16. Hell

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- Aqui, pega, isso é pra você. - Irene me entregou um copo de plástico vermelho com um líquido bastante peculiar dentro.

Em meus tempos de bebedeiras e festas, eu conseguia facilmente reconhecer os líquidos que me ofereciam. Na verdade, eu conseguia facilmente reconhecer qualquer bebida alcoólica que me oferecessem. Contudo, agora, eu sequer conseguia distinguir isso.

- O que tem aqui? O cheiro é bom.

- Energético sabor cítrico misturado com vodca. O favorito da casa. Ou melhor, quarto. - Ela disse um pouco alto, por conta da música.

- Obrigada. - Agradeci, com um pequeno sorriso nos lábios.

- Sem problemas. - Ela sorriu de volta, movendo-se animadamente por conta da música. - Viu a forma como ele olhou para você? - Referindo-se ao meu "irmão", ela perguntou.

- Eu deveria?

- Óbvio que deveria, está na cara que ele ficou afim de você!

- Isso é meio improvável. - Disse, com um sorriso nos lábios. Era impressão minha ou ela não sabia que Jaebum era meu irmão?

- Como assim? Por que seria improvável? - Ela pareceu confusa.

- Meio que ele é meu irmão, então...

Ao entender a situação, Irene tampou sua boca com uma de suas mãos e disse, um pouco baixo demais:

- Oh meu deus, puta merda! Sinto muito, eu não sabia.

No mesmo instante, Naomi começou a gargalhar alto e isso me fez sentir melhor. Pelo menos elas não pareciam estar interessadas nele, o que era bom.

- Isso é tipo insesto? - Naomi perguntou, sendo repreendida por Irene. - O quê? Ele é bonito. Eu não me surpreenderia se...

- Sua mente as vezes consegue me deixar assustada, é sério. - Irene disse.

Ela me encarou após suspirar e murmurou um "tente ignorar as coisas sem sentindo que Naomi diz quase sempre", e eu ri. Não por ela ter se dado o trabalho de se explicar, mas por Naomi ter dito logo em seguida que era mente aberta o suficiente para saber lidar com coisas "absurdas."

- Fala sério, nunca rolou nada entre vocês dois? - Naomi perguntou, sorrindo. - Porque se ele fosse meu irmão...

- Você aproveitaria a oportunidade? - Revirei meus olhos.

- Eu perderia a minha virgindade, isso sim. Aproveitar a oportunidade é louco demais para mim. Seria divertido ter experiências novas, nunca pensou nisso? - Ela disse, rindo.

- Naomi! - Irene gritou, mas era notório que ninguém, além de nós, escutamos.

- Ele não está interessado em mim - Murmurei, olhando em direção ao meu irmãozinho. Estava conversando com Sara e outra pessoas que eu desconhecia, mas parecia gostar bastante dele.

- É claro que não, ele é seu irmão - Irene falou.

Por algum motivo, senti que poderia confiar nelas. Senti que poderia facilmente contá-la que ele não era realmente meu irmão e o motivo de eu estar aqui. Mas esse ainda não era o momento. E abrir minha maldita boca era perigoso demais. E contra as regra.

- Exatamente - Pisquei para elas, sorrindo. - Vou andar por aí, vejo vocês depois?

- Claro! - Naomi sorriu. - Aproveite bastante, só não esqueça os preservativos!

Acenando, embora não tivesse levado aquele comentário a sério, fui me afastando lentamente delas até que comecei a ser levada pela música do quarto que, como meu irmão havia falo, era enorme.

Bebi mais alguns goles dá bebida refrescante que as garotas haviam me oferecido e comecei a arfar de cansaço. A música alta causando um arrepio em minha pele... não, espera, não era a musica. Era alguém. Um garoto.

E normalmente eu iria me sentir incomodado com o fato de alguém estar tão próximo a mim, mas ignorei. Caralho, eu estava bêbada. O que poderia dar errado? É, tudo. Mas eu ainda estava bêbada e muito possivelmente não lembraria de nada que fosse acontecer no dia seguinte.

O garoto atrás deslizou seus dedos até minha cintura lentamente e aproximou seu rosto do meu pescoço. Ele estava atrás de mim e eu sentia facilmente seu abdômen roçar em minhas costas enquanto me movia e sua respiração em meu ouvido, causando-me um arrepio.

Mas ninguém parecia notar isso. Todos estavam muito interessados em seus próprios universos.

- O vestido ficou perfeito em você - A pessoa sussurrou atrás de mim. E mesmo que estivesse completamente bêbada, recordei da mensagem em meu celular. - Eu estava certo, como imaginei, você fica incrível com tudo. E é ainda mais linda de perto.

De súbito, um enorme ataque de pânico começou a surgir em meu corpo e parei de dançar, sentindo as mãos dele acariciar meu cabelo, ainda atrás de mim. Eram mãos gélidas. Mãos de um vampiro.

Contando até três, sem dizer nada, virei-me rapidamente para observá-lo e o que encontrei deixou-me profundamente atordoada. Não havia ninguém atrás de mim. Por acaso eu estava delirando?

As luzes piscavam em cores azuis, verdes e roxas no teto. As pessoas dançavam. O som era alto. E eu estava ficando louca.

Pondo a mão no cabeça, assustada com o que tinha acabado de acontecer, não notei quando Jaebum aproximou-se de mim e segurou meus ombros, aproximando seu rosto do meu para me encarar, preocupado.

- Você está bem? - Ele perguntou.

Demorei alguns minutos para assimilar tudo e acenei, murmurando:

- Estou, só preciso voltar para o quarto. Minha tolerância para álcool não foi boa comigo hoje, irmãozinho.

- Tudo bem, vamos nessa - Meu irmão começou a segurar minha cintura, mas eu me afastei.

- Posso ir sozinha - Disse, vendo-o erguer uma sobrancelha.

- Lyan, você não está em condições de...

- É claro que estou. Você tem que aproveitar aqui. Provavelmente Sara está esperando por você. - Sorrindo, olhei ao redor. - E diga para o seu colega que sinto muito por não ter falo com ele. Além disso, você não está me devendo mais nada.

Embora Jaebum me olhasse de forma desconfiada, ele apenas respirou fundo e aceitou o fato de que nada que fizesse, seria capaz de me fazer mudar de ideia. Mas ele notou que eu não estava bem. E notou que algo havia acontecido.

Meu falso irmãozinho sabia de tudo sobre mim desde a morte dos meus pais. Isso me preocupava como um inferno, mas sabia que ele era uma boa pessoa ao ponto de respeitar meu espaço.

- Tudo bem - Falou, sorrindo. - Mas mande uma mensagem quando chegar ao quarto, caso contrário irei ficar preocupada com você.

- Eu mando - Comecei a caminhar rumo a porta, quando ele segurou meu braço. - O que foi?

Virei para encará-lo, confusa.

- Eu amo você, sabe disso, não é? - Indagou.

- É claro que sei, irmãozinho. Mas não seja meloso.

- Você está realmente bem?

- Estou - Disse, e saí do quarto.

Blood Hunt ❄ Jackson WangOnde histórias criam vida. Descubra agora