Capítulo 09

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Capítulo 9

Ronald Weasley

Aparatou na esquina tentando fazer o mínimo de barulho possível. Empunhou a varinha quase que imediatamente e correu para de trás da árvore do quintal de uma casa assim que viu uma senhora sair das sombras para debaixo da luz fraca de um poste antigo. Ele agachou e tentou conter a respiração quente e ofegante que produzia uma espécie de névoa contra a noite fria de Godric's Hollow. Esperou que a senhora miúda passasse e então varreu a área com os olhos tomando todo o cuidado de alguém que vivera anos em guerra. Levantou-se assim que traçou seu caminho para cruzar a rua. Alisou as roupas trouxas, levantou o capuz de seu casaco e enfiou as mãos no bolso. Pulou para a calçada e da maneira mais natural possível, caminhou.

O risco de estar ali poderia custar sua vida. Mas ele precisava ter certeza de que não deixaria passar nenhum lugar em branco apenas porque poderia ser capturado ou morto.

Não muito longe ele viu por entre os muito bem arrumados sobrados um lote escuro ocupado por uma casa em pedaços. Olhou de um lado para o outro da rua e apertou o passo. Tinha que fazer aquilo o mais rápido possível. Tinha que dar o fora dali. Sentia a adrenalina do perigo fazer com que cada folha seca arrastada pelo vento fosse um comensal gritando as suas costas.

Respirou fundo e empurrou o enferrujado portão da cerca que fechava o jardim da frente. Andou pelas pedras irregulares sobre a grama crescida e mal cuidada. A madeira dos degraus da varanda rangeram quando ele subiu para o nível da casa. Na porta entreaberta ele leu:

Neste local, na noite de 31 de outubro de 1981,

Lilian e Tiago Potter perderam a vida,

Seu filho, Harry, é o único bruxo

a ter sobrevivido à Maldição da Morte. Esta casa, invisível aos trouxas,

foi mantida em ruínas como um monumento aos Potter

a uma lembrança da violência

que destruiu sua família.

Colocou o primeiro pé para dentro da casa escura e se preparou para qualquer alarme, ataque ou maldição imperdoável que pudesse vir em sua direção. Nada. Estranhou.

Entrou para o hall onde encontrou uma escada aos pedaços. A madeira velha do chão também rangia a cada passo que dava. Rony passou cuidadosamente do hall para a sala de estar. Tudo estava quebrado, mas surpreendentemente limpo o que confundiu ainda mais a cabeça do ruivo. Atravessou a sala com cuidado e passou por uma frágil porta de madeira e vidro. Se viu no que parecia a cozinha, e foi ali que ele o encontrou.

- Harry? – chamou a figura largada no chão, recostada em um balcão velho e com uma garrafa de álcool na mão. Os olhos verdes do amigo brilharam no escuro do cômodo quando ele os ergueu para Rony. – Harry! – exclamou num cochicho. – Por um acaso ficou louco? Pelo amor de Merlin! Vamos, levanta! Temos que sair daqui! Eles podem nos pegar!

Harry não deu nenhuma importância para o tom que ele usara nem mesmo para o desespero do amigo. Ele apenas arrastou o fundo da garrafa pelo chão e a levou até a boca.

- Não aqui. – disse numa voz rouca e desinteressada depois de um longo gole.

Rony já estava farto daquela atitude e até respeitava o momento difícil pelo qual Harry passava porque a dor da perda de Hermione não era só dele, mas se arriscar daquela forma era exagero.

- Harry, sei que quer se entregar, desistir da guerra. Mas vamos pensar numa maneira mais apropriada de prosseguir com isso, certo? – ele tentou um cochicho mais calmo, ainda que atento, como se tentasse convencer uma criança de que faca não é brinquedo. – Por agora seria mais sensato que você praticasse essa cena no chão da cozinha da casa dos Black, não aqui! Vamos, levante.

CIDADE DAS PEDRASOnde histórias criam vida. Descubra agora