• 08 • O Duque Vampiro

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[Gazeta Londres]

O Duque Vampiro

O duque necessitava casar-se e para ele não havia nada mais comum que tal acontecimento, afinal, não lhe era possível contar nos dedos quantas vezes o fizera, possuía mais de seis séculos de existência e ter uma esposa era como trocar de roupa.
  Diego então escolheu sua vítima, precisaria apenas ir a um baile, hipnotizar a mais bela jovem e casar-se com ela. Nada impossível para um duque, dirá então para um duque vampiro. E ele então casou-se com a mais bela da temporada. Rebecca era pura, submissa e um belo jantar. O que mais Diego desejaria?
  Todas as noites, Rebecca asiava-se, vestia-se e ia para sua cama ter sonhos sangrentos. Ela podia ouvir gritos, sentir uma aflição e cheiro de morte. Bastava deitar-se sobre seus finos e sedosos lençóis que seu sono lhe fazia cair em algo profundo e aterrorizante. Sempre despertava suada e aflita e, todas as vezes seu esposo estava ali para lhe acalentar. Mas não conseguia encontrar tranquilidade em seus braços, a aflição parecia evaporar de cada recanto daquele castelo macabro. E, Diego não lhe dava calor, ele era rijo e frio com porcelana. Parecia alguém morto e não podia evitar tremer a cada vez que despertava de seus terríveis sonhos. Sentia uma pequena dor aguda em seu pescoço e o tocava, mas lá não possuía nada. Seu esposo sempre lhe perguntava o que sentia ali, mas Rebecca negava com a cabeça e com seus lábios lhe avisava não ser nada demais. Que nada lhe passava e o abraçava forte tentando espantar seus temores.
  Com o passar das semanas a duquesa se sentia mais vigiada, mais observada e mais perseguida que o normal. Sempre se pegava correndo pelos  corredores como fazia em seus pesadelos noturnos. Havia algo na escuridão, algo que lhe daria seu fim e ela podia sentir. Seu pranto de pavor era consolado pelo duque que permanecia frio lhe dizendo que não passava nada e que não permitia sua saída do castelo, pois, não parecia lucida o suficiente. Era melhor repousar e comer. E Rebecca chorava todas as noites, se negava a juntar suas pálpebras, mas quando os ponteiros do relógio se encontravam seu corpo lhe desobedecia e dormia. Esse momento era quando Diego entrava em seu quarto, lhe observava repousar e sentava-se na beirada da cama da duquesa para jantar. Ele a fazia sentar-se ainda dormindo e lhe mordia o pescoço sugando a quantidade  necessária para não acabar com seu pote de sangue ambulante. Mas, depois de tantos meses sofrendo sozinha, pela primeira vez Rebecca conseguiu acordar no meio do jantar de seu querido esposo e gritou sendo esprimida por sua incrível força. Ele a segurou para que não fugira e a duquesa deu seu último grito. Um grito atormentado, um grito agudo que cortou a madrugada silenciosa daquele terrível castelo. Diego lhe sorveu até à última gota de sangue, pois ela conseguira despertar de seu hipnotismo. Ja não lhe serviria. Ele a matou sem qualquer empatia pelos dois anos que viveram juntos e para todos sua morte fora misteriosa, mas Diego sabia onde estava seu corpo. Ele daria a sua finada esposa apenas dois anos de seu luto e assim que a temporada do terceiro ano iniciasse, ele apareceria nos salões em busca de uma nova esposa e, enquanto não a encontrasse visitaria os leitos das casas pela madrugada.
  Hoje não sabemos se dormimos ou estamos hipnotizados. É algo ao qual devemos nos atentar antes de deitarmos sobre os lençóis. O duque vampiro pode nos visitar ao primeiro badalar do relógio.

   
                             —Lord Simmons

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