Atração Maldita

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— Oh Ross, alguém já te disse que você fica ainda mais linda de jeans?— Indaga Lorenzo sorrindo enquanto saio do elevador. Abro um riso pra ele e o abraço rapidamente.

— Obrigada Lorenzo.— Ele sorri e beija minha testa.

— Nada de obrigada moça. Você tá de parar o trânsito!— Suspira com cara de apaixonado e sorrimos. Sei que ele jamais se apaixonaria por mim. Já que está de casamento marcado com seu noivo Alexandro.

Andamos lado a lado e ele joga seus braços sobre meus ombros.

— A propósito, quando vier novamente pra WAM, trás o gatão... Por favor.— Sugere entre risos.

Seu comentário sobre Max me deixa sem jeito, mas sorrimos um pro outro. Não sei se Max ainda está com raiva de mim. Até por que depois daquela briga ainda não tive tempo de voltar pra casa. Espero que ele tenha voltado. Ou minha preocupação se aumentará ainda mais.

— Oiii, tá pensando em quem?— Pergunta abanando meu rosto. Pisco algumas vezes.

— Hã... Não, em ninguém...

Ele pigarreia e cutuca meu braço.

— Sei, conheço esse sorriso bobo garota e você não me enganhe não viu. Beijos... Boa sorte, em aturar o demônio.— Avisa me deixando em minha sala.

Acenamos um pro outro e vejo Sandy em seu habitual coque perfeito, seu vestido azul decotado e sua maquiagem que parece ser retocada de cinco a cinco segundos. Ao me ver ela levanta da sua mesa e faz reverência.

— Ai Sandy, já falei sem formalidades comigo.— Digo segurando a porta.

— Desculpa Senhorita Ross...— Se desculpa voltando a sentar-se.

Vou até minha mesa e sinto seu olhar em mim. Dou a volta e sento-me na cadeira giratória. Mas ao voltar meu olhar pra Sandy a vejo boquiaberta.

— Tudo bem Sandy?

Seu sorriso de orelha a orelha surge.

—... Desculpe-me, mas é a primeira vez que a olho de calça...

Suspiro tímida.

— Acredite Sandy pra mim também é uma surpresa.

— Pois para mim nem tanto, a Senhorita fica incrível de qualquer jeito e de jeans ainda mais.— Sorrimos uma pra outra. Pelo menos assim consigo tirar Max da cabeça. Max. O que ele está fazendo?

As horas passam e faço alguns manuscritos com a ajuda de Sandy. Até que a porta se abre e um Paul de testa franzida entra— Seu suéter preto e sua calça social também preta, deixam qualquer um intimidado.

— Ross... Eu não sabia que estava aqui.— Diz fechando a porta atrás de si e olhando de mim pra Sandy. Depois seu olhar paira em mim.

Sandy se encolhe e abaixa a cabeça. Fico confusa. Entendo que todos aqui não suportam Paul, mas a forma como ela fica, me intriga.

— E então por que não compareceu a conferência? — Intervém Paul se colocando na frente de Sandy e cobrindo minha visão sobre ela.

Pisco algumas vezes e o fito séria.

— Bem... Me atrasei desculpe-me.

Passo as mãos por uma das gavetas e retiro um portfólio.

— Hum... Lia Ross se atrasando. Está ouvindo isso Sandy? Sua chefe se atrasando.— Brinca passando as mãos pelo cabelo arrumado.

Ela sorri fraco e confirma nervosa. Engulo em seco. Tem algo errado no ar.

— Não sou perfeita Paul. Atrasos acontecem... Mas mudando de assunto como foi a conferência?— Abro o portfólio e passo os dedos a procura de outros manuscritos que com empenho faço sempre que possível .

— Como sempre, muitos livros... Conversa fiada e toda aquela barganha de como "fornecer melhores investimentos a clientela". Nada do que você não saiba.— Comenta bufando e sentando-se na cadeira ao seu lado.

Tento ignorar as mãos trêmulas de Sandy sobre seu laptop enquanto ela escreve os manuscritos. Mas fica impossível Será algum ataque ou surto? Ou talvez doença? Sim. Pode ser doença. Os jovens de hoje são sempre tão vulneráveis.

