16.

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— Verônica cuidará dela. Ainda temos muito a discutir.

— Mas eu preciso cuidar de minha filha!

— Estou lhe dizendo para ficar! - esbravejou, tentando se controlar em seguida. - Isso é mais importante. A criança está segura com Verônica.

Ela se voltou, com lágrimas nos olhos.

— Esta é outra punição, não é? - acusou amargamente. - Como pode ser cruel a ponto de me separar de minha filha?

— Está me enfrentando, cara? - indagou, o tom perigosamente sedutor.

Camila respirou fundo.

— Não deixarei que me subjugue novamente. Não sou mais aquela criatura tola e frágil. Lutarei com você nem que seja no fim do mundo!

— Isso não tem nada a ver com a criança. - Ela começou a se aproximar lentamente e Camila, com o peito arfante, não recuou. -Tem a ver com o fato de você estar me enfrentando. - Outro passo.

— Por favor, pare de me intimidar!

Lauren estava gostando da discussão. Camila começou a perceber o brilho de satisfação naquele olhar. Rapidamente, ela a segurou pelos punhos e colou o corpo no dela, ofegante.

— Gosto disso, cara. Costumava gostar do vinho doce que você era, mas creio que gostarei muito mais do sabor rascante que adquiriu.

— Não quero que goste de mim! - ela murmurou, em protesto.

— Não? - a desafiou, com um tom aveludado na voz. - Sei que deseja ser beijada até ceder totalmente.

— Não!

Tarde demais. Os lábios sedentos cobriram os de Camila, fazendo seu corpo ganhar vida. A mais velha ainda a segurava pelos punhos. Roçou seus seios fartos no da latina, tornando-os rijos. Movia os quadris contra os dela, fazendo-a gemer, protestar. Combateu os protestos insistindo no movimento, até que ela cedesse ao beijo. Então Camila abriu a mão, anunciando a rendição final. Precisava acariciar aqueles cabelos, aquelas costas, manter os lábios sedentos contra os seus, agarrar-se àquele corpo amado. Lauren fazia carícias ousadas. Camila suspirou sensualmente e envolveu-lhe o pescoço, roçando-se nela. Enlouquecida com o movimento, Lauren segurou-a pelos quadris e ergueu-a. Como num transe, a única palavra que vinha à cabeça de Camila era "perfeito". Tudo era perfeito! O seu toque, seu beijo. Perfeito...

Quando Lauren a carregou no colo, ela não protestou. Quando a levou para o quarto, só protestou quando ela afastou-se um pouco para acomodá-la na cama. Então Lauren voltou-a a beijá-la, o que foi sua perdição. Camila perdeu-se enquanto se acariciavam e tiravam as roupas, perdeu-se no olhar sedutor de Lauren, que se deitava sobre ela, penetrando-a lenta e profundamente, os lábios tensos, o rosto crispado pelo desejo. Atingiu o clímax com um desespero possessivo que a fez chorar.

— Não me odeie, Lolo... - ela sussurrou.

Ela não respondeu. Com os olhos baixos, voltou a beijá-la. E ali mesmo, ao sol da tarde, perderam-se novamente no delírio lento que seus corpos clamavam.

Ao despertar, minutos mais tarde, Camila percebeu que Lauren se fora. Será que ainda a odiava? Ou odiaria a si mesma? Camila caiu na armadilha, seduzida pela paixão tórrida a que fora submetida, pelo amor que tinha pela filha, pelo terrível ciúme que experimentava duas vezes por semana, quando a esposa partia para Taormina, só retornando tarde da noite. Estavam naquela situação havia um mês. Lauren não voltara a viajar. Trabalhava em seu escritório na villa, onde passava a maior parte do dia, aparecendo apenas no almoço, do qual Camila não participava, e no jantar, para o qual ela era aguardada. Da sala de jantar, levava-a ao quarto, para noites ardentes de amor, ou despedia-se e ia a Taormina. Nessas ocasiões Camila se trancava no quarto e chorava. Certa noite, amargurada, explodiu quando a esposa tentou tocá-la.

— Tire suas mãos de mim! - esbravejou. - Se quer sexo, peça à sua amante!

— Minha... o quê? - Ela parou, o corpo apoiado num dos cotovelos. - Amante?

— Sabe exatamente de que... e de quem... estou falando!

Lauren a fitou com o olhar zangado.

— Essa amante... tem um nome?

Camila recusou-se a responder. Ela sorriu e segurou-lhe o pulso delicado.

— Posso forçá-la a me dizer...

— Queime no inferno, Lauren Jauregui!

— Prefiro queimar dentro de você, cara...

— Ou de sua amante! Só depende do dia da semana, não é?

Ela arregalou os olhos, surpresa.

— Como?

— Sabe que estou me referindo à Keana. A mulher que você visita duas vezes por semana. Agora, tire as mãos de mim! - Tentou afastá-la, inutilmente. - Se a deseja, entregue-se a ela! Mas não terá também a mim!

Lauren ficou repentinamente séria.

— Não? Você pôde ter um amante. Por que eu não posso?

Ela fechou os olhos, engolfada pela angústia.

— Não suporto mais isso - sussurrou.

— Suporta, sim - ela disse entre os dentes. - Terá que suportar muito mais. Portanto, deite-se e, se preciso, pense em Miami, cara! - escarneceu. - Quando a desejar, eu a terei!

Possuiu-a com tanta sensualidade que Camila não conseguiu pensar em nada. Bem mais tarde, imaginando que ela dormia, Lauren se levantou, vestiu o robe branco e saiu para o terraço. Ficou lá por um longo tempo. Camila, acordada, perguntava-se se ela estaria se odiando novamente por desejá-la. Fechou os olhos, desesperada com aquela situação. Ao ouvir a esposa retornar ao quarto, não se mexeu. Viu-a deitar-se silenciosamente, e o silêncio era uma tortura. Mas um grito foi ouvido, e ambos ergueram-se.

— Clara!

Camila saltou da cama antes que Lauren tivesse tempo para reagir. Pegou o robe e pôs-se a correr, apavorada com os gritos da criança, que ecoavam no corredor. Ao entrar no quarto, encontrou Verônica com a menina nos braços. O corpinho de Clara estava trêmulo, e os gritos eram inconsoláveis.

— O que houve? - Camila pegou a filha, estreitando-a contra seu corpo e murmurando palavras tranqüilizadoras.

— O homem... mau... apareceu - contou Clara entre soluços. - O homem mau... queria... me levar!

Camila ergueu o rosto empalidecido para Verônica, que balançou a cabeça.

— Pesadelo -a babá murmurou. - Clara os tem ocasionalmente.

— Quer dizer... - Camila precisou acalmar a voz antes de prosseguir: - Quer dizer que isso já aconteceu e você não me contou?

A moça ficou desconcertada.

— Nunca foi tão ruim, signora - explicou, erguendo os olhos quando Lauren assomou à porta, vestindo apenas um short.

— Saia! - disse Camila, num tom cortante. - Verônica saiu do quarto. - Calma, meu benzinho - sussurrou para a criança. - Mamãe está aqui.

— Camila... - A voz de Lauren soou rouca, pesada.

— Não quero falar agora.

Depois de um longo silêncio, Lauren saiu. 

Rumor Has It • Camren G!P [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora