8. Brothers

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– Você realmente não escutou nada? – Perguntei, enquanto Jaebum e eu andávamos pelos corredores. 

– Não, não escutei. – Ele respondeu, enquanto carregava minha mala. – Achei. 

Nós já havíamos ido na diretoria e pegado as fichas de nossas aulas, juntamente com o número de nosso quarto. 

Aparentemente, havia uma regra no lugar: Não era permitido que garotos fossem para os os corretores dos dormitório das garotas depois das onze da noite e nem ao contrário. E, mesmo que fossemos "irmãos", aquela regra ainda era válida para nós também. 

– Essa é minha deixa? – Eu perguntei, quando finalmente chegamos no corredor de meu quarto. 

– Ainda não são onze horas. – Ele sorriu preguiçosamente para mim. – Vamos. 

Jaebum segurou minha mão, e nós caminhamos juntos até a última porta do corredor, onde agora, era meu quarto. 

Enquanto andávamos, haviam algumas garotas conversando em pé frente a porta, ou sentadas no chão. Quando passamos por elas, seus olhos sempre acabavam fixando-se em Jaebum e eu. 

"Eles são tão lindos juntos." Escutei uma garota dizer, e no mesmo instante tentei soltar a mão de Jaebum. No entanto, ele não deixou e ao invés disso, a segurou ainda mais firme. 

– Se soltar, elas irão achar estranho quando explicarmos depois. – Ele disse, e eu acenei. 

Aquilo era um total verdade e, tudo o que eu menos queria, era precisar explicar mais coisas do que o necessário. 

– Isso não vai parecer estranho? – Perguntei, após adentrarmos no quarto e Jaebum se jogar na cama. 

– Somos irmãos. – Ele disse, com um sorriso divertido nos lábios. 

O encarei por alguns segundos, e então passei meu olhar ao redor. Se eu não estava enganada, normalmente nos dormitórios, sempre ficavam ao menos duas pessoas no mesmo quarto. 

Haviam duas camas aqui, mas não havia qualquer outra coisa que eu pudesse deduzir pertencer a minha colega de quarto.

– Ela foi morta. – Jaebum disse, fazendo-me voltar a realidade. – Foi a primeira vitima, para ser mais sincero.  

– Ela dormia aqui sozinha? – Perguntei, surpresa. 

Ela deveria ser tão solitária. 

Jaebum acenou. Parecia um pouco desconfortável por estar tocando em um assunto assim. 

– As garotas do corredor disseram que ela sempre quis ter uma colega de quarto. – Ele disse.

Me arrepiei no mesmo instante que ele terminou de falar. Eu estava achando tão confortável a ideia de estar sozinha em um quarto, que senti-me culpada ao pensar que isso só foi possível por conta de uma morte. Uma morte de alguém inocente. 

– Bom, as aulas começam as sete e terminam as dez. – Ele disse, levantando-se da cama e caminhando até a porta com sua mochila. – Vejo você mais tarde. 

Jaebum saiu do quarto em seguida, e dessa vez quem se jogou na cama fui eu. 

Céus, tudo o que eu queria era apenas conseguir descobrir o mais rápido possível quem era o maldito vampiro, mata-lo, e então voltar para minha casa novamente, com meus odiosos pesadelos. Na verdade, a porta dos pesadelos eu dispensaria numa boa. 

O lugar embora sinistro, era movimentado. E isso de fato, me surpreendeu. 

Eu caminhava em direção a sala de aula, quando senti braços se apoiando levemente em meu ombro. 

– Pensei que o plano era fingirmos sermos irmãos, e não um casal. – Comentei, enquanto percebia os olhares das pessoas. 

– Eu deveria ter pensado na ideia do casal primeiro. Erro meu. – Ele fez uma carinha triste, que logo foi ocupada com um sorriso travesso. – De qualquer forma, isso torna as coisas divertidas. Imagine a reação deles, quando souberem que somos irmãos. 

– Nos não somos irmãos. – Eu disse, sorrindo. 

– Diga isso para quando estivermos sozinhos. – Jaebum disse em um tom baixo e provocante, mas eu apas ignorei, igual aos olhares que as pessoas nos lançavam, enquanto nós caminhávamos. 

– Por que eles nos encaram tanto? É irritante e estranho. – Comentei.

– Somos novatos, e não demonstramos nervosismo algum. Pelo contrário, parece até que estamos aqui há anos. Isso é estranho para eles. – Ele respondeu, dando de ombros. – Além disso, céus...  Somos incríveis juntos. 

Jaebum falava de forma tão confiante, que foi impossível me manter seria. 

– Menos, Jae. – Eu disse, sorrindo. 

– Sinto muito por você não aceitar a realidade. – Jaebum piscou para mim, e eu apenas revirei meus olhos, ainda sorrindo. 

Quando chegamos na sala, o professor fez com que nós nos apresentássemos, e a cara de surpresa que algumas pessoas fizeram ao descobrir sobre nossa pequena mentira, fez com que Jaebum e eu nos encarássemos, enquanto sorriamos falsamente. 

– Não acredito que eles são irmãos! – Escutei uma garota ao meu lado sussurrar, enquanto sentia seu olhar passar de mim, para Jae que sentava atrás de mim, e estava nesse exato momento, brincando com meu cabelo. 

– Bom, isso significa que nós temos chances, então. – Escutei outra falar. 

Respirei fundo, encarando o quadro e sentindo Jaebum mexer em meu cabelo. 

É, pelo visto nossa convivência aqui seria bastante conturbada. 

Blood Hunt ❄ Jackson WangOnde histórias criam vida. Descubra agora