25.

329 23 0
                                    


No dia seguinte, ao meio-dia, Isabella se encontrou com o irmão Luis.

Rafael aproveitou para acompanhar o pai, que tinha de tomar algumas providências, e ficou combinado que ela ligaria à tarde.

— Fette, você está linda — disse Luis assim que a viu, quando se encontraram na Puerta del Sol, em frente à La Mallorquina, a confeitaria preferida dos dois na cidade.

— Você, sim, que está bonito, maninho.

De mãos dadas, caminharam até a Plaza Mayor. Lá, entraram num dos bares e pediram sanduíches de lula.

Isso havia se convertido quase num ritual sempre que se viam em Madri: primeiro sanduíche de lula e, de sobremesa, uma trufa gigante da La Mallorquina. Depois foram até uma cafeteria na Calle del Carmen para conversarem com calma tomando café.

— Você sabe como anda a papelada dos meninos?

— Não, a última coisa que fiquei sabendo é que os relatórios definitivos estão pra chegar.

— Maravilha! E eles, estão contentes?

Pensar neles fez o olhar de Isabella se iluminar.

— Suhaila está feliz. Bem, já sabe como ela é. E Israel também está contente, se bem que ele é mais reservado.

— É um adolescente.

— Um adolescente muito bonito — riu Isabella.

— Tem certeza do que está fazendo?

— Certeza total, maninho. — Você vai ser mamãe, isso não te dá medo?

Isabella sorriu, dando de ombros.

— Estou morrendo de medo, mas não diga isso a ninguém.

— Certo... e... mudando de assunto, me conta o que esse jogador significa pra você. Eu só digo o que você já sabe: a mamãe está adorando e o papai, louco da vida.

Isabella deu uma gargalhada.

— O que você quer que eu diga? Só que gosto muito dele e que me sinto muito bem com ele... mas é isso, não há muito mais para contar.

Luis, que conhecia a irmã melhor do que ninguém, pegou-a pela mão.

— Você não me engana, te conheço e sei que, se não fosse importante, você não o acompanharia num evento familiar. Além disso, a mamãe me disse que ele foi ao aniversário da Suhaila, que se dá superbem com o Israel e que vocês quatro às vezes têm ido, nos fim de semana, a uma casa que ele tem na Toscana. Está saindo com ele desde fins de outubro, não é?

— É, em outubro ele sofreu a lesão, mas nossa história só começou em janeiro. Por isso, não fique todo empolgado, porque a gente só está se vendo há três meses, tá?

Luis sorriu ao ver o rosto aflito da irmã.

— Fette...

— Está bem, eu confesso: adoro o Rafael e acho... acho que me apaixonei por ele como uma perfeita idiota. Penso nele durante as 24 horas do dia e, quando ouço minha música preferida do Elvis, fecho os olhos e sinto que ele me abraça e... e...

— Isso é fantástico, Fetteeee!

— Não, não é fantástico — protestou. — Você já sabe minha opinião sobre as relações longas, isso sem contar quem ele é e...

Luis não a deixou continuar e cobriu sua boca com as mãos.

— Você tem que contar ao Rafael a sua situação.

— Não posso... não posso dizer a ele. Sei que se eu disser, ele vai me olhar diferente e...

— Mas, Bella, se esse homem sente o mesmo que você, por que a relação de vocês mudaria? Segurando as lágrimas, ela tomou a outra mão do irmão.

— Há alguns meses, num dia em que a gente estava em casa, me perguntou da Suhaila e eu comentei o problema dela. Você tinha que ver a cara dele só de ouvir a palavra "câncer". Quando ele está com a menina, tem que ver como olha pra ela. Ele a trata com carinho, mas olha com uma pena que eu não consigo suportar. Não quero que ele me olhe assim, só quero que continue me olhando como até agora, você não entende?

Luis suspirou. Entendia perfeitamente.

— Te entendo, mas você não está agindo direito, Bella, não está mesmo.

— Está bem, eu reconheço, estou fazendo tudo errado, mas o problema é meu, não é?

— Claro que é, mas você deveria pensar que nem todos são como Enzo e, principalmente, deve entender que quem te amar vai te amar seja qual for a circunstância, maninha.

Aquilo a fez sorrir e, no fim do café, Isabella se levantou dizendo:

— Vamos... vamos passear por Madri, que a gente está precisando.

Durante horas percorreram as ruelas da cidade, pararam em frente a uma infinidade de vitrines e entraram em duas lojas para comprar camisetas de presente para Suhaila e Israel.

Às seis da tarde, Rafael ligou para se encontrar com ela. Iriam se ver dali a meia hora na Plaza de las Cortes.

Isabella sorriu ao ver Rafael chegar: estava muito bonito com seu jeans escuro, a camisa xadrez e a jaqueta azul-marinho.

Sabia que ele estava olhando para ela, apesar de disfarçado com o boné e os óculos de sol. Sentir-se observada a excitou.

Quando chegou até eles, Rafael beijou Isabella nos lábios e estendeu a mão a Luis.

— Prazer em conhecer você, Luis.

— Igualmente, Rafael.

Adorando estar com dois homens que amava tanto, ela tomou cada um por um braço e, juntos, passaram um fim de tarde espetacular em Madri.

Luis teve tempo suficiente de comprovar como Rafael olhava para sua irmã e como prestava atenção em tudo o que ela fazia. E confirmou que era mútuo. S

orriu ao ver Isabella feliz, mas também intuiu que ela ia acabar mal, muito mal, se não mudasse de atitude.

Naquela noite, quando se despediram, Isabella beijou o irmão.

— Você tem que vir nos visitar em Milão, a mamãe morre de saudade.

— Vou assim que puder, Fette.

Rafael percebeu o carinho que os irmãos tinham um pelo outro. Despediu-se de Luis com um abraço.

— Foi um prazer te conhecer e espero te ver por Milão.

— Vai me ver, mas enquanto isso, cuida da minha irmã, está bem, cara?

Olharam-se e sorriram. Depois de um último beijo em Isabella, Luis parou um táxi e foi embora.

De mãos dadas e protegidos pela escuridão da noite, Isabella e Rafael caminharam calmamente até

chegarem a Chamberí, de volta à casa dos pais do jogador.

Vai sonhando!Where stories live. Discover now