— E Max?— Interrompe Paul, mas uma vez me fazendo desviar os olhos de Sandy.

Max? Por que está perguntando por ele? E por que pra mim?

— Deve está em casa... Por que?— Nossos olhos se cruzam e ele desvia os seus olhando pras mãos.

—... Por nada, só queria saber... Ele não apareceu mais, pensei que talvez não estivesse mais "morando de favor" em sua casa.— Diz entre dentes e posso ver seu esforço pra não fazer careta.

Deixo o portfólio na mesa e coloco os braços sobre a mesa. Apoiando meu rosto nas mãos.

— Ele não está "morando de favor" em minha casa. O considero um membro da família e ele pode ficar o tempo que desejar!— Rosno tentando não gritar, mas fica impossível não ver que fiquei irritada.

Sandy desvia o olhar do laptop e me analisa do canto dos olhos.

— Ei, calma Ross. Só perguntei...— Fala entortando a boca e levantando os braços em rendição.

É visível sua raiva por Max. E posso vê-lo de punho fechado.

— Se era só isso Paul... Peço que se retire. Tenho tarefas a cumprir.— Esbravejo levantando da cadeira e indo até as estantes do lado. Pego um de meus livros e o coloco na mesa. Sentando-me em seguida na cadeira.

— Claro... Desculpe-lhe incomodar Ross... Até mais Sandy.— Murmura andando até a porta e a olhando intensamente. Ela levanta o olhar e assente tristemente.

Depois de alguns segundos olhando pra Sandy ele decide sair. Não tenho nada contra o envolvimento deles dois, mas também não tenho nada a favor. Não considero Paul o melhor homem do mundo. Sei muito bem seu jeito de viver e de como tratar as mulheres com quem se relaciona. "Pegar e jogar fora" é seu lema. Não quero Sandy envolvida nisso. Ela não merece. Abro uma das páginas do livro, tiro um marcador da gaveta o colocando na página desejada e viro lentamente pra Sandy.

— Sandy, está tudo bem?

Após um longo suspiro diz:

— Sim. Sim Senhorita...

Balanço a cabeça. Ela está mentindo pra mim. Levanto da cadeira e vou a passos pequenos em sua direção. Puxo uma cadeira da parede e resolvo sentar.

— Sandy. Vi como ficou intimidada com a presença de Paul e eu...

Tento falar, mas ela me interrompe:

— Não é nada Senhorita Ross... Só minha cabeça que está doendo um pouco, mas já, já passa. Não se preocupe... Isso sempre acontece comigo.— Murmura digitando mais palavras no laptop.

Levo minha mão até a sua e aperto devagar. Ela para de digitar e me olha hesitante.

— Não seja por isso. Deixe que eu termino o trabalho e vá pra casa... O período de escravidão já passou faz tempo. E você não é qualquer secretária. É minha amiga.— Ela ri baixinho.

— Muito obrigada, mas não precisa senhorita eu...

Bufo sorrindo.

— Sandy isso não é um pedido. É uma ordem. Já pra casa mocinha. — Ordeno levantando e dando a volta em sua mesa. Ela levanta e eu a abraço.

— Muito obrigada Senhorita Ross.— Diz me dando um beijo na bochecha. E pegando sua bolsa de colo.

— Não tenho nada pra fazer hoje mesmo e sinceramente minha irmã já me disse que não está doente e sim grávida. — Lembro de Livana. Com certeza Max deve está do seu lado. Assim espero.

— Tudo bem então... Deixarei o laptop, qualquer coisa me ligue... Boa sorte.— Comenta sorrindo. Acenamos uma pra outra e ela sai em silêncio.

Só espero poder fazer isso antes da hora do almoço. Não lembro de ter comido nada. Desde a hora que sai do hotel e deixei Max... Max. Max. Sempre Max. Não consigo parar de pensar nesse garoto. O que estará fazendo? Será que devo-lhe ligar? Ou pra Livana? Pensando bem é melhor eu começar meu trabalho ou minha barriga vazia não vai me deixar em paz.