One more day

46 3 0
                                    



POV Bryana
- o que você têm hoje? - Sandra, minha colega de laboratório perguntava enquanto me cutucava com um lápis cheio de adesivos fofinhos, borboletas e coisas do tipo. Sim, isso era ridículo, mas ela era legal, então eu sempre deixei passar.

- nada - disse, concentrada em arrumar os beques, em uma fileira certa, para colocar a substância que o professor iria pedir nas instruções da lousa.

- mesmo? - provavelmente ela havia percebido meu comportamento estranho desde ontem. Pelo menos, alguém notava quando eu não estava bem.

- sim, eu só estou um pouco cansada - e cheia de problemas, dores, cortes, pensamentos suicidas e nenhum amigo, e claro, querendo ficar sozinha. Mas é óbvio que se eu falasse que eu quero ficar sozinha, ela não me deixaria quieta. Ninguém nunca deixa, é sempre assim.

Me virei na esperança de encontrar a cara de alguém que sabia que eu não estava bem, que queria ouvir meus desabafos, que queria realmente, me ver feliz, mas a única coisa que encontrei foi uma menina baixinha, de cabelos pretos e curtos, escutando uma música da Demi Lovato, pois dava para ouvir a voz potente de longe.

Suspirei enquanto apoiava meu queixo no braço, e sentindo uma dor forte no pulso logo depois. Eu, porém, não poderia reclamar disso, tinha que agir normalmente. Até quando essa vida iria continuar uma bosta? Fiquei mexendo num fio de cabelo rebelde que caiu do meu rabo de cavalo, até que nada mais, nada menos, que Peter Haidan sentou-se ao meu lado. Ele podia, com certeza, ser considerado gêmeo de Ian Somerhalder, o mais gato dos gatos dos mais gatos - e claro, dos mais gostosos desse planeta.

- posso sentar aqui? - ele disse, enquanto já jogava seu caderno e estojo em cima da bancada. Olhei em sua direção e ele me olhava esperançoso.

- já sentou - sorri docemente. Ele sorriu de volta, e eu não sei como, eu havia me esquecido como seus olhos verdes eram penetrantes. Senti minha mão formigar e já começar a suar de nervoso, ah não Bryana, de novo não.

Graças à Deus, o professor entrou na sala e fui forçada a parar de encará-lo para me virar e ouvir a explicação.

- então, hoje vamos fazer uma experiência com fogo, então não vamos precisar de qualquer outro instrumento - bufei, então eu tinha gastado meu tempo arrumando aquela porcaria pra nada? - primeiramente, vocês deverão pegar um pouco de cada pote que está ali, em um deles têm enxofre, no outro têm nitrato de sódio, e assim por diante, peguem exatamente 5mg e joguem no fogo, mas com cuidado, e anotem o resultado - fechei os olhos e massageei as têmporas, parecia que tudo que eu tinha acabado de escutar era em grego.

- dia ruim? - virei a cara e encontrei aqueles lindos olhos. Bosta, por que ele sempre me olhava assim?

- muito pior do que você imagina - sussurrei, na esperança de que ele não ouvisse, mas infelizmente, minha missão falhou. Ele me olhou com pena e balançou a cabeça positivamente, logo depois levantando e indo buscar o resto que precisariamos para a experiência. Ah meu Deus, obrigada! Se fosse para pedir para Sandra, ela iria ficar um século mexendo naquela joça de iPod e a aula terminaria sem notas extras para ninguém. Sei disso, já aconteceu uma vez. Pois é, a única que trabalhava aqui era eu.

Ele se aproximou e trouxe vários potes na mão, dei risada quando ele praticamente derrubou tudo na mesa. Ele me olhou de um jeito estranho e começou a jogar tudo na chama que alguém - provavelmente, ele também, enquanto eu estava distraída - havia acendido.

Com isso, um forte cheiro de podre e uma fumaça preta ENORME começou a sair, me desesperei.

- PARE! - gritei, mas tudo já estava embaçado, e como eu esperava, ele ria da minha cara. Canalha. Filho da puta. Viado. Então era isso? Ele havia sentado na minha bancada pra fazer merda? Não acredito que eu havia caído na mesma ladainha. Confirmei minhas dúvidas quando ele levantou e bateu na mão de um dos seus amigos, logo depois sentando ao lado deles.

Ótimo.

Já previa a cena seguinte.

- BRYANA VALDORM, que raios aconteceu aqui? - Sandra estava tossindo muito e de olhos arregalados enquanto o Prof. Alex gritava comigo.

- Eu-eu juro que não sei, foi ele, foi o Peter! - eu tentava responder, mas a gritaria só aumentava, e a fumaça também - eu juro! Foi ele! - acusei, apontando em sua direção, mas não havia mais ninguém ali, nem na merda do laboratório. Só eu. A fumaça preta dominava o ambiente e eu tateei a porta de saída, logo depois correndo para fora e morrendo de medo do que aconteceria se alguém me encontrasse.

Quando me virei, todo meu mundo caiu.

A diretora estava na minha frente, encarava meus olhos com raiva.

- Para minha sala, já!

Warrior Onde histórias criam vida. Descubra agora