Vai sonhando!

5.

Todos os dias Isabella chegava na hora combinada, entrava na academia espetacular que o jogador tinha em casa e se dedicava de corpo e alma à recuperação dele.

Passo a passo, era algo que estava sendo muito produtivo para ele. A melhora era bem visível e ele já começava a caminhar quase normalmente, embora ainda usasse as muletas.

Quando chegava, ao meio-dia, Isabella via sempre uma mulher diferente almoçando na cozinha com Rafael.

Ele nunca repetia o tipo loira, morena, ruiva... Sempre era uma diferente da do dia anterior e ele chamava todas de "Linda". Ela achava graça...

O desejado Rafael Vitti era uma figura e tanto!

Aquelas mulheres ficavam bobas quando o belo jogador as olhava. Isabella percebia que adoravam

tudo o que ele dizia, concordavam com tudo. Ela, entretanto, o havia mandado se catar em mais de uma ocasião, depois de ouvir algum de seus comentários.

Um dia, Isabella se surpreendeu ao ver ali Bimba, a metida top model, que a olhou com desprezo de cima a baixo e depois disse que ia relaxar na jacuzzi. Porém, algumas horas mais tarde, ocorreu à modelo colocar suas longas pernas na academia. Rafael a mandou sair dali de imediato.

— Está me dispensando? — protestou ela.

— Sim, linda... saia. Espere do lado de fora. Isso aqui é só entre mim e a fisioterapeuta.

— Mas se eu não incomodar, amoreee — insistiu ela.

Rafael bufou com impaciência, Isabella olhou para ele e supôs que ia dizer uma de suas grosserias, mas Bimba se adiantou:

— Se eu sair daqui, vou embora.

— Tchau, linda, depois te ligo.

A top model, ouvindo aquilo, ergueu o queixo e se foi.

— Vamos continuar — Rafael encerrou o assunto de uma vez.

Isabella não disse nada, mas lhe agradeceu com o olhar. Uma das cláusulas era que não haveria outras pessoas nas sessões, e até o momento, ele havia respeitado todas.

Quando naquela tarde terminaram a fisioterapia, Isabella comprovou que Bimba não estava mais na casa, algo que, aparentemente, não tinha incomodado Rafael. Além disso, antes que ela fosse embora, o celular dele tocou.

— Oi, Linda! — Ela o ouviu cumprimentar em tom alegre.

Os dias passavam e, no fim das sessões, aquelas belas estavam no sofá ou fazendo hora na cozinha. Todas queriam demonstrar o quanto eram maravilhosas e perfeitas, dedicando a ele todas as atenções mais provocantes.

Isabella, por outro lado, se perguntava por que elas tinham tão pouco amor próprio. Quando o viam aparecer, se aproximavam como gatinhas ronronantes e se atiravam no pescoço dele, pedindo atenção.

Enquanto Rafael aceitava os carinhos de bom grado, Isabella aproveitava para se despedir discretamente e ir embora. Tinha outras coisas mais importantes para fazer do que ficar vendo eles se apalparem descaradamente.

Certa tarde, Isabella chegou atrasada à casa do jogador, pois teve um compromisso importante. Surpreendeu-se ao encontrar o técnico ali e o cumprimentou de modo profissional.

— Está atrasada — repreendeu o jogador com ar de poucos amigos.

— Desculpe, saí tarde da minha aula de ioga e o trânsito estava terrível — justificou ela enquanto deixava a bolsa de ginástica num canto.