My dear friend

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"- Meus medos?

- É.

- Eu tenho medo de ser esquecido."

POV Bryana

Me sentei na mesa e ela já trouxe dois sorvetes de chocolate, e eu me lembrei de como ela ama brigadeiro. Sorri, e ela me olhou rindo.

- você gosta tanto assim de sorvete? - perguntou, me vendo abrir cada vez mais meu sorriso.

- bom.. eu não gosto só do sorvete - eu disse, piscando pra ela, que ficou vermelha. Merda, eu tava mesmo fazendo isso? Me culpei mentalmente, ela devia estar até com o Wilmer.

- então.. - comecei - por quê você decidiu ajudar uma estranha? - eu não devia ter perguntado isso, mas a dúvida não saía da minha cabeça.

- de quem você está falando? - ela fez uma cara engraçada de burra - eu não vejo nenhuma estranha aqui - eu ri, e ela fingiu que olhava para os lados, me fazendo rir mais ainda.

- fala sério Demi, você não sabe nada sobre mim, você só me ajudou por quê eu tava passando mal - eu disse dando uma gargalhada, mas ela estava séria - me conta a verdade - nesse momento, eu percebi o quanto ingrata eu estava sendo. Porra, por quê eu tinha que ser tão tapada? Senti meu peito arder de novo, droga, tudo estava indo tão bem, mas foi por pouco tempo.

POV Demi 

Será que eu tinha feito a escolha certa?

Passei a mãos em meus cabelos, pensando em como foi difícil deixar meu namorado em outro país, minha melhor amiga, e vir aqui para fazer uma apresentação. Deixei todos que eu amava, eu só queria ajudá-la. Ela parecia com a antiga eu. E a Demetria de antes precisou de ajuda. A Demetria de hoje só queria ter ajudado a anterior.

Suspirei, seus olhos me pediam desculpa.

- você me conhece, certo? - ela assentiu, e eu sorri - então não precisamos dizer mais nada - eu percebi que meu sorvete já havia derretido, mas ela havia sido esperta o bastante para tomar o dela antes daquela pergunta desconcertante. Droga, é por isso que meus fãs me chamam de lerda. Ri baixinho, e ela percebeu.

- hmm.. Demi - ela me chamou e eu virei, eu estava tentando segurar a casquinha de um modo que conseguisse tomar o líquido de dentro.

Ela riu e apontou para minha blusa.

Ótimo, eu havia derramado tudo. Peguei um guardanapo, mas acabei derrubando o resto também, no mesmo lugar.

Apoiei as duas mãos na mesa e revirei os olhos, ela se matava de rir do outro lado da mesa, e o clima ruim já tinha passado.

- Ô tartarugaaaa - ela gargalhava e apontava pra minha blusa, eu já tinha desistido de tudo, e estava tentando segurar o riso, ela se contorcia na cadeira de tanto rir - não sabe limpar nem uma blusa, vem cá - me levantei e aproximei dela, os seguranças que estavam do outro lado da sorveteria tentavam segurar a multidão de fãs que queria tirar foto, com certeza, se conseguissem, iria para a primeira página.

Ela pegou um guardanapo e começou a esfregar na minha barriga, eu senti cócegas, e ri, mas depois de um tempo, eu comecei a sentir algo mudando, e quando ela terminou, eu sorri, meio nervosa.

- não sei como você consegue se virar sozinha Demetria.

Eu ri, mas retruquei:

- eu não vivo sozinha, sempre tem alguém lá comigo - ela fez uma cara de safada, e eu ri com a imagem de que ela podia ser uma das fãs "lesbians for Demi" - e não me chame de Demetria, e não, não é o que você tá pensando.

- sei - ela disse, enquanto olhava profundamente em meus olhos, me senti estremecer - sei bem quem cuida de você - ela disse, rindo, e cruzando os braços. Pelo jeito, os tablóides e noticiários faziam um bom trabalho e deixavam todos à par das coisas. Mas que merda, do que eu tô falando? Eu ri alto, e ela me olhava de um jeito diferente, continuei rindo.

- ai meu Deus, você não sabe de nada, tá? - eu disse, agora me levantando e puxando ela pra procurar uma saída - não mesmo - de nadica de nada, pensei.

Andamos até a cozinha, e eu achei uma porta pequena, quando saímos, eu pulei nas costas dela e ela teve dificuldade pra me segurar.

- UHULLL CAVALINHOOO - gritei, e ela me jogou no chão.

- cavalinho mal - eu disse, correndo atrás dela, que tinha ido em disparada até o outro lado do estacionamento, com certeza, ela estava com medo de mim. 

POV Bryana

Ela corria atrás de mim, e eu ria pra caramba, tipo, eu tava rindo de verdade mesmo. De repente, me senti sendo puxada pro chão, e não pude evitar de dar um "oi" para aquele asfalto sujo.

- ai - falei, com ela em cima de mim.

- mereceu - ela sussurrou, ainda em cima de mim, apertando com força minha bochecha. Eu mostrei a língua pra ela e tentei me desvencilhar, mas ela não deixou.

- cavalinho mal, de novo - ela disse, enquanto levantava e eu me senti livre novamente. Não que eu não tivesse gostado, mas...

Quando ela se virou, dessa vez, quem pulou em cima dela fui eu, e despreparada, ela caiu no chão.

Eu estava em cima dela, e ela olhava nos meus olhos, eu cruzei os braços e fiquei ali, sentada.

- olha só, como você consegue mudar de frágil pra uma pessoa super chata em dois segundos - ela disse rindo, e eu a olhei com fúria nos olhos, era pra ser uma brincadeira. Mesmo assim, eu estava magoada.

Eu não sou frágil.

Não, eu sou sim.

Ela tem razão.

Me levantei e andei em linha reta, até que ela me alcançou e se desculpou:

- eu sinto muito.

A interrompi, com lágrimas nos olhos:

- tudo bem, você, com certeza, não teve a intenção.

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