Já Não Consigo Conter Meus Desejos

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[... "Não sei você,

Mas eu não deixo de pensar

Não consigo me desligar nem um minuto

De seus beijos, seus abraços

Do bom momento que passamos da outra vez..."]

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Depois de pisar em Chico, e cuspir as palavras mais sórdidas e mentirosas, Diana foi para casa, com ar de vencedora, como quem acabara de ganhar um prêmio, disputado entre ela, e um grande inimigo, era dessa forma que ela se sentia.

Quando ela entrou pelas portas da cozinha, encontrou sua mãe sentada, descascando alguns alhos que serviriam para a preparação do jantar, uma cena um tanto incomum, que fez Diana rir discretamente. Ela foi até a geladeira, e pegou um copo d'água, e sua mãe ainda não tinha dito nada.

— Mãe – ela foi até a mesa e se sentou frente a sua mãe – posso fazer uma pergunta?

— Você vai fazer de qualquer forma. – Ela continuou atenta no que fazia.

— É verdade essa história de que a tia Valquíria é adotada?

Ana deixou a faca e os dentes de alho sobre a mesa, repousando seus braços na mesma, e a olhou.

— Quem te disse isso? – Sua voz era calma.

— Ah mãe, ninguém, eu ouvi alguma coisa sobre isso quando criança, e me lembrei disso agora, por quê? Tem algum problema nisso?

— Não, não tem, e sim, Valquíria é adotada. Minha tia, irmã da minha mãe, sua avó, queria muito ter uma filha, e depois de tentar cinco vezes, e só vir meninos, ela resolveu adotar uma menina, e a escolhida foi sua tia Valquíria.

— Ah...

— Mas isso nunca a diferenciou dos demais, todos nós sempre tivemos o mesmo carinho por ela, toda a família fez questão de que ela se sentisse bem, se sentisse parte de nós. – Explicou.

— Claro, não poderia ser diferente né. – Bebeu um pouco de sua água.

— Espero que você não aja diferente agora que sabe da verdade Diana, sua tia ficaria decepcionada com isso. – Advertiu-a.

— Claro que não né mãe, eu hein! Eu gosto da tia Valquíria, e isso não vai mudar nada não. – Ela se calou um instante, olhando seu copo quase vazio, e logo voltou ao assunto. – Então, nem ela nem o Chico tem o mesmo sangue que o nosso, né?

— Bom, não, mas às vezes isso é um pequeno detalhe insignificante.

— É... – Respondeu com o pensamento longe.

Após alguns segundos caladas, com Ana observando a filha, que estava aérea, ela colocou para fora algo que estava deixando-a inquieta.

— Diana, o que você e o Chico estavam fazendo na porta do banheiro mais cedo? – Sua pergunta sem rodeios fez Diana voltar às pressas a conversa.

— Ora mãe, eu disse, eu estava esperando ele sair pra eu usar o banheiro – ela ficou nervosa – o que mais nós dois poderíamos estar fazendo?

— Se beijando é uma opção! – A encarou.

— A senhora tá ficando caduca já – ela se levantou e colocou o copo na pia – até parece que nós dois ficaríamos de beijinhos por aí – riu sarcasticamente – que ideia.

— Diana, eu não nasci ontem, eu vi como vocês dois estavam. Você e ele com cabelos desarrumados, roupas fora do lugar, e seus lábios estavam rosados Diana! – Ela olhava sua mãe com atenção. – Você vai tentar mentir pra mim? – Ela aguardou alguma reação da filha, não tendo nada, ela continuou. – Só vou te avisar uma coisa, o Chico não é como os homens que você se envolveu na cidade, pode não parecer, mas ele é um rapaz sensível, e tem sentimentos, olha lá o que você anda fazendo, hein.

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