Somebody help me

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Faith

O carro preto, de vidro fumê para em frente a um prédio, completamente desconhecido por mim, e meu corpo cambaleia para o lado, devido a forma bruta como o motorista estaciona. Todo o meu corpo está mole, e minha visão embaçada, resultado de três comprimidos para dormir que tomei, contra a minha vontade, no aeroporto. Um homem alto, quase inatingível, abre a porta do carro, e me puxa para fora, sem muita delicadeza. Percebendo a minha dificuldade em manter-me de pé por conta própria, ele repousa a mão em minha cintura, e me ajuda.

Com dificuldade eu percorro todo o local com os olhos, procurando por qualquer detalhe que me faça reconhecer onde estou, mas nada, não encontro nada. O prédio amarelo é desconhecido, assim como tudo ao seu redor, desde as pessoas que parecem não perceber minha presença, até os pequenos restaurantes, e lanchonetes do outro lado da rua.

A porta de vidro se abre, e sou posta para dentro. O saguão é completamente branco, com alguns míseros detalhes em preto, e outros em cinza. Mas, o que realmente chama minha atenção, é a drástica mudança no clima, a brisa que me acompanhou do aeroporto até o momento, some completamente, dando lugar ao frio implacável, que quase congela os ossos. Abraço meu corpo na intenção de me aquecer, o homem que me segura percebe, a apenas o ouço soltar um suspiro irritado.

O elevador se abre em um passo de mágica. A lista numérica, ao lado direito da porta, não é extensa, e até onde consigo ver com clareza, são apenas cinco andares. Um som estridente irrita meus ouvidos, e a porta se abre. O corredor é simples, com apenas duas portas de cada lado. Sou conduzida para a porta da esquerda, já aberta, como se alguém estivesse à minha espera. Minha suspeita é confirmada, quando entro, e vejo a silhueta de um homem, do outro lado da sala pequena, na varanda, de costas para mim. Assim como todo o resto, o apartamento é simples, sem decoração, e de tamanho médio, com uma cozinha quase minúscula, e sala ligada ao quarto, deixando óbvio a falta de uma parede ali. De soslaio vejo uma porta branca, que deduzo ser o banheiro.

–– Que lugar é esse? –– pergunto, não diretamente a alguém, mas sim, a qualquer um que possa esclarecer minhas dúvidas.

Um longo silêncio é preenchido apenas pelo som dos carros que passam na rua. Até que finalmente, o homem, que até o momento não havia movido um músculo, se vira, exibindo um sorriso no mínimo maquiavélico. O azul dos seus olhos me fixa com uma intensidade, absurda, tornando impossível não sentir-me desconfortável. A cada passo mais próximo, posso ver com mais clareza sua beleza, e não nego, ele é realmente bonito. Mas, não uma beleza atraente, do tipo que arranca um suspiro, mas sim algo negro, quase sombrio, e que me deixa completamente arrepiada.

–– Essa é sua casa, Faith. –– ele diz, respondendo minha pergunta de quase dez minutos atrás.

Mesmo não podendo ver, sei que minha expressão é surpresa, chocada. Em um movimento cheio de elegância, ele manda o homem se afastar, obrigando meus pés a suportarem o meu peso, que agora, parece ser duas vezes maior que o normal.

–– Do que está falando? –– pergunto confusa. –– Onde estou?

Sem que eu lhe dê permissão, ele segura meu cotovelo, e me guia até o sofá cinza. Sento-me, e ele se senta ao meu lado. Arrasto meu corpo na direção oposta a dele, me afastando o máximo que consigo.

–– Você não precisa ter medo de mim. Eu não lhe farei nenhum mal. –– seu tom de voz é manso, sem nenhum resquício de maldade, mas meus instintos gritam que não devo confiar nele, muito menos baixar minha guarda, mas sim, manter meus sinais de alerta ligados. –– Tem roupas no armário, espero ter acertado o seu número. No banheiro a tudo o que uma mulher precisa para se sentir limpa. Você fará quatro refeições por dia, e todas elas serão tragas por Joseph. –– com o olhar ele indica o homem próximo a porta, o mesmo que em trouxe até aqui.

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