Prólogo.

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Faith 

O último botão do vestido é fechado, e sinto uma corrente elétrica misturada com nervosismo, percorrer todo o meu corpo, do meu dedão do pé, até meu último fio de cabelo. Bem devagar eu me viro, finalmente encarando o meu reflexo no espelho amplo. Quase imediatamente sinto meus olhos se inundarem de lágrimas, mas obrigo-me a me conter, caso contrário, a maquiagem de Jimmy seria arruinada. Não é uma maquiagem pesada, ou extremamente chamativa, mas sim algo simples, uma sombra cintilante destacando meus olhos claros, e uma pele iluminada, com as bochechas coradas. 

Sem sombra de dúvida, esse é o dia mais feliz de minha vida. Acredito, que toda mulher sonha em casar-se com o príncipe encantado, mas, eu nunca fui uma delas. Arrisco-me a dizer sim, sou cética sobre o amor ou eu era. Antes de conhecer Justin, eu não acreditava nessa ilusão de felizes para sempre, pensava ser uma ideia absurda, criada por mulheres cujo o único objetivo era casar-se com um homem, torna-se uma esposa e nada mais. 

Hoje reconheço o meu erro, fui crítica e dura, mas em minha defesa eu não entendia o amor. Não sabia o quão bom é ser amada, e amar. Nunca havia sentido a sensação de borboletas no estômago, ao beijar um homem, mas a com Justin eu sinto. Sinto fogos de artifícios, borboletas, tudo o que tenho direito, e um pouco mais. Ele é o meu príncipe, não veio em um cavalo branco, e não me deu um castelo, mas é tudo o que eu uma mulher pode querer. Gentil e doce, sem que isso afete seu lado um tanto bruto, que acredito existir em todos os homens. Romântico, mas realista, pé no chão, trabalhador, e sabe me dar prazer como ninguém. Ele é único, e em breve, ele será meu para sempre. 

–– Você está linda, Faith. –– diz Pattie, minha sogra. Um amor de mulher, uma mãe excepcional, e um exemplo a ser seguido. 

–– Obrigada! –– sorrio largamente. 

Novamente encaro o meu reflexo, e não nego, estou realmente bonita. O vestido é simples, sem muita extravagância. Suas alças são finíssimas, o decote é V, e não mostra nada além do necessário. A saia rodada, e com pregas aumenta um pouco o meu quadril, e a marcação na cintura, afina-a. Meu cabelo está preso em um coque firme, e um arco brilhante, se destaca em meio aos meus fios escuros. 

–– Aqui, isso vai deixa-la ainda mais linda. –– minha mãe me entrega uma caixa vermelha aveludada, e eu a pego, sem conter o meu sorriso. Dentro da caixa, um brinco brilhante, o mesmo que ela usou em seu casamento. 

–– Eles são lindos mãe, obrigada. –– eu a abraço, nossa altura é quase a mesma, e por alguns instantes relaxo minha cabeça em seu ombro. Ao me afastar, ela tira os brincos da caixa, e faz questão de coloca-los em minhas orelhas. 

–– A quanto tempo estamos aqui? –– procuro por algum relógio, mas não encontro nenhum. Nem mesmo sei onde está meu celular. 

–– Algumas horas. –– responde minha mãe. 

–– É melhor nós irmos, antes que meu noivo mude de ideia. –– rio. 

–– Não podemos ir ainda. –– diz uma de minhas damas de honra, atraindo minha atenção. Ela me encara por alguns instantes, e finalmente diz: –– Justin ainda não chegou. Todos estão esperando por ele. 

Fecho meus olhos com força, e solto um suspiro frustrado. Qualquer mulher em sã consciência entraria em crise, e mil e uma teorias se passaria por sua mente, incluindo a possibilidade de seu noivo ter desistido. Mas, no meu caso, eu apenas suspiro, sei que Justin não desistiu, por ele, nós teríamos nos casado muito tempo atrás. Também sei que ele não está com outra, confio em meu noivo de olhos fechados, e ele nunca me deu motivo para desconfiar. Sendo assim, após eliminar qualquer teoria maluca, sobra apenas uma, sendo ela a única que parece real. 

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