New air

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Justin

Sete meses depois.

Viro para o lado oposto pela terceira vez em um minuto, consequência de estar deitado em um sofá, e não em minha cama, não durmo em meu quarto desde o dia que Faith me abandonou. Não entendo o porquê dela ter feito isso. Olho em cima da mesa de centro e lá está a carta, amassada e amarelada, por tê-la amassado incontáveis vezes, e a pegado várias vezes não me importando de como está a condição de minhas mãos nos últimos sete meses. Ainda não sei por que guardo aquilo, o que confirma que sou mesmo um masoquista, estou sempre relendo aquela carta, e prolongando minha dor, talvez uma forma de me lembrar, para que nunca mais sege um babaca, e que nenhuma mulher merece o amor de um homem, todas não prestam, falam que homens são cafajestes, reconheço que quando queremos somos, mas elas não ficam atrás, quem foi abandonado e sofre por amor neste momento, sou eu. Faith foi a cafajeste da relação, prometi a mim mesmo que não pensaria mais em Faith, o que é em vão, ela não sai do meu pensamento, porém não choro mais, e nem me pergunto vinte quatro horas o porquê. Do que adianta meus questionamentos se não tenho respostas? Nada!

Volto a me ajeitar no sofá, apesar de o mesmo ser grande e confortável não se pode comparar a uma cama. A preguiça de sair do sofá, e ir para o que antes era um quarto de hóspedes, que agora pertence a mim, é grande. O que me espera é uma cama vazia, grande e fria. Passo, muito obrigado.

Pego meu celular que está ao meu lado, e começo me questionar se terei forças para levantar quando amanhecer o dia. É assim que aproveito a insônia que adquiri, pensando. Penso em tomar um café, um bem amargo, o que não é bom. Mudo de ideia, ficarei ainda mais aceso do que estou, se isso for mesmo possível.

Nada mudou em minha vida, estou casado sem ter uma esposa, trabalho para o mesmo departamento, tenho o mesmo parceiro, como Henry diz, só estou rabugento demais para minha idade. Eu só não tenho vontade de ir para festas, baladas, pegar geral, não me tornei um padre ou um monge, só transo com alguma mulher quando meu corpo não aguenta mais, a merda toda é que algo dentro de mim grita que sou casado e tenho que respeitar minha mulher. Sou um imbecil por pensar assim, já que quem me abandonou foi ela. O que posso fazer quando ainda estou preso a esse sentimento?! O amor e ódio estão lado a lado, atrevo-me dizer que de mãos dadas dentro de mim, esse é o problema, quando pegamos no coração, só tomamos no cu.

Meu celular desperta me levanto no mesmo instante, mesmo não tendo dormido nada pela noite, não me sinto cansado. Deixo meu celular em cima da mesa e vou para o quarto de hóspede, pego meu uniforme que já está separado e vou para o banheiro. A água gelada que bate em meu corpo me faz dar um sobressalto e me desperta mais ainda, fecho os olhos enquanto a espuma que foi provocada pelo meu shampoo escorre pelo meu rosto e uma cena vem em minha mente.

" –– Qual sua cor preferida Faith? –– perguntei enquanto a vejo olhar o vendedor de algodão-doce fazendo a alegria das crianças ali presente.

–– Se me perguntasse isso em nosso primeiro encontro Justin, diria que é o preto ou lilás, desde menina não consigo me decidir. –– seu olhar voltou para mim e depois de um mês saindo com ela algo inédito aconteceu: a vi corar pela primeira vez. –– Mas, ultimamente é a cor dos seus olhos. Eles não saem de minha mente Bieber. "

Desligo o chuveiro, e negativamente balanço minha cabeça, não preciso ficar mal pela manhã. Enrolo a toalha em meu corpo, e logo estou vestido. Vou para a cozinha enquanto travo minha arma, e a coloco presa em meu coldre. Tomo apenas um café, e enquanto beberico aos poucos o líquido preto, vejo que minha mãe me mandou uma mensagem.
 

De: Mãe às 6:32am

‘’ Venha almoçar comigo hoje, meu filho. Esqueceu que tem mãe? Estou falando sério meu bebê, venha ver sua mãe, estou com saudades e você tem se isolado de todos. Te aguardo, com amor mamãe. ‘’

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