Capítulo 35

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35. Capítulo 35

Hermione Malfoy

Acordou na manhã seguinte e havia uma rosa branca na cabeceira ao lado da cama. Estava limpa de espinhos e posta num longo frasco de vidro com água pela metade. Amarrado na boca do frasco havia uma fita fina de cetim perolado num laço muito singelo.

Hermione sabia que havia sido ele assim como sabia que todas as vezes que algum frasco de poção aparecia ali, também era ele. Draco era observador. Ele conseguia entender quando ela estava com dor de cabeça porque seu corpo exigia mais horas de sono e ela não o dava, ele conseguia ver quando ela não estava bem, quando havia algo de errado, e sem dizer nada, ele simplesmente encontrava a poção perfeita que ela precisava e deixava em sua cabeceira. Ou ele era um bom observador, o que já havia provador ser milhões de vezes, ou ela era muito expressiva.

Mas a rosa a surpreendeu. Não era o mesmo de uma poção, nada que se assemelhasse a um "tome logo esse líquido e fique melhor antes que os outros comecem a notar que você não está feliz no nosso casamento" ou "É bom que melhore logo antes que algo serio aconteça e comprometa a vida dos meus filhos". Aquela rosa era... Era uma rosa. Era... simbólico demais. Romântico demais.

Sentou-se e a tirou do frasco para tê-la em suas mãos. Conseguia sentir o cheiro da flor fresca, recém tirada da raiz, sem nem mesmo cheirá-la. Aquela rosa era a prova de que ela não estava delirando quando Draco havia a visitado na biblioteca a noite passada para dizer todas aquelas coisas loucas que mudavam o curso de muita coisa.

O que mudaria depois de todas aquelas palavras?

Ela pensou que tudo mudaria, mas não sabia como mudaria ou como seria e aquilo foi mais um dos pensamentos que se juntou aos milhões de outros que a atormentava. Demorou descer para o quarto, porque tinha receio de se encontrar com ele. Ficou grata por já vê-lo na cama, mas mesmo assim ainda pensou esperou que qualquer reação fora do comum pudesse vir da parte dele a qualquer momento, mesmo que ele já parecesse estar dormindo.

Nada de diferente aconteceu. Quando começou a mover as cobertas de seu lado da cama, a última reação que recebeu foi um murmúrio baixo e abafado da parte dele a lembrando de não esquecer de apagar as velas das penteadeiras próximo a lareira, algo que ele fazia quase todas as noites, porque em quase todas ela esquecia daquele detalhe que o incomodava.

E foi isso. Nada de diferente. Nada de anormal. Foi assim que ela tentou enfiar em sua cabeça de que estava delirando na biblioteca. Só poderia estar. Talvez ela estivesse ferida demais por causa de Draco e fora demais de seu estado racional por tudo que vinha passando, que seu cérebro estava lhe pregando peças.

Mas aquela rosa... O que aquilo significava? Qual era a pretensão dele com aquilo? O que ele queria em troca? Qual era o jogo? Seria aquilo um jogo? Poderia arriscar em acreditar que as palavras dele haviam sido verdadeiras? Ela não queria fazer papel de idiota mais uma vez, não queria se machucar novamente, não queria ser a estúpida. Ela sabia que só sofria agora porque havia sido descuidada, porque havia aberto seu coração. Não deveria nunca ter aberto seu coração. O problema era que nunca esperara conectar-se com Draco Malfoy da forma como havia. Nem em seus sonhos mais loucos no passado ela teria imaginado que uma pequena brecha poderia ter feito o que fez.

Devolveu a rosa ao frasco e tornou a deitar-se. Era cedo e talvez ele ainda estivesse em casa. Ela não queria arriscar a chance de se encontrar com ele. Não saberia como agir ou reagir a qualquer tentativa de contato dele. Mesmo que precisasse ir a Catedral, mesmo que precisasse voltar a biblioteca, mesmo que precisasse continuar sua busca atrás de respostas. Fechou os olhos. Sabia que seu corpo ficaria feliz se caso se permitisse passar o dia inteiro na cama, mas ela sabia que não conseguiria, e mesmo agora, quando se forçava a tentar conseguir pelo menos mais uma hora de descanso, ela se sentia uma covarde. Covarde por temer encarar Draco e por se permitir refugiar-se na cama.

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