Why?

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Faith

 –– Eu só acho que você está sendo burra. –– insiste Luna. Desde o momento em que Dean saiu pela porta do apartamento, lançando-me um olhar que ela julgou ser muito significativo, a mesma não parou de tagarelar sobre o ocorrido. –– Qualquer garota aqui, faria de tudo para ter a oportunidade que você está tendo, tudo bem, Dean é um ser humano repugnante, mas ainda sim, é a melhor coisa que pode nos acontecer.

Levanto-me do sofá, indo para a minha cama, onde me jogo, e fixo meu olhar ao teto. Minha cabeça está começando a latejar, e tudo isso é graças a Luna, que tem falado sem parar a quase uma hora. Esses sete meses que passamos juntas serviu para muita coisa, inclusive para nos aproximar, não que tenhamos nos tornado melhores amigas, mas presa em um lugar como esse, aprendi a dar valor as melhores coisas, sem me importar com o quão pequenas elas são, e Luna é uma dessas coisas.

Apesar de ser legal a maior parte do tempo, em alguns momentos como este, eu simplesmente queria poder fazê-la desaparecer. Quando Luna cisma com alguma coisa, dificilmente mantém a boca fechada, e eu como sua colega de quarto, sou obrigada a ouvir seus lamentos, murmúrios, e ataques de frustração. O que não consigo entender, é como ela, justamente a pessoa que mais vive reclamando de Dean, e o xingando de todas as formas possíveis, pode sugerir que eu me envolva com ele.

–– Além do mais, se não estivéssemos aqui, e sim no mundo real, e você o visse em algum lugar, com certeza daria mole para ele. Não negue.

–– Caso não lembre, eu sou uma mulher casada. –– a lembro.

–– Haha. –– riu, completamente sarcástica. –– Desculpa Faith, mas se acha que seu marido ainda se lembra de você está muito enganada. Se passaram meses, e não importa o quão apaixonado ele fosse, primeiro ele é homem e à essa altura, com certeza já deve estar com uma vagabunda.

Solto suspiro de frustração, mas também de raiva. Luna precisa aprender a hora de fechar a boca.

Por mais que eu não queira admitir para mim mesma, ela está certa. Se passaram meses, e Justin não deu nenhum sinal de vida, provavelmente porque acreditou naquela maldita carta. Não posso culpá-lo, realmente não posso, apesar de todas as palavras que escrevi serem mentiras, elas soaram como a mais pura verdade, e sei disso, pois só de me lembrar, sinto um aperto em meu peito.

No começo eu realmente acreditava que Justin iria me achar, e me salvar como um príncipe encantado, mas agora, sei que isso não irá acontecer. Meu marido me esqueceu, e como Luna disse, à essa altura, com certeza já deve estar com alguma vagabunda. Conhecendo o apetite sexual de Justin como conheço, ele não aguentaria nem um mês sem sexo, quem dirá sete.

É ilusão pensar que alguém virá me tirar desse lugar. Se quiser minha vida de volta terei que recuperá-la por conta própria. É isso! Já chega, passei tempo o suficiente me lamentando, e até mesmo, tentando aceitar essa realidade que me recuso a acreditar ser minha nova vida. Está na hora de me reerguer, e lutar por liberdade.

–– Você está certa Luna. –– digo mansa. –– Talvez eu deva aproveitar essa oportunidade com Dean. Quem sabe ele não se apaixona por mim, certo?

–– Eu não exigiria tanto. –– mesmo com o olhar fixo ao teto, posso ver seu corpo se aproximar, até que a mesma se sente na cama ao lado da minha. –– Mas, se algo acontecer vocês já é lucro. Duvido que Dean vá deixar algum homem te comer, depois que ele o fizer.

A forma tranquila como ela diz tais palavra me enjoa, mas para Luna parece não ser nada demais, quase como se estivesse dizendo à alguém quantos pães ela deve comprar na padaria. Mas, não deixo o meu desgosto transparecer, ao invés disso, sorrio minimamente, para convencê-la de que minhas intenções são mesmos estas. Apesar de não achar justo abandonar todas essas mulheres aqui, incluindo Luna, não posso incluí-las no meu plano, sei que não daria certo. Preciso fazer tudo sozinha, ser meticulosa, estratégica, esperta, e então quem sabe, talvez eu realmente consiga. Contudo, se tudo der certo, assim que der o meu primeiro suspiro de liberdade, corro para a delegacia mais próxima e conto tudo a polícia. De forma alguma vou deixar todas essas mulheres aqui, graças à elas eu não enlouqueci, elas são minhas únicas companhia, apesar de algumas serem irritantes, merecem a liberdade tanto quanto eu.

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