No domingo de manhã, o humor de Rafael havia melhorado.
Quando se levantou, desceu para tomar café lendo o jornal em que ele aparecia agarrado a Bimba, na companhia de vários companheiros de time.
Depois foi para a academia e fez alguns alongamentos. Isso lhe faria bem. Quando acabou, colocou música. Coldplay sempre o fazia se sentir melhor.
Entrou no chuveiro e logo em seguida o celular tocou. Ele nem se abalou, pois não queria conversar com ninguém.
Dez minutos depois, enquanto se vestia, o celular voltou a tocar.
Dessa vez ele atendeu: era seu agente, Toni Terón, com quem discutiu algumas cláusulas de um contrato para fazer propaganda de roupa esportiva.
— De verdade, te achei muito bem ontem à noite — Toni disse.
— Sim, estou contente, acho que a fisioterapeuta está fazendo um bom trabalho — reconheceu Rafael, enquanto massageava a perna direita.
— Aliás, falando da fisioterapeuta, não acha que os honorários dela custam caro demais? Sabe... nem que ela revestisse sua perna de ouro a cada sessão.
— O trabalho dela vale. Você mesmo viu como estou bem.
— Eu sei... eu sei... Também queria discutir o assunto dos pagamentos feitos a ela. Acho que você poderia ter abatimento nos impostos por se tratar de algo assim.
— Algo assim? Do que você está falando?
— Os pagamentos que você me pediu para depositar semanalmente são cem por cento destinados à conta de uma instituição chamada Casa della Nonna.
— Casa della Nonna?! — Rafael repetiu, muito surpreso.
— É um abrigo para crianças órfãs. Nossa, cara, essas coisas me comovem.
Rafael ouviu com assombro o que seu agente lhe comunicava e, antes de desligar, pediu a ele o endereço do lugar.
Abalado, ele se pôs a pesquisar no laptop. Leu tudo o que encontrou sobre o abrigo e se deu conta de que Isabella acabava de surpreendê-lo mais uma vez: o dinheiro que ele pagava não era para ela, mas sim integralmente destinado àquelas crianças.
Isabella e seus segredos.
Chamou um táxi e decidiu visitar o centro. Não tinha nada melhor a fazer.
Quando o taxista parou em frente ao chalé nos arredores de Milão, Rafael estremeceu ao ver o aspecto muito decadente do lugar, que precisava de uns bons reparos na fachada. Se estava daquele jeito do lado de fora, ele se perguntava como estaria por dentro.
O taxista, emocionado por fazer uma corrida para Rafael Vitti, não cabia em si de felicidade e propôs esperar por ele. Rafael aceitou e saiu do táxi com a ajuda de sua muleta.
Assim que abriu o portão para entrar no jardim, várias crianças de idades diferentes o olharam; afinal, era um estranho.
Porém, como ocorria na maioria das vezes, saíram correndo até ele no instante em que o reconheceram.
— Você é o Rafael Vitti? — perguntou um menino moreninho de óculos. — O atacante do Inter? — insistiu, alucinado, outro menino um pouco maior.
Com um grande sorriso, o jogador confirmou.
— Sim, amigos, sou eu mesmo, mas cuidado que estou de muleta.
A algazarra instalada naquele momento foi espetacular. As crianças se amontoaram ao redor dele, desejando perguntar um milhão de coisas.
Era tamanho o tumulto, que uma mulher saiu para ver o que estava acontecendo.
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Vai sonhando!
RomanceRafael é um famoso jogador do Inter de Milão conhecido como "o touro espanhol". Sua rotina se alterna entre os dias no campo de futebol e as noites ao lado de mulheres "tecnicamente perfeitas". Até que ele se machuca gravemente durante uma partida e...