pela primeira vez nos braços. Eu só sabia chorar e agradecer, nunca havia imaginado que tamanha dor resultaria em tal alegria. Imaginei várias vezes como seria quando o visse pela primeira vez, mas com certeza minhas expectativas foram superadas.
Um pouco depois de dar a luz, fui levada para o quarto, onde ficaria os próximos dois dias, e minha mãe, claro, sempre ao meu lado.
— Ele é tão lindo, né mãe? – Eu o olhava com tanto carinho, meu coração parecia que ia explodir. – Com quem ele se parece mãe?
— Ainda é muito cedo pra dizer, mas daqui alguns dias já vai dá pra perceber com ele se parece mais.
Foi minha mãe acabar de falar, e o pequeno acordou chorando, e eu me apavorei, pois não sabia o que fazer.
— Calma Diana! – Minha mãe riu da minha cara de assustada. – Ele deve tá com fome. Vê se ele consegue pegar seu peito.
Com todo o cuidado do mundo ela me ajudou a colocá-lo na posição, e como que por instinto ele logo abocanhou meu peito, e então mamava como se já tivesse feito aquilo inúmeras vezes. De início senti um pouco de dor, mas minha mãe disse que era tudo normal, e com o passar dos dias a dor ia sumir.
— Bom, vou sair pro Chico entrar, ele não deve tá se aguentando de ansiedade lá fora. – Apenas sorri assentindo.
Não demorou muito e logo avistei Chico entrando pela porta. Quando ele chegou até a mim, vi suas lágrimas descerem, eu o entendia muito bem, pois havia sentido, e ainda sentia o mesmo que ele.
Meu marido deixou um beijo na minha testa, e ficou a acariciar o pequeno e rechonchudo corpo do nosso filho, sem dizer nada, apenas desfrutando daquele prazer de estarmos nós três ali, como família.
— Obrigado! – Ele disse depois de muito tempo em silêncio. Eu somente sorri pra de volta, como resposta. – Obrigado por me dar o melhor presente que eu poderia ganhar.
...
Chico.
Aquelas infindáveis horas estavam acabando comigo. Parecia que o tempo não passava, e só se arrastava. Eu ficava de minuto em minuto olhando pro celular na esperança que minha tia me ligasse. E nada.
Um milhão de coisas passaram na minha cabeça. Será que Diana seria forte o suficiente? Será que iria resistir? Será que nosso bebê viria saudável? E todo aquele questionamento interno estava me consumindo por dentro, e minha mãe, coitada, falhava grandemente na missão de me acalmar.
Depois de infinitas oito horas, minha tia me ligou dizendo que ele tinha nascido e que estava tudo bem com os dois. Foi o único momento que consegui respirar aliviado, mas agora o que tomava conta de mim era a ansiedade para vê-los. Logo minha tia me ligou me informando que trocaria de posto comigo, e eu não via a hora de entrar naquele quarto.
Tudo que eu pensei em falar caiu por terra quando eu entrei no cômodo. Eu perdi a fala, nada passava pela minha gargando, eu só sabia chorar. E pra não dizer que não disse nada, apenas agradeci a minha esposa por me proporcionar esse momento tão lindo. Era a sensação mais linda que eu já tinha sentido.
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Bem Me Quer
Romance"Ela presa no condomínio e ele solto pelo mundo." - A Dama E O Vagabundo Diante de um divórcio conturbado, Diana se vê obrigada a voltar para a cidade onde nasceu, isso não seria tão ruim se a sua cidade não se encontrasse no interior. De volta a su...