Knowing White Cube

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Faith 
 

A claridade do sol incomoda meus olhos, tornando impossível permanecer com os mesmos abertos. A cortina fina, não cumpre o seu propósito, de livrar-nos da luz matinal, sendo assim, sua presença, é completamente irrelevante. Viro-me para o lado oposto a janela, e abro meus olhos, desta vez, conseguindo mantê-los abertos. Solto um suspiro de cansaço, algumas partes de meu corpo doem, principalmente meu tronco, resultado de alguns dias sem dormir. Não consigo, simplesmente não consigo pregar os olhos, em partes por medo, medo de que algo pior do que isso aconteça, e me assombre durante o sono, mas também, por não perder a fé de que a qualquer momento o meu Justin virá me resgatar. 

Luna por outro lado, não parece incomodar-se com a nossa situação, e seu ronco alto, resultado de um sono profundo, é a prova viva disso. Ela é uma boa garota, e tem tentando me ajudar a passar por esse pesadelo. Ela tem sido uma amiga, por assim dizer. O apartamento a onde me colocaram tem sido o meu refúgio, e até hoje não fui obrigada a sair daqui, mas isso não me conforta, pois Luna, quase a todo momento me diz que em breve, isso irá mudar. Segundo ela, Dean pode estar se fazendo de bom moço agora, escondendo o monstro que existe dentro de si, mas uma hora a fera irá acordar pra mim, assim como acordou pra todas, e nesse dia, eu não poderei fazer nada, pois estarei petrificada de medo. 

Ainda tento entender o que me trouxe aqui, e realmente, a única opção plausível, é o trabalho de meu marido. Meu sequestro deve ser uma vingança, ou o preço pago por algo. Eu sabia os perigos de casar-me com um policial, diversas vezes Justin recebeu ameaças, mas o próprio sempre me passou confiança, e me prometeu que nada de ruim nos aconteceria. Eu por minha vez, confiei nele, é claro que sim, ele é meu marido, o amo mais do que a minha própria vida, e agora o pior aconteceu... Estou aqui sem Justin, com pessoas da pior espécie, e em breve meu pior pesadelo se inicia. Só espero que meu Justin não tenha acredito naquela maldita carta. 

Por favor, Deus, não deixe meu Justin acreditar naquelas palavras. Faça com que ele se lembre do quanto eu o amo, e que não sou capaz de abandona-lo por vontade própria. 

–– Bom dia, Faith. –– a voz de Luna desperta-me de meus pensamentos. 

–– Bom dia. –– digo baixo, quase em fio de voz. 

De soslaio posso vê-la se levantar, esticar o corpo, e caminhar até minha cama, ao lado da sua, onde se senta. 

–– Ainda não conseguiu dormir? –– nego com a cabeça. –– Você precisa dormir, Faith, ficar acordada não lhe fará bem, pelo contrário... Dean nos compra por nossa beleza, se não mantê-la, não sei o que ele será capaz de fazer com você. 

Engulo em seco suas palavras. Não respondo, apenas mantenho meu olhar ao nada, pois realmente não sei o que dizer. Me considero uma mulher forte, com uma língua afiada, e sempre com uma resposta pronta, mas agora... Eu não sei, é como se eu não me sentisse eu mesma, é como se eu não fosse a Faith. 

–– Se importa, se eu for tomar banho na sua frente? –– pergunto, ainda com a voz baixa. Ela nega com a cabeça. 

Luna se levanta, e eu faço o mesmo, indo em direção ao banheiro. O lugar é quase um cubículo, com chuveiro, vaso sanitário, uma pia pequena, e sem espaço de sobra. Tiro minhas roupas, as mesmas que uso desde o dia que fui tirada de minha casa a força. As mesmas não contém mais o cheiro gostoso, o que é de se esperar após o meu recorde de dias sem banho. Entro no box, e abro o registro. A água é surpreendentemente morna, e consequentemente eu relaxo meu corpo em baixo da mesma. 

Perco a noção de quanto tempo passo no banho, e só penso em sair, quando Luna bate na porta, e grita para que eu saia. Desligo o registro, e me enrolo na toalha amarela, que no primeiro dia, Luna havia dito ser minha. Enxugo todo o excesso de água em meu corpo, e saio do banheiro, vendo-a sentada no sofá. 

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