Capítulo 10

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Capítulo 10

Narcisa Malfoy

- Estava esperando por você. – Lúcio disse dobrando o jornal e deixando-o de lado sobre a mesa assim que Narcisa entrou na sala de jantar.

- Voltando aos antigos costumes? – ela se surpreendeu pela atitude dele enquanto se sentava ao seu lado. – Fazia isso quando Draco era criança. – disse enquanto preenchia a louça de sua xícara com chá.

Ele sorriu, Narcisa sorriu de volta guardando para si a dúvida sobre o que ele tinha em mente agindo daquela forma enquanto ambos iniciavam um café-da-manhã silencioso.

- Como estão as coisas no ministério? – ela quebrou o silêncio após um longo minuto.

- Quietas. – respondeu Lúcio e o silêncio voltou.

Narcisa continuou a comer. Não gostava do silêncio entre eles.

- Estão recebendo notícias sobre...

- Querida. - Lúcio a cortou – Não na hora do café-da-manhã. – sorriu ele.

Ela soltou o ar frustrada e voltou-se para seu prato. O silêncio veio e dessa vez ela deixou durar. Lúcio também não o interrompeu e assim eles seguiram toda a refeição restritos ao som de talheres e louças.

Seu marido era um homem quieto dentro de casa, não gostava de muito barulho e durante as refeições qualquer conversa deveria ser regida exclusivamente por ele. Narcisa sabia disso, mas havia meses que não conversava com o próprio marido, tinha que tentar de alguma forma.

- Voltarei para o jantar. – ele disse se levantando ao terminar. – Arrume-se bem, vamos a casa dos Parkinson.

Narcisa levantou os olhos surpresa.

- Por que está me dizendo isso agora?

- Por que foi uma decisão que tomei ontem. – ele disse – E você já estava dormindo quando cheguei em casa.

Ela engoliu as milhões de perguntas que tinha sobre aquilo, não seria nada sábio abrir uma discussão sobre o assunto. Apenas assentiu em confirmação tendo todos os motivos para desconfiar daquela atitude. Sabia mais do que ninguém que seu marido era o tipo de pessoa que não gostava de surpresas durante a agenda da semana.

Quando ele saiu tudo que restou para Narcisa foi se questionar o porque de um jantar com os Parkinson justo quando tudo parecia fora do lugar naquela cidade. Ela respirou fundo, empurrou seu prato ao perder o apetite, e olhou para o jornal que Lúcio havia deixado sobre a mesa. No mesmo segundo ela o puxou sentindo uma veia de raiva saltar em seu pescoço.

A figura em destaque era Hermione no maravilhoso vestido que ela havia escolhido para usar no dia anterior saindo de uma das lojas de artigos para poções do centro. Narcisa levantou respirando fundo, deixou a sala de jantar, cruzou o mais rápido que pode toda a mansão, passou pela varanda da frente, desceu os degraus para o pátio e encontrou o cocheiro recostado em sua cabine.

- Quero estar na casa de Draco em um minuto! – ela foi severa.

O homem pulou para abrir a porta para ela.

- Viu o jornal, querida? – Lúcio chamou sua atenção enquanto entrava na cabine da carruagem da frente com um sorriso desdém e irritante.

Narcisa não o respondeu, apenas entrou, sentou-se e abrir a matéria em seu colo enquanto sentia que começava a se mover. Leu enquanto a palavra Sangue-Ruim corria em sua cabeça incessantemente. O artigo não era ruim, dava a entender que Draco e Hermione não haviam saído de Brampton Fort para uma Lua de Mel, elogiava o bom gosto de Hermione para se vestir e sua beleza diante do sol não muito apreciado pelos moradores locais sugerindo que ela havia dado um tempo em seu status de recém casada para aproveitar o incomum dia ensolarado. O que preocupou Narcisa foi a repetida menção do tempo em Brampton Fort, as pessoas estavam reparando que algo de errado estava acontecendo. Mas o perigo não estava só ali, logo nos últimos parágrafos havia uma sutil sugestão de que talvez Draco estivesse ocupado demais em fazer com que a cidade voltasse ao normal. Fechou o jornal engolindo a raiva. Bateu na cabine e colocou a cabeça para fora.

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