Sweet nothing

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POV Bryana

Abri os olhos lentamente e enxerguei tudo embaçado, ouvi o barulhos dos carros lá fora e imediamente lembrei que eu devia ter ido embora. Me virei, esperando encontrar um relógio ou algo do tipo, mas não achei nada. Do mesmo jeito, eu teria que sair dali. Olhei para o lado e vi uma cadeira de rodas, ótimo.

Suspirei e olhei para a parede. Eu podia ficar ali, acho que ninguém notaria. Ninguém me notava mesmo.

Ou sentia minha falta.

Suspirei mais uma vez, dessa vez, tomei coragem e arrastei minha perna até a cadeira que estava metros de mim, senti uma dor lacinante e desabei quando finalmente encontrei a textura confortável. Movi as rodas com a mão até a porta, parando um pouco para olhar o quarto, mas logo me lembrando que eu não tinha nada pra levar mesmo. Nada, só um vazio. Um vazio enorme. Saí pelo corredor ignorando todos os olhares bravos em minha direção, provavelmente estavam querendo me bater por roubar um hospital. Merda. Meu primeiro delito, e iria estar preparada para muitos mais, afinal, eu não tinha mais para onde ir.

Mordi meu lábio inferior quando achei a porta principal e saí, finalmente. Quando respirei aquele ar puro, meu peito se preencheu e eu soltei devagar, fui deslizando pela rua, todos me olhavam, e eu me sentia cada vez pior. Minha perna estava enfaixada e era bem fácil de ver o corte, por isso a maioria que passava observava devagar meu estado. Porra, eu nem tinha me olhado no espelho! E nem precisava, eu não ia conseguir colocar um sorriso no rosto, não depois de tudo. Por quê me importaria tanto a minha aparência? Nada me importava mais, só Demi. Tudo que eu precisava. Era mais do que necessidade, era o ar que eu respiro. Comecei a sentir a pressão do ar sobre minha cabeça, e entrei numa rua escura, soltando tudo que estava no meu peito. Foda-se o que fosse acontecer, eu queria mesmo é ficar nesse chão nojento, toda suja e morrendo de fome. Eu quero morrer.

POV Demi

Devo ter rolado umas 30 vezes na cama, até perceber que eu não conseguiria pegar no sono. É claro que eu não conseguiria, tudo estava dando errado. As cenas da mãe de Bryana não paravam de passar na minha cabeça e eu não conseguia parar de me culpar. Virei de barriga pra cima e soltei o ar dos pulmões. Merda. Ela nunca iria me perdoar, e pensar nisso só me doía mais. Eu pude sentir meu peito explodir em milhões de sensações, e eu percebi. Droga, eu estava apaixonada.

Levantei e peguei o conjunto de sempre, calcei um par de sapatos e prendi meu cabelo num coque. Eu tinha tomado uma decisão, e por pior que ela fosse, ou melhor, eu iria ter que ir atrás dela.

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