Nem Todo Mundo Merece Uma Segunda Chance

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["...Por isso não posso olhar a vida e não te ver
Não, eu não posso deixar você
Por um erro do coração
Sem que volte pedindo perdão..."]

****

Diana.

Demorei um bom tempo até conseguir desgrudar meu ex marido de mim. Minha vontade era gritar com ele, e dizer pra ele não encostar um dedo sequer em mim, mas o seu pranto não me permitia fazer tal coisa, muito pelo contrário, estava me deixando preocupada ao extremo, e um pouco aflita, por nunca tê-lo visto naquele estado.

Com muito custo eu havia conseguido fazê-lo se sentar, e voltar ao seu estado normal, ou algo do tipo, para que assim, ele me explicasse o porquê da sua presença ali. Me sentei no pequeno sofá de frente pra ele, pra enfim tentar iniciar aquela conversa.

- Posso saber o que você faz aqui? - Perguntei sem rodeios, um tanto seca demais.

- Sei que eu sou a última pessoa que você queria ver, mas foi a única em quem eu pensei. - Ele não conseguiu me olhar nos olhos, mas percebi algumas lágrimas marejando.

- Desculpa Pedro, mas não queria ver você tão cedo, aliás, não queria te ver, e acho que você já sabe o porquê, não é?

Mesmo se eu não quisesse, seria impossível não sentir algum rancor por ele. Eu confiava nele a ponto de jurar uma união eterna, e ele quebrou esse juramento de uma forma dura demais.

- Eu sei Diana, eu mereço todo seu desprezo, todo seu ódio, mas eu te peço - ele se ajoelhou aos meus pés, e eu arregalei os olhos - não vire as costas pra mim, não nesse momento tão difícil, por favor...

Novamente o choro o envolveu. Eu continuava sem entender bulhufas, mas estava ficando preocupada demais, a ponto de esquecer o que ele havia feito, e oferecer, ironicamente, um ombro amigo, pra ele que pudesse desabafar.

- Pedro - levantei sua cabeça que estava suspensa em meus joelhos, e ele me olhou, eu senti pena dele - me conta o que houve.

Ele se levantou, secando as lágrimas, e começou a falar, com certa dificuldade.

- É doloroso demais lembrar disso, apesar de não dá pra esquecer. - Ele fez uma pequena pausa, e então continuou. - Minha mãe Diana - por fim, ele me olhou - minha mãe que eu tanto adorava, que eu colocava num altar, a minha mãezinha... Morreu...

- O-o quê?!

Eu deveria agir como uma coluna o ajudando ficar de pé, mas aquela notícia me acertou de tal forma, que eu não tinha reação alguma. Eu daria tudo pra não ter ouvido aquele relato, preferiria até que ele estivesse ali para um possível volta, mas não, Júlia estava morta, agora sim eu entendia a sua dor.

Eu não queria acreditar naquilo, ela não poderia ter concluído sua vida tão nova. Júlia sempre foi uma mulher muito doce, uma mãe carinhosa, uma esposa exemplar, que zelava pela família, e que era rodeada de pessoas, por ser agradável. Ela era mais que uma sogra, era uma segunda mãe, apesar de termos nos afastado um pouco após o divórcio, ainda sentia o mesmo carinho por ela. Ela foi uma das únicas pessoas daquela família que ficou do meu lado durante a separação, me custava crer que ela já não fazia parte desse mundo.

- Isso não pode ser verdade Pedro - algumas pequenas lágrimas brincavam nos meus olhos - como foi que isso aconteceu?

- Foi uma surpresa pra todo mundo. Ela estava doente, mas não quis contar pra ninguém, nem pra mim, nem pro meu irmão, só ela e meu pai sabiam disso, aí ocorreu essa lástima, que nem meu pai esperava.

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