10.

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Lauren entrou no quarto decorado em rosa e branco e parou na janela, as mãos enfiadas nos bolsos da calça. Camila permitiu-se fitar a mulher que um dia fora tão intimamente sua. A esposa era seis anos mais velha e a diferença entre ambas era evidente. Tinha a pele extremamente branca, enquanto ela era bronzeada; dura enquanto Camila era suave. Mesmo com tantos contrastes, ou por causa deles, Lauren gostava de tê-la a seu lado. A maneira como a fitava deixava todas as mulheres morrendo de inveja. Mas, com o tempo, a novidade perdera o encanto, especialmente quando Camila começara a dar provas de que não tinha estrutura para lidar com o ritmo de trabalho, com as ausências de Lauren. O medo que ela sentia de Michael atingiu um ponto insuportável e a fez pedir que fosse morar num lugar só deles.

— Muito bem - disse Lauren, trazendo-a ao presente. - Fale.

Camila assustou-se. Perdida em suas lembranças, esquecera-se até de que ela estava no quarto.

— De quê? - perguntou.

— Da criança - ela disse. - Do que está sentindo agora. Fale o que quiser.

Camila não pôde disfarçar a melancolia quando sorriu.

— Você não quer ouvir.

— Se isso a ajudar, ouvirei. - Ela respirou fundo. - Como ela é?

Camila a fitou, intrigada. Por que fingia estar se importando?

— Você viu a foto. Ela se parece comigo - respondeu, desejando poder mencionar ao menos uma semelhança física com ela. Impossível. - Tem meu rosto, meus cabelos, meus olhos... - Poderia dizer que Clara tinha o sorriso da outra mãe, a mesma obstinação, o mesmo encanto. Mas isso não bastaria. - Ela demorou para falar, mas andou muito cedo. E gosta quando as pessoas sorriem. Se alguém a olhar com expressão zangada, ela chora... - Camila engoliu um nó na garganta ao imaginar como aquelas pessoas impiedosas estariam tratando sua filhinha. - Lauren... - suspirou aterrorizada. - Estou com medo.

A mais velha se voltou, os olhos tão sombrios quanto a expressão.

— Eu sei.

— Se ferirem minha filhinha... - Novamente se calou, debatendo-se com o medo. – Eles machucariam um bebê? Teriam a ousadia de fazer isso?

Lauren pareceu agitada ao responder:

— Eles não farão mal algum a ela. De nada lhes servirá machucar a criança.

— Então por que esse silêncio tão longo? O que estão esperando?

- Estão jogando conosco - Lauren respondeu gravemente. - É um jogo muito cruel, que tem como objetivo nos fazer sofrer. Agem assim para nos deixar desesperados, a ponto de concordar com qualquer coisa.

— E você... concordará com qualquer coisa?

— Céus! - ela murmurou, esfregando os olhos cansados. - Quantas vezes terei que dizer que farei tudo para resgatar sua filha?

— Sinto muito... Mas é tudo tão... - Ela se calou, a voz embargada pelas lágrimas.

Lauren se inclinou para ajudá-la a erguer-se.

— Venha. Você está exausta, não conseguirá descansar aqui.

Ela tinha razão. Camila estava tão cansada que mal podia parar em pé, mas mesmo assim suplicou:

— Não me mande de volta a meu quarto! Por favor! Não quero me sentir só!

— Não ficará sozinha. - Gentilmente, ela tirou o bichinho de pelúcias dos braços de Camila e colocou-o sobre o berço. - Ficarei com você.

Rumor Has It • Camren G!P [REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora