Out of control

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POV Bryana
Demi tinha o dom de conseguir fazer tudo melhorar, assim como eu tinha o de destruir todas as coisas. Aquele chocolate quente estava maravilhoso, e, aquele beijo, ah, isso sim tinha sido perfeito. E mesmo que eu tivesse estragado tudo depois, aquele momento ainda havia acontecido. Era real.
- você sabe que se demorar mais pra tomar,  vai ficar gelado, né?! - Demi disse, rindo, ao perceber que eu não tinha tomado nem metade da bebida. Bem...
Abri um sorriso devagar, entregando pra ela a xícara, com o mínimo de movimento que eu podia fazer. Meus braços agora estavam tão machucados quanto minha perna, e eu mal conseguia pensar se meu coração ainda doía, ou melhor, doía menos. Olhei para Demi, e, depois de alguns minutos me encarando, o que me fez realmente ficar vermelha, ela disse, sorrindo:
- vamos levantar, dona Bryana?
Me joguei na banheira, e fechei os olhos. Não. Eu queria ficar lá para sempre. Se eu saísse dali, pisasse no chão, eu voltaria à realidade. A realidade de que eu mais queria fugir. Eu não tinha casa. Minha família me odiava. Eu havia matado meu quase namorado, e, principalmente, eu me sentia um lixo. O pior tipo de pessoa do mundo.
- vou ter que chamar o guincho? - ela disse, e, então, fez uma cara safada. Logo imaginei de que tipo seria e me deixei esboçar um sorriso, que se transformou em vermelhidão, que eu sentia espalhar pelo meu rosto. Demi era perfeita, e, mesmo quase morrendo de vergonha, não consegui tirar os olhos dela. Ah, se ela apenas me beijasse de novo... Vi ela rir, provavelmente, da minha cara, e, me aprontei em levantar, quer dizer, tentar levantar.
Demi percebeu que eu precisava de ajuda e me segurou, ajudando até chegar no seu quarto, e, quando deitei na cama, imediatamente senti o maior alívio do mundo. Dormir sempre era a melhor parte do dia, ou melhor, da minha vida. Talvez, em meus sonhos, eu conseguisse ter pessoas que me amam à minha volta. Neles, minha avó estaria viva, minha mãe não seria tão egoísta comparada à realidade, e, eu, sei lá... Talvez eu conseguisse ser um pouco mais feliz.
Mas a minha vida não era um sonho. Muito pelo contrário, era o pior dos pesadelos, e eu precisava acordar para a realidade. Suspirei e me ajeitei na cama. Imersa em pensamentos, apenas depois de alguns minutos percebi o silêncio estranho que estava no quarto e procurei por Demi. Nada. É, talvez a minha vida sempre fosse ser assim. Sozinha. Na escuridão.

          POV Demi

Saí do quarto devagar enquanto Bryana continuava imersa em seu mundo. Ela provavelmente não conseguiria fazer nada errado em meu quarto, então eu estava sossegada. Sentei no sofá e joguei meus pés pra cima. Ah, dia longo. Eu não devia ter dormido nem 5 horas a semana inteira, estava acabadíssima. Pensei em Bryana, seus olhos, seus lábios cheios, seu corpo pequeno, mas totalmente sexy, aquele cabelo... Quase fechei meus olhos, quando um barulho me fez acordar, também me fazendo agradecer, pois meus pensamentos não estavam nada apropriados.
"Brrrrr, brrrr"
Demorei um minuto para processar. Meu celular. Onde eu havia colocado? Merda. Minha mãe devia estar morrendo de preocupação.
"Brrrrrr, brrrrr, brrrrr"
Corri para a mesa e abri a gaveta, finalmente, achei o maldito. Apertei o botão verde direto, sem nem olhar quem era. Devia ser minha mãe.
- oi, desculpa não ter ligado, as coisas viraram de ponta cabeça, me... - ouvi na outra linha uma voz me interrompendo. Ah, não.
- Onde é que você tá? - ele falava, quase gritando - você sabe como eu fiquei preocupado? Ou até imagina? - suspirei. Era só o que me faltava.
- Wilmer, eu... - balbuciei. Merda, merda, merda, merda.
- Eu o quê, Demetria? Você tem uma explicação plausível, agora? - por que eu deveria ter que me explicar sempre pra ele? Não, eu não tinha uma desculpa. Mas e daí?! Senti os nervos me subindo à cabeça. Respirei fundo antes de falar:
- Não, não tenho. Mas adivinha? A vida é minha! Eu posso querer dividi-la com você, mas é necessário confiança. Se eu não pude te ligar, não foi de propósito. Apenas aceite que eu tenho uma vida quando não estou com você! - eu provavelmente o havia machucado muito com essa última frase, mas tinha que ser dito. Wilmer, meu namorado, eu o amava, muito mesmo, mas eu nunca tinha visto uma pessoa tão controladora quanto ele. E aquilo me irritava profundamente.
- Eu sei, mas você sabe que eu te amo... - ele disse, devagar agora, o que me fez sentir mil vezes mais culpada do que antes. Só que, dessa vez, eu também me sentia ainda mais culpada por ter traído ele, com Bryana e muitos outros. Talvez, eu devesse tentar ser mais fiel. Ele também havia me traído, mas eu já estava indo longe demais.
- eu também te amo - eu disse - muito, mesmo - repeti, para fazê-lo se sentir melhor - mas agora eu preciso desligar, tá bom? Estou super cansada, beijo, tchau! - desliguei antes que ele falasse algo que pudesse me tirar do sério novamente e me fazer querer terminar tudo. Eu nunca me perdoaria perder a pessoa que sempre me ajudou quando precisei.
Mas ao me imaginar voltando para Los Angeles, meu coração se partia, uma dor profunda fazia meus olhos quase derrubarem lágrimas. Eu também não queria ficar longe de Bryana. Ela estava se tornando uma das pessoas mais importantes de mim. E aquilo, definitivamente, estava saindo do controle. 

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