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Está tudo tão calmo, tudo tão silencioso que apesar de já estar acordada não consigo abrir os olhos. Suspiro e passo as mãos no espaço ao meu lado. Está vazio. Onde ele está? abro os olhos rapidamente e não o vejo.

— Max?- Grito nervosa e ouço assobios vindos da janela aberta. Olho pra uma silhueta sentada de braços cruzados e ele sorri.

— Ah, por que acordou? Essa visão de você... É tão sexy.— Solta sorrindo. Levanta da janela e se aproxima. Sentando ao meu lado na cama.

Suas mãos pousam lentamente em meu rosto, fazendo um leve carinho em minhas bochechas.

—... Hum... Que horas são Max?— Pergunto coçando os olhos.

— Nossa, você deveria ficar nua mais vezes.— Diz me ignorando e descendo as mãos da minha bochecha para minha barriga.

— As horas... Preciso saber Max.— Falo já ofegante. Suas mãos deslizam entre minhas pernas subindo e descendo.

— Por quê quer saber?

Olho pra ele e arqueio as sobrancelhas. O calor intenso se esvai de mim e me preocupo.

— Pra nada... Só quero saber mesmo...— Digo descendo da cama e olhando ao redor a procura do meu celular.

— Hum... Eu já disse que você mente mal.— Reclama sorrindo. Sinto seu olhar em meu corpo enquanto procuro meu telemóvel pelo quarto.

Seu jeito descontraído me deixa louca a ponto de querer me jogar em seus braços outra vez e me deixar envolver. Está em sua calça jeans apertada e descamisado. Seus pés descalços me fazem lembrar de areia e férias. Mas ligeiramente fico nervosa. Ando até minha calça e não encontro. Pego a mesma e começo a sacudi-la, mas nada. Viro pra Max e o encaro.

— Max... Onde está meu celular?

Ele encolhe os ombros.

— E daí? Você está aqui comigo. Não deveria se preocupar com isso.— Responde de cara contorcida e com uma expressão idiota no rosto.

Jogo bruscamente a calça no chão.

— Max. É sério. Quero saber agora!

Sei que não devo-lhe culpar, mas seu olhar travesso me prova o contrario. Ele fez alguma coisa.

— Mas, por que?— Indaga desviando o olhar do meu. Deita o corpo e cruza as pernas sobre a cama. Seus movimentos são despreocupados e me irrito com isso.

— Argh. Para, isso tá me irritando Max... Eu, eu preciso do celular e agora.

Ele bufa derrotado e tira do bolso da calça o pequeno metal. Vou rapidamente em sua direção e o pego. Mas ao ligar e deslizar o dedo pela tela vejo mais de quinze ligações de Paul. São nove horas em ponto. Fecho os olhos e os abro torcendo para que a conferência das editoras não tenha terminado. Respirando fundo fuzilo Max, que olha pra mim com uma expressão culpada.

—... Max... Que merda, você fez?

Minha vontade é de lhe enfiar o celular por sua garganta e torcer para que ele morra em fração de segundos, mas deixo esse pensamento psicopata de lado.

Mantenha a calma Lia.

— Desliguei as ligações daquele otário.— Balbucia fazendo cara de nojo.

— Não, não eu... Ah... Droga.

Paul vai me matar, já posso até ouvi-lo dizer: "É parece que o profissionalismo de Lia Ross já era". E Welch em suas falas sarcásticas me perguntando o que quero pra empresa e o que penso da minha vida.

— Lia, você é a dona dele e não o contrário, você trabalha pra você...— Argumenta levantando lentamente da cama e querendo se aproximar. Me afasto e evito contato visual.

— Chega não quero saber. Vou embora agora.— Grito pegando minha calcinha, calça e as vestindo em seguida. Procuro meu sutiã e o coloco. Por cima visto minha regata. De esguelha vejo Max xingar baixinho e dar um soco na parede.

— Você precisa entender que tudo o que fiz foi por você...— Tenta se explicar, mas o interrompo:

— Por mim? Não Max, você pensou em si mesmo. Não se justifique pondo a culpa em mim.— Vou até o banheiro e faço um coque frouxo no cabelo.

— Claro que foi por você Lia... Só penso em você e já disse isso caramba. Por que não acredita?— Saio do banheiro e procuro meu sapato. O vejo embaixo da cama e o calço.

— Chega Max. Vou embora agora...— Afirmo terminando de me arrumar e virando pra porta.

— Ah mais não vai mesmo.— Rosna ficando na frente da porta impedindo que eu a abra.

Balanço a cabeça. Como ele pode?

— Sai da frente agora Max.

Unindo as mãos sobre o rosto ele suplica:

— Não. Porra, pensei que você tinha mudado, mas nada... Por que Lia?— Pergunta mais pra si do que pra mim. Algo dentro de mim me faz querer abraçá-lo. Mas me controlo.

— Para Max. Eu preciso ir. Você me fez perder tempo aqui... Que droga. Nesse momento eu deveria estar lá para conversar sobre o livro e todos os outros com as editoras...— Suspiro. Nem sequer tenho uma resposta trocista para sua pergunta.

— Ah, então eu fiz você perder tempo é isso? Ótimo.— Rebate cruzando os braços sobre o peito nu.

Reviro os olhos.

— Você tem noção do quanto está sendo ridículo?— Resmungo esfregando as têmporas com força. Não quero brigar, só quero uma solução.

Seus olhos tristes procuram os meus, mas evito lhe olhar.

— Eu ridículo? Lia eu te amo, quero passar um tempo com você. Tou cansado de ficar assim...

Engulo em seco.

— Ah, tá assim como? —Pergunto.

— Não me pergunte se sabe a resposta!— Diz com um movimento rápido de ombros.

Suas mãos sobem até sua cabeça. Ele faz um leve coçar em seu cabelo o bagunçando. Observo um "V" lhe cobrir a testa e seu nariz franzir. Mas ele não esta mais zangado que eu. Isso eu garanto.

— Desistiu?— Indaga quebrando o silêncio.

— Nunca, já mandei sair da frente.— Disparo.

— Com licença também se usa escritora.— Provoca sorrindo com desdém.

— Vai fazer diferença?

Seu polegar faz um leve roçar nos seus lábios.

— Não.— Diz ele em tom irritado.

Bufo novamente.

— Max. Eu te peço por favor, preciso ir. Prometo que conversamos depois ou não... Mas preciso.— Meu pedido faz ele respirar fundo e piscar várias vezes.

— Só me diz uma coisa, o que tem entre você e esse cretino?

Inclino minha cabeça pra trás e falo:

— Nada. Paul é só um amigo pra mim... Por que?— Sua pergunta é um tanto intimidadora, mas posso lhe responder.

— Por nada.— Franzi o cenho e abre a porta. Suas mãos seguram forte a massa neta e com um esforço eminente ele abre caminho pra mim.

— Okay.— Com o celular em mãos o jogo no bolso da calça. Viro e vejo Max olhar pro chão. Está encostado sobre a porta aberta. Seus ombros caídos e seu olhar triste me fazem ser a pior pessoa do mundo.

Te fazem não, você é a pior pessoa do mundo!— Rebate minha consciência.

Ando até a porta e viro pra ele:

— Você não vem?

Depois de um longo suspiro diz:

— Não!— Solta carrancudo. Balanço a cabeça confirmando e saio o mais rápido que posso.

Atração MalditaOnde histórias criam vida. Descubra agora