12.

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Às oito e meia da manhã, Isabella estava no carro com o irmão, o pai e a mãe.

Os quatro, como uma família unida, estavam a caminho da clínica onde Isabella faria alguns exames. Havia chegado o momento, o tão temido momento.

A tensão dentro do carro era palpável, mesmo que ela tentasse brincar e fazê-los rir.

Como sempre nesses casos, Raquel, a mãe de Isabella, apesar de sua altura imponente, parecia pequenininha.

Era como se o medo a encolhesse, a aprisionasse. Estacionaram e, enquanto caminhavam até a entrada principal, Isabella notou que tinha dificuldade para respirar.

Sentia falta de ar. Seu pai a pegou pelo braço e sussurrou ao ouvido:

— Está bem, Smurfette?

— Sim, grande chefe — respondeu, recuperando o sorriso e o fôlego.

Aquela brincadeira entre ela e o pai havia surgido quando sua irmã lhe comprou uma peruca azul e sempre, sempre, os fazia sorrir.

Foram até o departamento de oncologia. Isabella tinha frequentado aquele lugar tantas vezes nos últimos anos que algumas enfermeiras eram praticamente amigas.

Depois de se despedir com um beijo dos pais e outro do irmão, ela saiu acompanhada de uma enfermeira.

Sua família ficaria esperando numa sala reservada. Rachel viu a filha se afastar e desmoronou.

Sem aguentar mais, começou a chorar.

Sua cabeça se negava a aceitar que tudo tinha começado outra vez: sua linda filha lutava contra o medo de ter câncer de mama outra vez, um maldito tumor que havia reaparecido mais de uma vez. Isabella tinha passado por duas cirurgias, muitas sessões de quimio e de radioterapia e, principalmente, por muito sofrimento. Porém, ela era forte, uma lutadora, uma

guerreira, e nunca se queixava, embora, a cada seis meses, tivesse que repetir tudo e lidar com o medo.

Isabella, com a frieza que a caracterizava nessas ocasiões, tirou a roupa e deixou que fizessem o exame.

O mais doloroso já tinha passado três semanas antes, quando foi sozinha até a clínica.

Neste dia, a médica faria apenas um exame de rotina, mas Isabella não podia evitar o pânico de que algo voltasse a não estar bem.

Vinte minutos depois, voltou a se reunir com sua família, que a recebeu de braços abertos.

Antes que a vissem, Isabella tratou de se recompor, tentou voltar a ser a garota cheia de vida de sempre. Mas o medo invadia todo o seu corpo e se refletia em seus olhos.

Olhos que sua família, e em especial seu pai, conhecia muito bem. Olhos que eles sabiam que estavam sofrendo apesar do sorriso.

O oncologista, acompanhado de outra médica, lhes pediu que entrassem no consultório. Isabella pegou a mão de sua mãe, ansiosa, e Rachel a apertou para lhe dar forças.

Em silêncio, durante alguns minutos que pareceram eternos, os médicos compararam os exames anteriores com os atuais e depois de avaliá-los, anunciaram:

— Está tudo bem, Isabella. Os marcadores tumorais são favoráveis. Você precisa continuar com a medicação, uma única dose diária de Tamoxifeno.

— Está bem — respondeu ela, com o coração a mil.

— Nos vemos de novo em seis meses.

Ouvindo os resultados, Rachel cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar de alívio, enquanto Norton se levantava para abraçar a filha.

Isabella, nesse momento, deu uma grande risada e seu irmão aplaudiu feliz. Assim que os médicos saíram, quando a família ficou a sós, os quatro se abraçaram e choraram aliviados.

Estava tudo bem e era o que importava.

Vai sonhando!Where stories live. Discover now