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Sou tão insignificante assim pra ela? Por que não consegue demonstrar um sentimento por mim? Será que pensa em mim ou será que nem se importa comigo?  E qual o meu problema? Tá na cara que Lia jamais se interessaria por mim a não ser apenas pelo sexo. Só pelo sexo.

As garotas no bar piscam e acenam toda hora pra mim como se seu brinquedinho sexual tivesse sido encontrado. Na verdade é bem isso que sou. "O brinquedinho da Lia". Bufo irritado e dou mais um gole do Jack Daniels. Há horas estou aqui e se lembro bem só resolvi vim pra cá, por que Lia não quis ficar comigo. Não me escolheu.

Sou tão inútil pra ela afinal?

— Olá gato! — Intervém uma loira saindo da roda de amigas que sorriam pra mim e sentando na cadeira a minha frente.

Reviro os olhos sem interesse.

Quero lhe mandar sair e brigar com ela, expulsá-la a ponta pés por estar se jogando pra mim dessa forma, mas minha sensatez e meu auto controle não deixam, então me limito a abrir um meio riso pra ela que sorri de orelha a orelha.

— E então qual o nome desse gato solitário?— Pergunta mordendo o lábio inferior.

Gato solitário? Era só o que me faltava, ser alvo de gozação.

— Max.— Respondo a contra gosto e desvio o olhar dela voltando a dar mais um gole da bebida.

Nunca bebi tanto como hoje, até quando tive dificuldades econômicas entrei no mundo obscuro do álcool, mas como hoje? virou novidade. Sempre bebia com moderação e quando chegava em casa dona Lucy nem notava. Me sentia um completo idiota por mentir pra ela dizendo que estava na casa de um amigo estudando e como a mãe que era ela acreditava. Felizmente beber não era meu forte sempre me sentia tonto depois de uma ou duas garrafas de cerveja, eu era meramente um sem noção, um daqueles caras que sabe que se beber vai rir igual um imbecil a noite toda e que apesar de saber insiste em encher a cara. Realmente hoje estou de parabéns.

— Hum... Seu nome me excita sabia?— Geme passando as mãos por cima do vestido preto, pelos seios. Respiro fundo.

Meu nome?

— Que pena.— Falo sério e ela pisca incrédula parando de se tocar para me encarar.

Pena... Por que?

Me sinto um inútil por ter dito isso, então apenas balanço a cabeça.

— Esquece!— Dou de ombros.

Ainda a sorrir ela levanta, dá a volta na mesa e joga as pernas em cada lado da minha cintura de forma que me deixa preso a seu corpo. Fico imóvel a observando. Ela senta em minha perna e aproxima a boca da minha orelha, sussurrando:

— Não preciso dizer a você o que quero. Seu jeito me deixa mais que molhada.

Engulo em seco. Qualquer cara no meu lugar não pensaria duas vezes e levaria essa garota pra qualquer lugar ou até aqui mesmo e transaria loucamente com ela até sentir as pernas tremerem. E admito ela é bonita, suas coxas não muito grossas grudam nas minhas, sua pele branca deixa o ar abafado e cheio de desejo... Seus olhos negros e sua boca vermelha deixariam qualquer homem de pau duro, mas o motivo que tenho em minha mente me faz recuar.

— Saia de cima de mim, agora!— Esbravejo a olhando feio.

Ela ri maliciosamente pra mim.

—... Nossa, tão malvado... Amo homens assim.— Murmura mordendo o lóbulo da minha orelha.

Quero mandá-la parar e dizer que me deixe em paz que não estou afim de uma "rapidinha" sem compromisso. Não agora. Mas dentro da cabeça de um homem que tem uma mulher sedutora em suas pernas fica difícil raciocinar, difícil não... Impossível. Aperto a boca e a deixo tentar me fazer esquecer dela. Da Lia.

Ao ver que não tento lhe parar ela continua e dessa vez aproveita para descer a língua por meu pescoço, sugando ligeiramente a pele. Fecho os olhos e me concentro no prazer que isso faz. O sorriso dela se aumenta e logo sinto seus dentes cravarem minha carne, um arrepio corre por meu corpo e sou levado pra onde não queria. Para os momentos com LiaAquele sorriso não sai da minha cabeça, Lia tem um jeito de deixar qualquer homem maluco, seus beijos lentos e intensos são minha perdição. Seu corpo nu provoca em mim os mais variados delírios que alguém poderia ter. E a intensidade do seu olhar quando me toca... Quando me deixa maluco, excitado por aquele corpo... Meu Deus aquele corpo. Eu poderia passar vinte e quatro horas na cama com ela e ainda sim me sentiria irritantemente duro. Amo o que ela faz comigo, gosto de quando quer me dominar e quando luta pra mentir pra mim... Quando fica vermelha só de me ver sem camisa... Oh, Lia... Quero você...

— Quem é Lia?— Dispara a garota em cima de mim parando os beijos.

Abro os olhos confuso e nos encaramos.

— O que?

Seu rosto fica sério e percebo que sem querer chamei Lia por alto. Droga.

— Você chamava Lia... Quem é?

Afinal por que ela quer saber?

—Hum... Eu...— Balbucio piscando e a empurrando de cima de mim.— Mandei sair.

Ela abre a boca em protesto:

— Mas, você não gostou?

Impaciente tento ser o mais carinhoso possível.

—... Sim, mas preciso voltar.

Mordendo novamente o lábio inferior ela passa o indicador por meus lábios.

— Voltar... Voltar pra onde?

— Pra ela!— Solto entre dentes e ela me fuzila com o olhar.

— Pra essa vagabunda que você chamava?

Fecho o punho e levanto da cadeira fazendo ela ficar em pé e quase cair pra trás.

Porra, nunca fale dela ouviu? Agora saia!— Grito de maxilar tenso.

Ela não pode falar dela. Não da Lia. Não quando nem a conhece.

As pessoas ao redor não parecem notar, presas em seu mundo de loucura. Mas as amigas da garota a minha frente nos observam com atenção.

— Oh- Me desculpe... Eu...— Suplica aos gritos, mas me afasto dela antes que se aproxime de mim ou que algumas de suas amigas faça isso.

Sinto muito querida, mas sua noite de sexo não será hoje. Não comigo.

Lá fora uma chuva forte me prende e sem me importar apenas mergulho na escuridão da cidade, depressa as lojas se fecham e as ruas que antes estavam movimentadas encontram-se em um completo silêncio. Que ironia excessiva, agora o "gato solitário" realmente está solitário e a noite se encaminha disso. Preciso sair daqui. Não por que não gosto do lugar e nem por que a garota não faz o meu tipo e sim por que preciso dela. Quero ela. Preciso tanto que chega doer.

Lia, o que fez comigo?

Atração MalditaOnde histórias criam vida. Descubra agora