• 05 • Não te esqueceras?

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  O dia havia amanhecido lindo, a brisa era fresca, o sol majestoso e poucas nuvens manchavam o longínquo céu azul anil. Lucy estava sobre a janela de seu quarto, pensando consigo o por que de nunca reparar nessas coisas simples que lhe apresentava a vida. Se o dia estivesse lindo ela apenas descia as escadas e ia para o jardim, mas se chovesse ela também o fazia. Por quê nunca se importara antes? Algo esquisito sucedia.  Que diabos fazia ali na janela feito uma tola? Deveria vestir-se e descer para tomar café, podia ouvir os protestos de seu estômago. A fome lhe fazia falhar a cabeça e o juízo.
   Após comer suficientemente bem, Lucy estava à sala azul a mandado de sua mãe, que não permitiu que pintasse sobre o ar puro, mas sim, reunido à ela e a Annie.
  Lucy  inclinou sua mão enquanto desenhava a silueta de um homem. Não passava de um borrão preto, com olhos curiosamente escuro, talvez pretos ou castanhos. Ela não podia discenir, apenas afirmar sua escuridão. O nariz extreito e uma boca bem desenhada. Seu sorriso debochado...

— Lucy! Estou falando com vós!

Ela piscou algumas vezes notando que havia submergido em sua imaginação. Sobre a tela havia apenas um borrão escuro e nada do que imaginara do tal homem estava desenhada ali, nenhuma de suas características, como seu volumoso cabelo escuro.

— Perdoe-me mamãe, estava pensando em que deveria pintar.  — murmurou pensativa.

— Já tentaste pintar algo realístico? Como nosso retrato? — sugeriu entusiasmada Annie.

— Não possuo esta técnica, minhas pinturas são apenas uma coisa que uso para passar o tempo. Levam um toque de fantasia... Parecem sonhos, desenho meus sonhos. Não passam de borrões...  — concluiu mergulhando a ponta de seu pincel sobre o verde.

— Que pena. Não desejas aprimorarte?

— Não, nunca deejei-o...  Pinto quando tudo me cansa e me estressa. Não é rotineiro, não quero enfadarme com algo que me satisfaz.

Annie olhou para a sogra e levantou lentamente os ombros. Lucy parecia divagar ao pintar, era estranho vindo dela. Até as respostas que lhe dava eram.

— Está é a maneira que Lucy se concentra. Ela isola-se em sua mente esquecendo-se de todos ao seu redor.  — lhe explicou Sarah. Já estava habituada ao comportamento da filha quando pintava — Como fora o baile? Só agora pude perguntar.

Annie apertou forte sua xícara tentando não se alterar. Ainda lembrava das palavras de seu esposo "Jamais diga a mamãe o que ocorrera. Se irritará se descobrir que nós dois não somos capazes de conter  Lucy".
  O que ela poderia esperar? Não imaginou que Lucy iria aos jardins em vez de ir ao banheiro como informara à ela e a suas amigas. Em alto e boa dicção.
 

— Muito agradável. Me encantou ir sendo casada. Um alívio imenso saber que não estou no lugar de nenhuma ali.

— Como no meu lugar, você quis dizer Annie. — interviu Lucy.

— Não casar-se pode ser uma desgraça. — deixou claro Sarah.

— Ah, sim. Sou grata por ter Reuben, por ter me casado...  Isso é tão reconfortante, me sinto aliviada.

— Em seu debut já sentiu náuseas Annie? Sinto toda vez que piso na porta do salão.

— É apenas o nervosismo querida. Reuben me contara seu temor em casar-se. Não se preocupe. Se dançar com todos, poderá conhecê-los e assim escolher perfeitamente alguém que lhe agrade.

Lucy forçou sua mandíbula. Reuben não passava de um traidor. Contou seus temores para Annie e agora sua mãe também o conhecia.

— Temes ao matrimônio? Mas por que? Por que não me dissera?

O Destino de Lord Simmons Onde histórias criam vida. Descubra agora