• 02 • Baile

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A carruagem parou e Lord Hammond desceu estendendo a mão para que sua amada irmã fizesse o mesmo. A mão escondida por uma luva pousou e apertou forte a do visconde que rolou os olhos e ralhou com a maneira que a irmã descera da carruagem.

—Mamãe me informara que lhe prometera comportar-te bem! Um dia romperás uma perna por esses seus pulos. —Olhou para os lados notando que ninguém presenciara a atitude imprópria de sua irmã.

—Esse vestido... Não posso mexer-me muito. Sinto que romperá a qualquer momento. Porque teria de ser verde?

Reuben lhe conduziu com graça até o Hall. —De acordo com minhas lembranças te encanta o verde e o azul.

Com a pequena iluminação ela olhou de soslaio para o irmão que estava portando-se como um perfeito Londrino. Podia ver muito bem seu pescoço ereto como de um poste e seu nariz parecia uma espada de esgrima cortando o caminho que tomava. Demônios! Não parecia o menino que se reunia furtivamente ao seu quarto para disputar quem fazia as caretas mais horrendas ou contava as histórias mais assustadoras.

—Sempre te agradara o verde e o azul por serem cores masculinas? — sorriu atrevido sem olhar para a irmã, mas ela podia vê-lo, principalmente o sorriso de diversão que carregava. Era um atrevido ainda, só o escondia muito bem.

—Sabes que o verde destaca meus olhos. E a ti lhe agrada o azul porque não herdar-te os olhos de mamãe igual a mim e a Callum.

—A Annie lhe agrada meus olhos café, ela diz que brilham e reluzem na luz como ouro. A Bethany lhe sucedeu a mesma sorte. Possuímos os mesmos olhos que papai. O que poderia ser melhor que possuir e carregar uma recordação dele?

—Ah, Reuben. Ganhas em nossas conversas porque ousas apelar para nossas lembranças. Sabes que contra isso nada posso argumentar.

—E sabes que verde lhe cai perfeitamente bem e que por isso o usas. É parte da sedução para traçar um marido, querida. —disse zombeteiro fazendo Lucy revirar os olhos.

—Preferia caçar um vampiro e ser mordida por tal criatura encantadora.

—Encantadora? —parou virando-se para a irmã. Ambos chegaram á entrada do salão.—Tanto quanto o "Jack, calcanhar de mola"? —sorriu gradativamente.

—Acredito que um vampiro seja mais agradável. Não desejo ter meu ventre marcado por Jack.

—Então não se aflinja querida irmã, Jack surgiu e desapareceu á dois anos atrás. E é noite, talvez alguém aqui seja um vampiro. Eles não amam a escuridão e odeiam o dia? Para sua satisfação é noite querida.

—Não sabe como suas palavras me confortam. Quem sabe não me ponho de frente com a sorte de ser sugada até a morte nesse mesmo baile? Assim a criatura adorável irá me poupar de ter de comparecer a outro evento deste.

—Desisto de tentar lhe mostrar o lado bom. Só se divertirás se desejares Lucy. Então, faça-o. Não lhe molestará em nada. Dance a vontade e não coma muito. —Se aproximou para cochichar. — Mamãe pediu para lhe guardarem comida em casa para quando chegares. Pronta para presenciar seu primeiro baile?

—Não. —falou com sinceridade tocando seu colar que ficava um pouco acima de seu decote.

—Ótimo. Então vamos. —Ignorou sua resposta conduzindo-a para atravessar as grandes portas de entrada e, lentamente, sem pressa e com graça, desceu as escadas obrigando-a a fazer o mesmo.

—Pelas molas do calcanhar de Jack... Estão todos vidrados em nós. —Murmurou tocando mais uma vez seu colar, era de ouro cravejado com esmeraldas.

—Olhando para nós ou para Alicia, a loira que está a nossa frente? Tire a mão de vosso colo. —lhe advertiu.

Lucy olhou para a jovem de azul, acompanhada por uma mulher mais velha que deveria ser sua mãe e por outro jovem. Ambos possuíam cabelos loiros como os raios do sol e, quando passou por eles, que pararam para cumprimentar alguém perto a grande escada de entrada, notou o quanto seus olhos eram espantosamente azuis. Faziam um casal de irmãos perfeitos. Eram escandalosamente lindos. Pelos passos de seu irmão, vagarosos como sempre, ela avaliou todo o grande salão e as damas que se encontravam também ali. Todas eram verdadeiras beldades com seus vestidos finos e joias caras. Antes não queria estar ali pela vontade se ausentar, por um desejo e uma recusa á necessidade espalhafatosa de se por a uma vitrine e tudo por causa de um marido que talvez odiasse por toda sua vida, mas agora... sentia-se pequena no meio de tantas belas damas da sociedade. Ela era apenas uma jovem de 19 anos, com cabelos loiros escuros e apagados. Magra sem grandes atributos como uma jovem que vira, ela tinha grandes... Como poderia dizer? Grandes partes da frente... Os seus pareciam sementes comparados aos dela. Não carregava chamativos olhos azuis, nem cabelos de ouro. Não havia nada de especial nela, não poderia ser designada como uma beleza ímpar.

O Destino de Lord Simmons Onde histórias criam vida. Descubra agora