Bad day

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POV Bryana

Eu ouvi uma junção de barulhos, e em tudo que pensei foi em Demi. Sim, nela.

'Obrigada por ter tentado me salvar' disse baixo, assim que vi duas luzes fortes vindo em minha direção. De repente, eu não estava mais lá. Dois braços seguraram em minha cintura, e eu fui jogada para o outro lado da rua.

Bati minha cabeça no chão, com força, e tentei me levantar, mas não consegui. Eu estava fraca demais. Senti minhas mãos ficarem úmidas quando toquei a parte de trás de minha cabeça, droga. Tudo estava girando e minha visão ainda estava turva. Respirei fundo três vezes antes de balançar a cabeça e sentir tudo girando, mais uma vez. Mas agora, eu podia enxergar perfeitamente. Eu havia caído em cima de uma poça de água. Pude respirar, aliviada.

Me levantei, devagar, agradecendo à quem tentava me ajudar, e me dirigi para o tumulto no meio da rua. Não pude acreditar. Lágrimas se formaram em meus olhos e eu chorava compulsamente, Peter estava em baixo do veículo, e havia muito sangue. Tipo, muito mesmo. Por quê ele havia feito aquilo por mim? As lágrimas caíam cada vez mais, como se eu estivesse em meu quarto, ouvindo 'nightingale' e pensando em como eu nunca seria boa o bastante. Forte o bastante. Merda, eu devia ter contado pra ele.  Eu devia ter falado que eu iria morrer de qualquer jeito. Que eu já estava morta por dentro. Me afastei, me afastei do ar empregnado, do cheiro de sangue, do corpo de quem eu queria cuidar. Eu gostava dele desde criança, e eu o havia perdido. Se ele tivesse sobrevivido, nunca seria o mesmo.

Me perdi nas ruas, minhas pernas seguíam rumo próprio, e minha cabeça também. Minhas costas estavam doendo, meus braços latejavam e minha cabeça não conseguia mais suportar tantos pensamentos suicidas. Olhei para minha manga e a vi cheia de sangue. Bosta, meus cortes estavam abertos de novo. Mas eu apenas suspirei, e sentei no chão da calçada. A rua estava vazia, então eu nem me preocupei em colocar meu casaco, tanto que o tirei e joguei no chão. Eu queria me enxergar como eu era: fraca, inútil e assassina. Eu me matei. Eu matei Peter.

Coloquei a cabeça entre as mãos e comecei a chorar. De novo. Meu rosto era lavado pela água salgada que saía e, mesmo assim, eu não me sentia melhor. Eu me sentia cada vez pior. Soluçando, comecei a puxar meu cabelo, e a coçar diversas vezes, o mesmo braço. Sangue começou a sair, e eu dei graças à Deus por não ter me cortado hoje. Se eu tivesse feito isso, seria pior, mas pelo menos, eu conseguiria provocar dor mais facilmente. Agora eu me culpava pelo contrário. Eu devia ter me machucado, por quê eu pensei que seria diferente? Eu não devia mais me iludir desse jeito. Eu era um lixo. Eu tinha que aceitar isso. Cenas do rosto dele, pálido, cheio de sangue, vieram à minha mente, e eu tentava de qualquer jeito causar dor à mim mesma.

Então, pensei em como seria quando eu voltasse para casa.

Minha mãe, provavelmente, iria brigar comigo, dizendo que não me viu quando acordei - como se quisesse ver - e eu daria uma desculpa esfarrada qualquer, deixando-a mais brava ainda. Ela iria dizer que eu fui o pior erro que cometeu. Ela sempre dizia isso, pois sabia que me afetava. E então, eu iria correndo pro meu quarto, me cortar. Iria pro meu isolamento. Iria para a minha prisão. E meu pai, ah meu pai, quando ele chegasse em casa, nem perceberia que eu estive fora o dia todo, e só iria perceber por causa do carro. Merda, o carro. Suspirei e continuei sentada ali. Eu não queria ir pra casa, eu queria fugir. Mas eu não podia simplesmente deixar tudo ali. Nesse momento, eu desejei arduamente poder me desculpar.

'Me desculpe'.

Eu queria me desculpar comigo mesma. Com quem tinha confiado em mim desde o começo, com quem me amou, e depois me abandonou. Vocês fizeram o certo, pensei. Não, uma parte de mim ainda acreditava que eu tinha salvação, aquela mesma parte que acreditara que Peter realmente gostou de mim. Eu dei um sorriso tristonho para mim mesma e levantei.

Enquanto limpava as lágrimas que insistiam em continuar caindo, eu andava calmamente pela rua.  Eu já sabia o que fazer, eu não queria mais machucar ninguém. Eu iria levar o carro até minha casa, escrever uma carta, e simplesmente ir embora. Ir embora desse mundo, de uma forma bem mais eficaz, e não no meio da rua. Eu tinha um plano em mente, e ele iria funcionar perfeitamente.

De repente, algo me fez parar bruscamente.

Minha visão estava embaçada, mas eu pude enxergar quem estava ali.

Pisquei várias vezes antes de piscar de novo, Demi Lovato estava bem ali, metros na minha frente.
Eu podia correr, gritar, chorar, berrar, eu podia fazer tudo que eu quisesse, mas não. Eu apenas fiquei ali, extasiada, parada, a observando, até que ela se virou e abriu um grande sorriso para mim.

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