And now?

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Faith

Arrumo minha postura na poltrona de couro, cruzando uma perna com a outra, relaxando as costas contra o apoio, e tomando cuidado para a revista sobre minha coxa direita não cair no chão, afinal, a matéria sobre a atual economia é realmente interessante. Ao menos é o que eu digo a mim mesma, tentando me convencer de tal coisa para que eu consiga afastar Justin de minha cabeça, afinal, não posso dar bandeira, mas não pensar em meu marido, em nossa noite juntos ou na saudade que eu sinto é impossível. E essas três coisas juntas se misturam com a preocupação por não tê-lo visto nos últimos três dias, estou quase tendo um ataque nervoso e não posso evitar pensar no pior. Diversas vezes pensei em perguntar para Dean sobre o fotógrafo, mas isso seria o mesmo que declarar o meu interesse por ele.

De soslaio encaro Dean, quieto e pensativo em sua cadeira, enquanto analisa alguns papéis sobre sua mesa. Ele seria terrivelmente atraente, se eu não o considerasse um monstro.

Bufo, completamente desconfortável e angustiada. Não entendo porque ele me trouxe para cá, ao invés de me deixar em paz no apartamento, até parece quer marcar território como um cachorro. O único problema é que eu não sou uma cadela, sou uma mulher, uma mulher forte cuja autoconfiança e coragem fora restaurada após uma longa e linda noite de amor com o homem que ama.

–– Qual é o problema, preciosa? –– pergunta sem desviar sua atenção dos papéis em sua mesa. Papéis que em minha opinião podem ser importantes para o meu plano com Justin.

Droga, precisamos derrubar esse cara. Precisamos derrubar White Cube. Preciso descobrir quem é ‘’baby’’.

–– Estou entediada. –– respondo simples, omitindo todo o restante e fechando a revista. –– Posso ir pra casa?

–– Não. –– responde extremamente grosso, o que me surpreende, pois não a motivo para tal coisa. Dean respira profundamente e ergue sua cabeça, fixando seu olhar ao meu. –– Quero que fique aqui, já estou acabando com essa papelada e poderei ser todo seu.

–– Maravilha! –– exclamo com falso animo em meu tom de voz.

–– Você está diferente. –– ele relaxa na cadeira e coça o queixo com os dedos, enquanto me analisa dos pés até o último fio de cabelo. –– O que aconteceu entre você e o fotógrafo?

–– O que acha que aconteceu? Eu transei com ele ué. –– desvio meu olhar e abro a revista novamente, tentando dar fim ao assunto.

–– Só isso? –– ele insiste.

–– Não Dean, eu fiz o serviço completo. –– digo grossa.

–– Não entendo como um sujeitinho como ele conseguiu tanto dinheiro. –– ele cospe as palavras, nitidamente incomodado.

–– Ele é um ótimo fotógrafo, Dean. Agora se me der licença, eu vou sair. –– me levanto abruptamente, deixando a revista onde antes eu estava sentada.

Dou alguns passos em direção à porta, mas antes que minha mão possa tocar a maçaneta ele agarra meu braço com força e me puxa para trás, fazendo com que meu corpo se choque contra o seu. Encaro seu maxilar rígido e olhos semicerrados. Havia me esquecido do quão violento ele pode ser quando contrariado.

–– Está me machucando. –– digo, tentando me soltar.

–– A onde pensa que vai? –– pergunta de forma dura.

–– Eu só ia andar pela galeria. –– respondo. Ele me encara por alguns instantes, até finalmente desvencilhar sua mão de mim. Passo minha mão sobre o local, tentando amenizar o desconforto que seu toque causou. –– Nós vamos sair daqui a pouco.

The case of White Cube ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora