Um Sonho A Dois

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[... “Ela sabe que brinca nos meus sonhos
Todo o tempo nos versos que componho

Ele sabe que estou em suas mãos
Ele é tudo que faz muito bem, muito bem ao meu coração...“]

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Chico.

Meu coração ficou num aperto tão grande quando a vi caindo, sem saber por qual motivo, que pensei que não conseguiria mover meus pés, realmente foi difícil sair de onde eu estava, mas pensei nela primeiro, antes de pensar no choque que eu estava aquela hora.

Corri os mesmos dois metros que ela havia feito segundos antes, e a encontrei desmaiada com um pequena poça de sangue próxima a sua nuca, meu coração palpitou de dor, mas o que mais me chamou atenção, foi a enorme cobra que estava do seu lado direito, uma dor maior tomou conta dos meus sentidos.

— Sua maldita!

Sem ter muita certeza se aquela maldita serpente tinha a ver com a inconsciência de Diana, tirei sua vida numa pedrada só em sua cabeça, arrependimento foi a última coisa que senti. Não perdi mais tempo. Passei meus braços atrás dos seus joelhos, e a suspendi, torcendo pra que o caminho de casa diminuísse ao menos um quarto.

— Por favor Diana, acorda... – A olhei em meus braços, desacordada, vulnerável, implorando baixinho pra que ela despertasse logo.

Infelizmente não aconteceu como eu queria, ao invés do caminho se resumir em pequenos passos, parece que ele se prolongou mais do que eu estava habituado. E então, eu avistei minha casa.

— Uma ambulância, chamem uma ambulância! – Gritei pra ninguém em especial, e a coloquei sobre o chão gramado. – Diana, acorda Diana – dei pequenos tapas em seu rosto, e tirei alguns fios de cabelo que cobriam o mesmo – Diana, fala comigo, por favor... – Uma poça de lágrimas se formavam em meus olhos devido a falta de resposta dela.

— Oh meu Deus, o que aconteceu com a minha filha? – Tia Ana apareceu, acompanhada da minha mãe e de uma pequena multidão de olhares curiosos, e se agachou ao lado oposto que eu estava, se desabando a chorar.

— Eu não sei tia – a olhei, enquanto seus olhos preocupados buscavam a filha – ela desmaiou, e tinha uma cobra... – Gesticulei.

— Ela foi picada? – Sua face se preocupou ainda mais.

Não demorou muito, e a ambulância estava ali, e logo, Diana dentro dela. É claro que eu não pensava em ficar em casa esperando por notícias, eu não sobreviveria pra isso, eu queria me enfiar naquela ambulância a qualquer custo, mas o enfermeiro metido a besta me impediu.

— O senhor não pode entrar, é permitido somente um acompanhante.

Com aquelas meias palavras, ele fechou as portas traseiras e foi para o banco da frente. Óbvio que tia Ana não iria perder a filha de vista por um segundo, mas eu que não ficaria em casa tomando chazinho pra me acalmar.

...

Minha mãe e eu pegamos um táxi rumo ao hospital mais próximo, e chegamos não muito tempo depois da ambulância.

Ao entrarmos, encontramos tia Ana no corredor esperando por notícias, assim que ela viu minha mãe, se jogou em seus braços, e chorou temorosa, eu, no entanto, não soube como agir, ou quais palavras usar, eu sabia bem o que ela estava sentindo, e se acontecesse alguma coisa com minha prima, eu seria o maior culpado.

— Ainda não vieram dar notícias tia? – Perguntei meio sem jeito, com as mãos cruzadas nas costas.

— Não – minha mãe afrouxou um pouco seu abraço pra que ela me olhasse – eles a levaram pra uma sala, e até agora não vieram esclarecer nada. Eu não vou suportar se acontecer alguma coisa com a minha única filha... – Ela ocultou seu rosto no peito da minha mãe, e desabou em lágrimas mais um vez.

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