Accepting the new life

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Faith

Abro os olhos pela primeira vez desde que minha roupa foi arrancada de mim abruptamente, e imediatamente me arrependo. Minha vontade é fechar os olhos, apreciar a escuridão, enquanto imploro para que esse momento acabe logo, mas parte de mim, sabe que fechar os olhos, não tornará isso mais tolerável, assim como não fará com que as estocadas fundas sejam menos nojentas, e minimamente excitantes.

Sendo assim, foco meu olhar na expressão do homem montado em cima de mim, observando cada detalhe de sua face. Seu cabelo louro, levemente caracolado está úmido pelo suor, que ilumina sua testa. Seus olhos azuis estão fechados, completando a expressão de prazer, e extase. Ele não é feio, realmente não é, e para ser sincera é o tipo de homem que em uma tarde de sexta-feira chamaria minha atenção. Mas, qualquer beleza externa que ele tenha, é destruída por sua atitude grotesca de pagar por uma mulher, que não quer estar com ele. Eu.

Então me pergunto... Do que vale a beleza? Seus olhos azuis, e seu físico incrível não fazem com que eu queira estar aqui. A sensação de ter seu membro entrando e saindo de mim, não me excita. Apenas sinto nojo,  nojo dele, nojo de mim, e vergonha. Vergonha de ser fraca, vergonha que não lutar contra, e vergonha de estar tão exposta para esse homem que não conheço. Mas, afinal o que eu posso fazer? Nada.

Essa é a minha realidade agora. Sou uma prostituta, alguém que transa por dinheiro, e não importa o quanto eu queira, nada vai mudar isso.

–– Oh. –– ele urra, contraindo todos os músculos de seu corpo.

Por alguns instantes ele permanece imóvel, esvaziando-se dentro de mim. Agradeço por não ser obrigada a sentir seu líquido dentro de mim, ao menos Dean tem o bom senso de obrigar o uso da camisinha com suas garotas. Ele sempre nos lembra que se uma de nós arrumar um feto, ele não pagará pelo aborto.

–– Você é tão gostosa. –– seu corpo caí do colchão ao lado do meu. –– Não acredito que Dean te manteu longe dos holofotes por tanto tempo.

Ignoro completamente sua fala, e me levando recolhendo minha roupa íntima, e o vestido do chão. Em passos rápidos vou até o banheiro, e tranco a porta. Deixo minhas coisas em cima da pia, e me encaro no espelho. Ainda estou bonita. Claro! Dean me mataria se não estivesse. Mas o que é realmente a beleza? Para Dean, contanto que eu mantenha minha face angelical, como o mesmo a chama, e meu corpo em forma, estou linda. Ele não se importa com o brilho dos meus olhos que se perdeu, ou quanta maquiagem eu tenho que passar abaixo dos olhos para esconder as noites não dormidas.

Abro o registro, e me permito tomar um banho gelado, a fim de tirar de meu corpo, qualquer vestígio do homem deitado a poucos metros de mim. Não demoro muito no banho, apenas o suficiente para me sentir minimamente limpa. Enxugo meu corpo com uma das toalhas brancas proporcionadas pelo hotel. Ao menos disso eu não posso reclamar, ser vendida a magnatas, me livra do sofrimento de ser obrigada a transar em um motel meia boca, sujo, e fedorento onde eu acabaria, se tivesse sido comprada por outro alguém.

Já vestida, eu saio do banheiro. Recolho o par de salto alto do chão, e sento-me na cama para poder calça-los. Ergo-me, ansiosa para sair daqui, e voltar para o apartamento, que hoje chamo de casa. Caminho em direção a porta do quarto, mas antes que minha mão toque a maçaneta, meu braço é segurado com certa força, e sou obrigada a parar.

–– Me deixar ir embora. –– peço mansa e firme, mas não tão firme como eu gostaria. Sinto falta da antiga Faith, aquela mulher forte, que não permitiria que um homem a tocasse dessa forma.

–– Eu quero encontrar você novamente. –– seu olhar se fixa ao meu.

–– Diga isso a Dean, não a mim. Ele é quem controla a minha vida, sendo assim, é ele quem controla com quem eu transo.

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