Capítulo 38

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38. Capítulo 38

Lúcio Malfoy

Tinha alucinações estranhas. Tanto quando estava dormindo quanto quando estava acordado. Sua cabeça vagava perdida com o efeito das inúmeras poções que tomava por dias. Ouvira dizer de alguém que já haviam se passado mais de quatro semanas, mas ele era incapaz de medir o tempo no estado em que estava. Diversas vezes ele se via vestir a capa de sua adolescência novamente para encarar seu pai e sua mãe dizerem o quanto ele seria uma desgraça para a linhagem Malfoy se não aprendesse a se importar verdadeiramente com a família. Talvez não estivesse ficando bom logo porque tinha que lidar com a constante visita dos pais em suas alucinações.

Se tivera algo pelo qual ficara grato em sua vida, fora pela morte dos pais. Não que tivesse desejado a morte deles quando estavam vivos, mas parar de escutar o quanto era e seria incompetente no quesito carregar o sobrenome Malfoy, fora um alívio e tanto, embora a sombra da dúvida ainda o perseguisse. Dava o seu melhor. Considerava seu pai um dos maiores nomes da família Malfoy. Seus avós e os pais de seus avós foram um tanto quanto céticos com relação a família e por isso seu pai tivera que trabalhar duro para tirar os Malfoy da mesmice de duas gerações. Lúcia crescera ouvindo deles que precisava ser melhor. Precisava ser melhor que eles. Precisava fazer com que seus filhos fosse melhor que ele. Precisava fazer com que os filhos de seus filhos fossem melhor. Lúcio fazia seu melhor. Tentava não perder o foco. Tentava não perder o foco mesmo com Narcisa... Mesmo com Draco... Não podia perder o foco. Tinha que cuidar da família, da linhagem, tinha que fazer melhor. Tinha que fazer com que Draco fizesse melhor. Tinha que fazer com que fosse sempre melhor.

Podia dizer que vinha fazendo um bom trabalho até agora. Seu pai nunca diria que tinha orgulho de tudo que tinha feito até agora, simplesmente porque era seu pai. Mas ele certamente não ficaria desapontado. Draco era bem consciente do sobrenome que carregava, da responsabilidade da história que tinha que seguir e honrar. Narcisa sabia seu papel dentro de tudo aquilo e buscava dar o melhor de si. Mesmo com toda aquela confusão de achar que podia fugir de casa como uma garotinha de dez anos que se achava mal compreendida pelos pais, ela ainda assim tentava ser discreta. Ela era perfeita. Ela era a prova de que seu pai nunca errava em suas escolhas. Ninguém poderia ser uma melhor Sra. Malfoy do que ela.

Abriu os olhos percebendo que estava consciente. A ultima vez que estivera presente no mundo real em corpo alma e espírito, por completo, parecia fazer anos. Sua visão estava embaçada e seu corpo inteiro doía como se tivesse corrido uma maratona por um mês inteiro, sem descanso. Aquelas malditas balas trouxas carregavam algum tipo de magia que estava o consumindo. Ele estava começando a contar que aquele talvez pudesse ser seu fim.

- Preciso de água. – ele murmurou com a boca seca informando que havia acordado de seu cochilo para quem quer que estivesse por perto. Tentou localizar-se e viu que não havia se movido. Ainda estava em seu quarto, em sua casa, em sua cama. Talvez fosse dia, ou talvez noite. Ele não podia dizer. As cortinas estavam todas fechadas e as velas acesas.

Encontrou Narcisa não muito distante e a observou abaixar o livro que tinha nas mãos para poder encará-lo da poltrona em que estava sentada.

- Sabe que não pode beber água. – água poderia acabar atrapalhando o efeito de alguma poção que seu corpo ainda absorveria.

- Então me dê qualquer coisa líquida. – implorou aborrecido.

Narcisa descansou o livro sobre o braço da poltrona e se levantou. Buscou um frasco grande com uma poção avermelhada e deu a ele, o ajudando a levantar-se o melhor possível para virar o frasco tentando fazer com que ele bebesse algo.

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