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Como se o mundo fosse uma azeitona e sua cabeça o prato á qual a mesma rodasse por suas beiradas em velocidade constante. Um pequeno enjôo é um sentimento de desespero que corria por cada fibra de seu corpo. Pegadas retumbavam em sua cabeça, assim como vozes longínquas carregadas de ecos tentavam lhe convencer de que nada ali era real. Inclusive o lugar escuro que dava rodopios ao seu redor impedindo-lhe de ver a figura que tentava segurar a atenção de seus olhos.
Salivou e só assim pode perceber que algo oprimia-lhe por ali, impedido o falar. Deixando-lhe um gosto de fel.
Tentou olhar para baixo, uma e duas vezes. Apertando seus olhos. O mundo ao seu redor deveria estar tão parado quanto ela estava. Amarrada á uma coluna de madeira velha, frágil, suja e fraca. Mas ele não estava.

-Conseguistes enganar todos muito bem. Como fui tola... De princípio fui tola... Mas depois... Depois fingi sofrer demência e então comecei com meu plano. Diga-me algo Lorde Simmons.. -soltou uma risada abafada. -Sei que teu dom é escrever... Mas acredito que deves falar tão bem quanto escreves.... -se inclinou e com a ponta do indicador fizera Lucy erguer a cabeça. -que insensatez a minha... Tu não podes falar nada...

Carregada de um sorriso demoníaco e perturbador, Georgina deu às costas á Lucy e começou á dar passos ao seu redor.

-A primeira coisa que farei contigo é... -tirou um grande de alicate de seu bolso. -cortar á ponta de vossos dedos, um por um... para que nunca mais venha a escrever tuas asneiras... E o sangue que pingar de vossos dedos eu o beberei...

Se virou voltando a encarar a figura magrela que estava amarrada aquela madeira. Tão frágil... -Fora tão fácil te raptar... Pobre de teu cocheiro, agora está a descansar em paz e logo tu lhe fará companhia....

Nesse momento uma lágrima solitária rolou sobre a bochecha de Lucy caindo ao chão. Ela só conseguia pensar em Dominic e no quanto o amava. Céus... Não compreendia... Não achava prazer mais em ser Lorde Simmons, queria apenas seu marido. Estar nos braços de seu marido. E foi pensando nele que grunhiu de dor, um dor tão profunda vinda de seu coração que ultrapassaram as paredes daquele porão. Georgina lhe arrancara uma unha e com o alicate que possuía em suas mãos. Não queria morrer, mas estava tão fraca, parecia não poder comandar seu próprio corpo. Morreria no porão de Lady Farriet. Uma das mulheres que escreveu na coluna de um jornal carregando um pseudônimo. Escreveu verdades que á sociedade ignorava ou não via. Verdades que fluíam de susurros á sussurros e, neles continuavam. Ela fora a única a ter coragem e sua coragem agora lhe levava á morte. Era tão jovem e acabara de realizar seu único sonho oculto. Casou-se e com o homem á qual amava. Não queria morrer, porém, estava morrendo. Sentir-se morrer... Em realidade, parecia não sentir mais nada... Apenas gritos e mais gritos...

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