Warrior

Being understood

POV Bryana

- eu volto tarde hoje, vou no shopping com a sua irmã, tá? - assenti, enquanto subia as escadas para meu quarto, eu nem perguntava mais se ela iria sair comigo, ela nunca me chamava para isso, e ainda mais, passava o dia inteiro só falando da sua Lindsay Lindsay e blá bla blá.
Me virei e logo quando tranquei a porta, soltei um suspiro pesado. Ótimo, agora eu podia ficar sozinha. Finalmente.
Deitei na minha cama e fiquei encarando o teto, por quê tudo tinha que ser uma grande merda? Suspirei e tentei me animar, levantando para pegar meu notebook.
Quando liguei, milhões de notificações antigas de email de William apareceram, fazia tanto tempo assim que eu não o usava? Sem querer, lágrimas se formaram em meus olhos.
" 26/08/2012
Bry,
Ta tudo bem por ai?
Fiquei sabendo que a vó meggie morreu. Eu sinto muito, mesmo longe, vou estar aqui!"

"27/08/2012
Seria ótimo se você me desse notícias,
Te amo. "

"30/08/2012
Eu liguei pra tua casa e sua mãe me disse que você não estava,
Estou preocupado"

"30/09/2012
Hoje faz exatamente um mês que você não fala mais comigo,
Sinto falta da minha melhor amiga"

"02/04/2013
Me responde? "

"01/09/2013 -
Eu arranjei vários amigos, mas nenhum se compara a você, sei que pode parecer meio gay, mas essa música é de mim pra ti, eu sinto sua falta...
http://m.youtube.com/watch?v=0KrImGtd-AM"

"05/09/2013-
Bryana...
Só não faça nenhuma besteira"

Abri um sorriso quando vi que ele não havia me esquecido, ele era meu melhor amigo desde sempre, e há dois anos, quando se mudou para a Inglaterra, eu não suportei mais ler seus e-mails.
Com a morte da única pessoa que me importava e que se importava comigo, eu não quis mais viver. Eu não quis mais ter nenhum tipo de divertimento, de prazer.
Não conseguia, só isso.
Apertei no link e a música começou a tocar, sorri.
O título descrevia exatamente tudo que eu sentia.
" I hate you
Don't leave me
I feel like I can't breathe
just hold me, don't touch me
"
Lágrimas caíram de meus olhos e eu não pude evitar abrir cada vez mais meu sorriso de dor.
" and I want you
To love me
But I need you
To trust me
Stay with me
Set me free"
Fechei os olhos e segui o ritmo da música. Eu soluçava sem parar e meus braços latejavam, por que todos tinham que me deixar?  Ou era eu que os deixava? Talvez fosse, mas todos sabem que quando me afasto não é por mal, eu simplesmente preciso de um tempo pra mim, todos precisam.
" I admit
I'm in and out of my head
Don't listen to
A single word i said
Just hear me out
Before you run away
'Cause i cant take this pain
i hate you
Don't leave me"
Soltei um grito alto de dor, meu peito ardia em chamas, era como se alguém tivesse enfiado uma estaca e eu era um vampiro. Eu sentia como se estivesse morrendo. Por dentro. Deitei na cama e, ainda de olhos fechados, continuei a ouvir a triste melodia. Sua batida era viciante, eu já estava apaixonada pela voz. A mulher simplesmente me compreendia, contava tudo o que eu sentia, espalhava com suas palavras doces cada pedaço quebrado de mim. Mesmo que eu não quisesse, mesmo que eu já estivesse à ponto de querer morrer.
" they forget me
When they love me
They leave me
Don't see me"
Meus batimentos cardíacos haviam aumentado e eu ouvia de longe o barulho descompassado que vinha do meu peito. Como alguém que eu mal conhecia podia me descrever tão bem? Continuei a acompanhar a música, a viajar entre suas linhas, suas palavras partidas, seus nomes invisíveis.
Quando percebi, já haviam passado horas. Eu continuava a ouvir a mesma voz, a mesma doce e perfeita voz.
Eu continuava a sofrer.
Mas era diferente, agora eu compartilhava minha dor com alguém.
Sem pensar, peguei minha lâmina e passei quatro vezes seguidas em cima dos machucados anteriores que mal haviam se cicatrizado. Sem dó.
" I'm addicted to the madness,
Im a daughter of the sadness,
I've been here too many times before"
Observei o sangue escorrer e pingar no meu lençol recém lavado.
Eu tinha uma nova aliada.
Posso admitir, nunca havia gostado tanto de uma música, nunca havia me sentido tão ligada à alguém.
Quando olhei o nome da cantora, me assustei. Eu a havia julgado desde sua atuação em Sunny entre Estrelas, Camp Rock e outros. Eu a conhecia bem até demais, eu a odiava. Senti uma dor forte no fundo do meu coração. Como eu pude não perceber que ela era tão parecida comigo? Voltei à observar meu braço estraçalhado pelas marcas, pelo sangue.
Chorei.
Deixei as lágrimas caírem, de novo. Espessas e grossas, rolando pelo meu rosto.
Mas dessa vez, por culpa. Naquele momento, eu me apaixonei por alguém, e comecei a odiar mais do que antes, outra pessoa: à mim mesma. Eu merecia toda aquela dor.